*Por Brunna Condini
O ano de 2020 já apresentou um dos maiores desafios para humanidade de cara. A pandemia do novo Coronavírus trouxe a necessidade do afastamento social na tentativa de conter a proliferação do vírus. Recomendação necessária da Organização Mundial de Saúde (OMS) e realidade assumida para a população de muitos países. O perigo é invisível, mas de contaminação concreta e acelerada. No país, segundo dados do Ministério da Saúde, no seu balanço da última terça-feira, são 2.433 casos confirmados e 57 mortes. E embora especialistas alertem que existem grupos mais vulneráveis como os idosos e portadores de doenças crônicas, todos estão expostos ao Covid-19. Aqui no Brasil, entre os famosos que tornaram pública a doença, estão Preta Gil, Fernanda Paes Leme, Gabriela Pugliese, Di Ferrero e Luisa Mell, entre outros.
Luisa e o marido, o empresário Gilberto Zaborowsky, foram detectados com o Covid-19 na segunda-feira, e estão em quarentena, mas enquanto a ativista está em isolamento em casa, o marido está internado, com pneumonia em um hospital de São Paulo. Além dos posts para dividir com seus seguidores o momento, Luisa falou com exclusividade ao site. O que tem sido emocionalmente mais difícil nesse momento? “Está tudo muito difícil, porque eu estou doente, meu marido internado e não tem melhorado. Não posso visitá-lo, ficar ao lado dele. Também não posso receber apoio da minha família, um abraço, nada”, desabafa, emocionada.
Tem conseguido utilizar algum recurso para lidar com as dificuldades emocionais do período? “É uma das coisas mais difíceis que já passei, e olha que já passei por tanta coisa. Meu Deus, não estou conseguindo dominar as dificuldades emocionais. Tento, falo com a família, os amigos. Ontem fiz uma meditação com um amigo, mas tem sido muito difícil”, diz. “Imagina, você está com uma doença, seu marido internado com a mesma doença. E o tempo todo, na TV, nos jornais, vemos o anúncio das mortes de milhares de pessoas no mundo com a mesma doença. Estou muito abalada hoje”.
Luisa tem dividido com seus seguidores nas redes as apreensões com o momento. Entre as preocupações, as atividades do Instituto Luisa Mell, que resgata, acolhe e cuida de animais em situação de abandono ou vulnerabilidade. “Estou em pânico com a situação do instituto, as doações desaceleraram e precisamos continuar o trabalho. Na verdade, a Tatá Werneck é a pessoa que eu tenho falado mais sobre isso agora, ela tem me apoiado neste sentido. Além dela amar animais desde sempre, tem me escrito todo dia. Tatá é uma pessoa incrível, além de ser essa atriz talentosa. Tem um coração gigante”, conta Luisa, reforçando o pedido para que as pessoas se cuidem e fiquem em casa, e também, que não parem de apoiar a causa animal.
Isolado em Florianópolis por conta do Coronavírus, Di Ferrero diz que passou pelo tratamento e já está recuperado, mas continua em isolamento. O cantor comenta como lidou com as dificuldades emocionais geradas pela quarentena que a doença impõe. “Já passei pelo 15o dia de isolamento e estou curado, então estou mais tranquilo. Lá no começo foi mais difícil e complicado porque ficava irritado, não conseguia dormir direito. O jeito que acabei dando foi fazer música. Até agora já fiz quatro canções”, revela. “Mas continuo me cuidando, tomando muita água, vitamina C e cuidando da minha imunidade”.
Depois de passar por tudo isso, que tipo de apelo faz? “O que eu quis passar o tempo todo para as pessoas é que precisamos manter a calma, a sanidade, para conseguirmos aprender com esse momento. Eu entendo que a situação está difícil, que todo mundo está perdendo alguma coisa, uns mais, outros menos, mas temos que manter a serenidade. Temos que nos respeitar, olhar para dentro, refletir, a gente não vai mais ser o mesmo depois disso. É o momento de nos unirmos no respeito, quanto mais fizermos isso, mais rápido vai passar e menos todo mundo vai perder”, reflete.
O cantor reforça, que embora afastado, se sente cada vez mais unido com seu público, e divide os planos: “Meu planejamento online continua forte. Nesta sexta-feira, tenho o lançamento de uma participação minha com o Selva, que é uma dupla de DJs. Depois, tenho a continuação do Sinais Sessions, que tem o lançamento de uma música com o Vitor Kley e outra com o Thiaguinho. Podem esperar que vai ter bastante coisa até o meio do ano e tenho certeza que até antes disso a gente vai poder voltar a se encontrar, se abraçar e estar juntos”.
