Unindo alquimia, design e devoção ao belo natural, Tereza Xavier, artista das joias brasileiríssimas, que mescla materiais indígenas com tradição e um olhar apurado para o novo, já conquistou clientes pelos quatro cantos do país e do planeta. Além disso, ganhou o prêmio Designer Forum do grupo De Beers, considerado como o “Oscar mundial da joalheria”, e tem suas peças nos pescoços e braços de celebridades como Madonna, Elton John, Bono Vox, Linda Evangelista, Sting, Alice Cooper, John Travolta, Gisele Bündchen, Adriana Lima, Patrícia Pillar e por aí vai. Como contamos aqui, Tereza Xavier está completando 20 anos de sua marca homônima em 2015, e por isso, fomos atrás de conhecer um pouco mais da história em um bate-papo descontraído. A designer relembrou com exclusividade ao site HT os nomes mais importantes que já cruzaram as portas da sua loja instalada no complexo do Copacabana Palace, e conta os bastidores desses encontros.
Tereza é uma artista do mundo. Acaba de voltar de uma viagem a Saint Tropez, onde apresentou durante a Regata Le Voiles sua nova linha de peças para o Verão 2016, batizada Voiles de Saint Tropez, na qual mescla materiais franceses de navegação com pedras preciosas brasileiras. “Fiquei dois dias e acabei fazendo um pequeno trunk show na casa de uma amiga. O marido dela trabalha para os Jogos Olímpicos e eles estavam totalmente envolvidos com a regata. Não teria como ser mais apropriado, vendi vááárias peças”, comentou a designer, repleta do alto astral que lhe é característico. “O material nunca havia sido usado pela joalheria, principalmente as cupilhas com as quais eu trabalhei na coleção. Foi um almoço superelegante”, conta, revelando ainda que embarcaria, no fim de semana, para Palmas, capital de Tocantins, para conferir os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas 2015, com a participação de 43 países.
A ligação com os índios também é uma das principais chancelas do trabalho desenvolvido por Tereza Xavier ao lado do irmão e sócio, Luiz Xavier, que teve em suas pulseiras de palha indígena um dos seus maiores sucessos. Hoje, amiga do líder Marcos Terena, idealizador do projeto, ela comenta que a viagem será para reforçar os seus vínculos e parcerias com as tribos e que já anda preparando as surpresas para o próximo ano, sempre com o apoio deles. “Vou também celebrar esse momentos com os meus amigos de tantos anos”, explica.
Foi ao unir o seu positivismo com o material de origem indígena que Tereza Xavier conseguiu conquistar as primeiras celebridades que projetaram seu nome a nível mundial, hoje grandes amigas e colecionadoras das peças da designer. Dentre os casos pioneiros dessa divulgação espontânea, ela destaca a visita de Michael Jackson (1958-2009) ao Rio: “Quando ele usou minha pulseira, eu estava comemorando ainda a abertura da loja. Abrimos em dezembro de 1995 e, então, ele e todo o staff compraram as pulseiras do Rio e o pingente de smile. Foi uma loucura!”, conta.
Logo em seguida, ela lembra, foi a vez de a top Claudia Schiffer ser “superfotografada de Norte a Sul com a joia de palhas indígenas”. “A pulseira já era uma moda enlouquecida, mas, depois desse episódio, chegou a formar fila na porta das lojas. Todos os veículos fotografaram a modelo e até entrevista ao Fantástico ela deu usando a joia. Foi algo espontâneo. Ela simplesmente gostou e comprou. As pessoas que copiavam a peça, mesmo depois de eu já ter registrado a patente, começaram até a assediar as tribos indígenas. Foi insano!”, afirma.
A partir daí, o star system se dobrou ainda mais aos seus pés e Tereza Xavier viu as peças estamparem editoriais de revistas, cliques de paparazzi e até se tornarem peça central de novela, como ocorreu em “Estrela-Guia” (2001), na qual o seu colar de mesmo nome acabou se tornando o talismã da personagem vivida por Sandy. “Naquela época, ela era a deusa de uma geração. O colar não foi feito para a novela, mas, depois de pesquisar, a figurinista o escolheu por casar muito bem com o tema místico. A joia supriu tudo o que eles queriam, porque era feita de cristal de quartzo espelhado, o que fazia a vibração da peça se potencializar ainda. Brilhava mais que diamante! Isso sem falar também no simbolismo lindo por trás da criação, já que eu idealizei uma estrela para o novo milênio, com as luminárias do universo e a estrela-guia que apontava para esses caminhos. A TV tem um alcance enorme e essa era a peça principal. Tanto que acabaram licenciando o design para venderem como brinquedo e até no Shoptime ela foi anunciada”, se recorda.
