Depois de longa temporada no teatro, Fausto Fawcett se prepara para lançar livro e dois filmes: “Temos a perspectiva de Katia Flavia ir para os cinemas”


Presente em diversas vertentes das artes, o autor, escritor, compositor e ator avalia a crise como um novo expoente para aguçar a criatividade: “Esses momentos são bastante excitantes, instigantes e inspiradores para falar de tudo”

Inquieto, criativo e muito inteligente. Fausto Fawcett é definitivamente um dos sinônimo da palavra transgressão. Tudo o que o multifacetado artista se propõe a fazer acaba virando hit entre os dez mais de seja de lá qual for a categoria. Afinal, além de compositor, ele ainda transita facilmente como jornalista, autor teatral, escritor de ficção científica e ator. Ufa! Fausto é tão literário que até seu sobrenome, que na real é Borel Cardoso, vem em homenagem à atriz norte-americana Farrah Fawcett. Depois de passar um ano inteirinho dedicado à adaptação da peça “Salomé”, de Oscar Wilde, ele volta em 2017 ao mundo da literatura e da música com força total. Em entrevista exclusiva ao HT, ele adiantou os projetos para o ano que acaba de iniciar.

Após temporada de teatral, Fausto Fawcett lança livro e filme (Foto: Divulgação)

Após temporada de teatral, Fausto Fawcett lança livro e filme (Foto: Divulgação)

“Nesse ano que passou eu me dediquei bastante ao teatro com a Companhia do Urubu e agora pretendo dar mais atenção à literatura. Estamos finalizando o roteiro do livro ‘Faveloste’, que vai virar filme. É um texto muito atual sobre as tendências sociais advindas das exigências da atualidade movida pela voracidade dos mercados políticos, financeiros, tecnológicos e religiosos”, destacou ele, revelando o desejo de fazer a icônica Katia Flávia se tornar filme. “Temos a perspectiva de Katia Flavia ir para os cinemas. Tem tudo para ser um hit cinematográfico. Fala-se tanto em mulher empoderada e feminismo hoje em dia… há anos ela representa isso. De uma forma charmosamente perigosa já mostrava uma força feminina que saiu dos subúrbios para a zona sul do Rio e conquistou o Brasil”, adiantou ele.

Apesar das noticias correrem à boca miúda de que a atriz Maitê Proneça seria a escolhida para o papel, Fausto desconversou e disse que a protagonista ainda é um grande mistério. “A escolha da musa ainda está em negociação. Ela foi criada tendo em mente uma mistura de Vera Fischer, Kim Basinger e Angélica, aos 30 anos. Não basta ser loura, linda e gostosa. Tem que ter personalidade forte, ser marrenta, algo a mais”, adiantou ele. Para quem ainda não sabe do que estamos falando, Katia Flávia é a personagem tema da música “Katia Flávia – A Godiva do Irajá”, que projetou Fausto para todo o Brasil, posteriormente gravada por Fernanda Abreu. “Essa personagem existiu, tirei de uma notícia de jornal. Escrevi um conto, que depois deu origem à canção”, contou ele.

Expoente no que diz respeito na gama de compositores que surgiram na verve dos anos 80, Fausto acredita que com a chegada das plataformas digitais muita coisa mudou no mercado de música. Para ele, apesar da acessibilidade, os hits estão cada vez mais descartáveis. “Teve uma grande mudança nos negócios e no modo de curtir música. Foi uma mudança bem significativa. Até os ano 90 e comecinho dos 2000, antes de ter rede sociais, a gente chegava na rua e ouvia as músicas que faziam sucesso. Existiam as paradas de sucesso. Agora, além das pessoas terem acesso a todas as composições do mundo com facilidade, a rotatividade da arte fica cada vez maior. O público enjoa muito fácil do produto. A música definitivamente se agrupou em nichos”, avaliou ele.

E, como dissemos que os trabalhos não iriam parar neste ano, Fausto Fawcett ainda se prepara para lançar o livro “Cachorrada Doente”. Sempre atento aos movimentos dos submundo, ele tira da realidade a matéria-prima de seu mais novo título. “Vou tratar de fundamentalismos no Brasil. Quero tocar no centro nervoso desse país que passa por um colapso. É só observar o que está rolando no noticiário. Vou fazer um mergulho profundo nesse sentimento de barbárie que a gente está vivendo”, entregou. E, diferentemente dos colegas de classe, ele avalia a crise como um novo expoente para aguçar a criatividade de novos artistas. Para ele, tudo se torna motivo para fazer arte. “Esses momentos são bastante excitantes, instigantes e inspiradores para falar de tudo. Não fazemos apenas entretenimento, temos também que traduzir de forma artística as questões para que haja alguma transformação” avaliou.

O artista é um eterno apaixonado pelo bairro de Copacabana (Foto: Divulgação)

O artista é um eterno apaixonado pelo bairro de Copacabana (Foto: Divulgação)