A convite do site, a psicóloga Luiza Martins fala sobre a importância de estar atento não só à saúde física, mas à emocional neste período. “Estamos em um momento de mais gatilhos para a ansiedade, depressão e compulsividade, por isso a necessidade de cuidarmos da saúde mental. Temos a tendência de não querermos sentir o que estamos sentindo, mas precisamos acolher esses sentimentos de medo, fragilidade, até para encontramos recursos para lidar com eles. Lembrem-se: o segredo não é tentar arrancar sentimentos de nós ou fingir que não estamos sentindo, porque não escolhemos o que sentimos”, alerta a psicóloga.
A psicóloga recomenda caminhos para cuidar da saúde mental no momento:
– Observar o excesso de informação: é quase inevitável nesse momento, mas precisamos entender e checar o que consumir de toda informação que nos invade, e ficarmos atentos ao que isso está nos causando. Quando a informação está servindo como recurso para termos cuidado com algo, para sabermos como proceder, ela está sendo funcional. Mas quando ela estiver alimentando ansiedade, angústia, tristeza, e causar paralisação, é importante dar limites a esse consumo.
– Solidão X abandono: precisamos saber o que cada palavra significa. Tenho visto em alguns atendimentos, o relato de pacientes que estão com a sensação de abandono, que parecem não ter com quem contar caso precisem de auxílio. Quando afirmamos que estamos nos sentindo abandonados, ficamos com a sensação de estarmos sem recurso algum, e também, que só o outro pode dar o que necessitamos. Mas quando entramos em contato com a nossa solidão, que nesse momento é algo que se impõe em vários momentos, conseguimos encontrar recursos para lidar com ela. Use a solidão momentânea para momentos de reflexão pessoal. E tenha em mente, que um dos recursos superimportantes para esse período, é poder se conectar com amigos e família por meios online. Outro recurso para lidar com a solidão sentida na reclusão, pode ser a conexão afetiva: acessar fotos e registros antigos, falar com pessoas que há muito tempo não falava, e fazer coisas que há muito tempo não você não fazia, por exemplo.
– Evite o pessimismo e o “pânico”: ao ficarmos pessimistas em relação a um determinado momento, dificultamos mentalmente a nossa capacidade de perceber novos cenários. E no atual, é importante que você lide com o que tem aqui e agora, e desenvolva a sua capacidade de se adaptar. Tenha em mente, que o que estamos vivendo mundialmente é momentâneo, que novos acontecimentos virão e que surgirão soluções para o que estamos passando. Isso ajuda a evitar a “paralisação emocional” que o estado de “pânico” propicia. Esse é o momento ideal para treinar sua mente a pensar diferente quando pensamentos destrutivos vierem. É fundamental se permitir receber pensamentos positivos a fim de aliviar as dores produzidas por esse cenário.
– Atente para a importância de manter uma rotina: Se ocupe do que precisa e deseja fazer, dentro do possível. Essa é uma das dicas mais importantes. Manter a sua vida o mais “normal” possível, dentro de uma adaptação é o mais adequado para o bom funcionamento da saúde mental nesse momento. Utilize recursos como: acordar em uma hora aproximadamente parecida com a rotineira, faça exercícios físicos, mantenha terapia (se fizer), meditação, yoga, e qualquer outra forma de autocuidado que faça parte da sua vida rotineira é essencial. Além disso, adapte sua vida doméstica e sua rotina de trabalho na sua organização diária. Tente respeitar os momentos que você tinha na sua vida fora isolamento: horário de almoço, de começar a trabalhar, de terminar de trabalhar, por exemplo.
– Encontre formas de prazer: mantenha as que já faziam parte da sua vida e são possíveis agora, e também se permita novas formas. Use a criatividade: ela pode vir da nossa infância, por exemplo, o que ainda nos traz como benefício acessar uma memória afetiva que pode ter se perdido pela nossa dificuldade de nos conectarmos no nosso dia a dia, pela falta de tempo. Essa criatividade também pode ser usada na rotina com crianças pequenas em casa.
– Conexão com a fé: buscar conforto e acolhimento emocional se conectando com a sua fonte de fé, se isso fizer parte da sua vida.
– Equilibrar o autocuidado e o cuidar das pessoas: é um momento em que, provavelmente, estaremos em convivência excessiva com os membros da família que moramos. Então, é muito importante poder equilibrar seu autocuidado com o resto das tarefas de organização da nova rotina em casa, em que muitas vezes é preciso cuidar de crianças, das rotinas domésticas, entre outras funções que não estavam habitualmente presentes na vida.
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