Destaque no Salgueiro, Karen Porfiro diz: “Me identifico com a história do primeiro palhaço negro do país”

*Por Domênica Soares

A mineira de Timóteo, Karen Porfiro atualmente mora em São Paulo, mas está com frequência no Rio de Janeiro. Apesar da rotina puxada da ponte aérea, a artista veio com tudo para sua estreia na maior festa de carnaval do mundo. Karen explica que já viveu um pouco dessa emoção em 2019, quando foi madrinha da escola de samba Colibri na cidade de Alvinópolis, em Minas Gerais, mas que agora sabe que a proporção foi muito maior “Estou entre os meus trabalhos e o Salgueiro. É lindo de se ver. Eu já tinha visitado a escola em 2014 em um projeto que fiz com meus amigos do Programa Raça Mundi /MG. Na época o enredo era sobre a culinária Mineira. Eu como Miss Minas Gerais, daquele ano, vim cobrir as entrevistas. E foi maravilhoso de ver a energia dos ensaios. Hoje, ainda fico babando na energia e na beleza do povo. E acima de tudo uma grande equipe trabalhando junta pelo lindo espetáculo”. 

A miss irá desfilar pela primeira vez no carnaval carioca (Foto: Marcio Farias)

Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, a artista conta que o convite surgiu a partir do empresário Alson Fernandes, um grande parceiro que soube que a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro estava convidando artistas que tinham identificação com a história do enredo. O enredo reverencia o palhaço Benjamin de Oliveira, que completaria 150 anos no próximo ano, e foi um artista, compositor, cantor, ator e palhaço de circo brasileiro. Ele é mais conhecido por ser o primeiro palhaço negro do Brasil. Além de ser o idealizador e criador do primeiro circo-teatro. E, depois que soube disso, Karen se apaixonou pela ideia por vários motivos mais. Sempre achou mágico os desfiles das escolas de samba, que assistia na TV desde sua infância e quando conheceu o enredo se identificou muito com a história que fala sobre o artista. “Eu, também como artista, negra, a primeira miss negra a ganhar o concurso no estado de Minas Gerais, a segunda miss negra a representar o estado de São Paulo, também sou natural do interior de Minas Gerais assim como Benjamin de Oliveira, o homenageado da escola. Poder representar um conterrâneo, que tem a história parecida com a minha, que saiu do interior e foi para as capitais do país para construir a carreira de artista em um mundo que o negro ainda é “novidade” não tem preço”.

A miss frisa que não pensou duas vezes, cancelou uma viagem que estava marcada, e pediu que sua empresária entrasse em contato com a escola. “Paulo Barros gostou muito da minha trajetória e me convidou para ser integrante do carro abre alas”, pontua.

A atriz diz que tem objetivos de fazer novelas e trabalhar na TV (Foto: AF Assessoria/ Divulgação)

A artista multifacetada diz que começou sua carreira ganhando como miss em sua cidade, Timóteo, em Minas Gerais e desde então vem trilhando sua trajetória no teatro e na moda até chegar em São Paulo, onde consegue viver da sua arte. “Já fiz vários comerciais de TV para marcas como O Boticário, Oi, Danone, Marisa, Mastercard entre outras. Sou embaixadora da marca Bio Extratus, há 6 anos, parceiros, trilhando juntos uma história de cuidados com os cabelos, através também da minha palestra onde eu falo sobre a liberdade da mulher em uma sociedade que tenta nos impor padrões”. Além disso, dispara que nas redes sociais dá dicas de beleza e mostra o dia a dia de sua trajetória de vida mas que atualmente está aproveitando suas idas ao Rio de Janeiro para também movimentar sua carreira, explicando que tem o objetivo de fazer filmes e novelas. 

Karen Porfiro fala sobre novos rumos da carreira (Foto: Marcio Farias)

Sobre o que o carnaval representa em sua vida, ela comenta que fica feliz em saber que, mesmo diante da situação atual do país, principalmente no quesito econômico, ainda conseguimos manter as culturas ativas. Permanecer em eventos como carnaval, que olhando de fora é uma festa, curtição e comemoração, mas olhando de dentro é história, educação, desenvolvimento, trabalho e claro alegria. “Cultura como o teatro, a música o cinema e outros, que em cada ponto do Brasil ainda consegue se manter com o seu jeitinho. Esse nosso jeitinho brasileiro que cria, se reinventa e tem a criatividade de fazer acontecer. Porque a arte ensina, a arte cura, a arte movimenta também a economia. Precisamos continuar com foco e fé. Porque a cultura também é essencial para o desenvolvimento humano”, conclui.