Um dia inteiro não seria o suficiente para relembrar todas as histórias que já se passaram nesses 20 anos. Durante o bate-papo, Tereza Xavier vai se lembrando ocasionalmente de alguns nomes que mais marcaram essa trajetória, assim como outras curiosidades que, ela garante, tem aos montes e serão tema de um livro: “A Glória Perez, por exemplo, além de uma grande amiga, ama o nosso trabalho. Ela também é uma artista, mas da dramaturgia, uma escritora fantástica e que se envolve em causas importantes. Tive ainda como cliente a Princesa Soraya Esfandiary-Bakhtiari (1932-2001), para quem fiz peças depois de termos nos conhecido em Paris, quando expus no Carrousel du Louvre. Eu fiquei muito feliz em fazer um colar com lírios de diamantes e, escrito em inglês, “Olhai os lírios do campo”. Ela ficou enlouquecida com a peça e ainda disse que meu trabalho a fazia lembrar das joias persas, o que foi uma honra!”, diz.
Enquanto vai lembrando ainda o dia em que Hebe Camargo (1919-2012) usou um anel assinado por ela durante seu programa, a simpatia de Alice Cooper e o emocionante encontro com o Frei Alércio Carvalho, Tereza Xavier relata ao HT que está longe de ficar deslumbrada com o carinho que recebe das celebridades. Para ela, é muito mais importante o entendimento e respeito que todas têm com seu esforço profissional. “O que me deixa feliz é que todas entendem o conceito do meu trabalho, que é joia-arte. É algo que ultrapassa o ‘feito à mão’ e o ‘feito no Brasil’. É o artístico, mesmo. E todos os clientes compreendem essa faceta e gostam do resultado”, comenta.
Entregues à curiosidade e fascinados pelo baú de histórias de Tereza Xavier, HT ainda pediu que a designer se aprofundasse um pouco mais em alguns episódios marcantes desses 20 anos e, abaixo, você confere o que ela tem a dizer sobre seus momentos com artistas que vão de Justin Bieber a Stevie Wonder:
Stevie Wonder: “Eu quase caí dura quando atendi o meu amado Stevie Wonder. Freddie Mercury (1946-1991), que eu adorava, e Stevie Wonder são meus ídolos. Mas o Stevie foi o máximo! Meu coração bateu muito forte… Na ocasião, ele queria comprar alguns presentes. Então, um senhor que trabalhava com ele o acompanhou até a loja. Acabamos descobrindo uma devoção em comum: ao Arcanjo Miguel! Foi um encontro lindo”.
John Travolta: “Ele estava hospedado no Copacabana Palace. Viu as peças pela vitrine e entrou na loja. Eu fiquei quase louca nesse dia. ‘Eu não estou acreditando!’, pensei. Ele acabou saindo com um anel e algumas joias de presente para a família”.
Sting: “Ele é meu clientíssimo! Estava hospedado aqui. no Copacabana Palace, e veio à loja com a esposa, Trudie Styler, e a filha, Eliot. Ele chegou observando, porque é uma pessoa muito ligada à cultura indígena e achou o trabalho com a palha o máximo! Todos viram outras peças, mas sempre optando pela inspiração nos povos indígenas. A gente mantém contato até hoje, porque há muitas ocasiões nas quais Sting encomenda peças”.
Justin Bieber: “Não há maior fenômeno do que esse cantor. Não há! Eu o conheci da primeira vez que ele estava no Brasil, aqui no Copacabana Palace. Tinham milhares de garotas que gritavam ininterruptamente aqui na porta. Tivemos até que mobilizar os seguranças da loja. Quando ele chegou aqui, garotinho ainda, fez os pedidos da sacada e eu fui lá em cima para fazer as entregas. Mas foi muito engraçado, porque ele viu a vitrine de dentro do hotel, gostou das peças, descobriu que minha loja ficava aqui embaixo e teve que gritar lá de cima”.
Johnny Depp: “O chefe de segurança disse que alguns integrantes das bandas do Rock in Rio queriam algumas peças minhas e eu disse: ‘Ok, mas quem é?’. Ele não podia dizer e lá ia eu. Johnny e Amber Rose viram as peças na vitrine interna do Copa, a caminho da piscina. Gostaram e compraram”.
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