Fashionistas falam da aposentadoria de Gisele. Entidade, truque ou brilho eterno de uma mente sem lembranças?


Nos corredores da São Paulo Fashion Week, público se divide entre acreditar que a super top vai mesmo parar, mas continua na memória geral, ou se ela vira uma espécie de estrela ainda maior, que do topo do Olimpo tudo vê e influencia, abrindo espaço para novos talentos ocuparem o trono de ferro. Confira!

Se tudo que Gisele Bündchen faz desperta atenção e causa comoção, o que dizer da noite desta quarta-feira (15/4), quando a modelo mais bem paga da história finalmente se despede da passarela, emprestando seu andar felino pela última vez ao desfile da Colcci? Bom, no patamar de celebrity que atingiu, a top obviamente não vai sumir de cena, até porque ela não vai virar eremita nas Grutas de Maquiné. E a fofa vai continuar arrebatando polpudos contratos para estrelar campanhas publicitárias mundo afora, não é mesmo? Aproveitando o mote dessa aposentadoria da moça nas semanas de moda, HT deu aquela circulada esperta pelos corredores da São Paulo Fashion Week a fim de investigar o que os fashionistas pensam acerca da sua decisão em não mais desfilar. Confira!

Com aquela barba que reflete sabedoria de patriarca bíblico, o estilista Marcelo Sommer é enfático: “Mudar não muda nada. Aliás, vai mudar tudo para que tudo continue exatamente como está”, ele joga com palavras, como se fosse um Ruy Castro. Já o animadíssimo DJ Zé Pedro vaticina: “Ela está em outro nível, no padrão de celebridade master global absoluta e já não é figura constante nas passarelas há muito. Bom, a moda vai continuar a mesma, assim como o cinema continuou seguindo seu curso depois que Liz Taylor deixou de atuar. Gisele é importante na história da moda e tem seu espaço garantido, mas a continuidade do sistema é fato”. Já Ricardo Almeida, para quem ela usou memorável terninho risca de giz há muitos anos, põe uma pá de cal: “O movimento da moda é mudar”.

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Para Talytha Pugliesi, super top de carreira longeva assim como Gisele – de deixar Matusalém com inveja –, acredita que a modelo fará falta com sua presença fulgurante tanto na SPFW quanto nas passarelas internacionais, mas tem um porém: “Ela sempre será uma luz eterna que não vai se apagar, mas claro que sua ausência abre espaço para as neo belas galgarem o posto”. Vai rolar então uma disputa similar à dos personagens de “Game of Thrones” que desejam o Trono de Ferro no série da HBO? Hum, veremos…)

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

O chapeleiro Durval Sampaio já rodou o país com suas criações na base de “Bye Bye Brasil” (1980), o longa de Cacá Diegues. Tipo caixeiro viajante com espírito de personagem de Lewis Carroll. Perguntado sobre o assunto, ele tira o chapéu para Gisele, mas afirma: “Renovação é a palavra. Hora de dar a vez à outra. Ela sempre será um ícone, mas é hora de democratizar o estrelato”, manda na lata, muito mais na verve da Rainha de Copas do que do companheiro amalucado de Alice.

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Cristian Rosa (à esquerda) foi modelo até os 19 anos, sumiu cinco anos do mercado para viver outro sonho e agora retorna como filho pródigo, mas tatuado. Ele acredita em Gisele “sempre será um mito, desfilando ou não. Desses que se eternizam”. Poético. Já Juan Biolchini (centro), não pegou o auge de quando a super top desfilava a rodo, tem só 20 anos: “Isso diminui um pouco o prestígio da SPFW diante dos holofotes internacionais. Muita gente vinha aqui só para vê-la deslizar na passarela, como vai ao cinema ver ‘Velozes e Furiosos’ para manjar Vin Diesel“. Boa comparação. E Francisco Rath pensa que ela permanece como “inspiração”.

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

A irmãs Bruna e Jak Bueno são modelos e não têm idade para ter visto “O Iluminado” (The Shining, de Stanley Kubrick, 1980). Portanto, não conhecem as meninas fantasmas da história, gêmeas assim como elas. Mas, para as duas, o sumiço de Gisele será algo tão aterrorizante como o livro de Stephen King que deu origem ao longa: “Um horror! Vai fazer uma falta danada, porque ela é o poder!”, elas afirmam.

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Alexandre Veríssimo deve amar Elton John, porque senta no piano, mas leva a vida na flauta. O stylist paulistano de 21 anos sabe curtir como ninguém uma diva e, por isso, conhece a fundo marketing de prima donna: “É tudo truque. Quer apostar quanto que ela volta a desfilar depois do burburinho todo em torno disso?”, desafia, de longo tomando champanhe no teclado.

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Descobridor de Gisele, Sergio Mattos é power. E lamenta a parada da moça: “Ah, tudo muda daqui para a frente. Da mesma forma que ela modificou os padrões de beleza no final dos noventa, aposentando o visual heroin chic em prol dessa beleza solar e saudável, quem ocupar o seu posto também se encarregará de imprimir novos ares nesse mundinho”, fala com propriedade.

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Lucas Nogueira (esq), publicitário de 20 anos é do tipo que põe os óculos escuros na hora de posar e fazer carão: “Peraí, tô bem assim?!?”, pergunta, emendando: “Espero ansiosamente que novas modelos possam se tornar equivalentes ao que Gisele é hoje em dia para a moda. Mas quem?”. Já a DJ e blogger de Ribeirão Preto Joana Jordan decreta: “A moda muda, estilos mudam, tudo muda. Chega da repetição de rostos, é tempo de dar vez a alguém diferente”. Hum, diferente como ela? Lea T. e Carol Marra, o que vocês dizem?

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Bel Kiss e avó da estilista e empresária Isabela Fruguiele. Artista plástica figurativa do gênero que se autodenomina “bisavó”, ela faz uso da sabedoria da idade: “Vai fazer falta. Gisele é uma pedra fundamental na moda nacional e na percepção deste como o mundo”.

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Rodrigo Rubinho é estilista de São Paulo que curte o dolce far neiente em resorts. Ao lado de Carolina Garcia, estudante de publicidade da FMU, faz coro: “O sumiço da top será terrível. Isso pode desestabilizar a moda nacional”, alertam em pique de catástrofe.

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Thomaz Azulay e Patrick Doering são cariocas que amam a moda e fazem o Rio acontecer. E, como bons cosmopolitas, não se assustam com mudanças. Thomaz, filho do lendário Simon Azulay, da Yes, Brasil, comenta: “Já teve Veluma, Beth Lago, Vickie Schneider. São as engrenagens da moda e do sistema”. E Patrick alerta: “Ah, ela volta…”

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Blogueira do interior de São Paulo, Simone Cury (esq) pensa grande: “Gisele é diva. E divas nunca desaparecem, nem quando saem de cena. Ficam no imaginário eternamente. E ainda tem o contrato com a Chanel. Então ela pode sair do descanso a qualquer momento, não é, meu bem?”. A maquiadora Ana Paula Duzith, de Rezende (RJ), acha parecido: “Uma referência. Se aposentar das passarelas não significa ocaso. A presença continua…”

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB

Mark Lima é designer, nasceu em Newport Beach, veio para o Brasil e habita Ribeirão Preto. E curte fetiches, tipo “Magic Mike”, tanto que veio ao evento em modelito de basquete. Sei… Para ele,”A musa será sempre idolatrada, perseguida pela mídia e estará presente como uma estátua viva. Após as passarelas, Gisele será uma entidade, criatura beatificada.” Olha…

Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB