Embalados pela ideia de que o show tem que continuar, o Sambabook comemorou cinco anos de sucesso ontem na Arena Banco Original. O projeto, idealizado e realizado pela Musickeria, com apoio do Banco Original, traz para o público sambas clássicos de artistas que fizeram a história do gênero na voz de nomes consagrados. No palco do Armazém 3 do Boulevard Olímpico, Diogo Nogueira, Arlindo Cruz e Dona Ivone Lara, que esteve acompanhada de seu neto André Lara, entoaram canções de artistas como Martinho da Vila, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e João Nogueira. Mesmo sem soltar sua poderosa voz no festival, a dama do samba, Dona Ivone Lara, que está com 95 anos de pura história e sabedoria, foi diversas vezes ovacionada pelo público. Fora do palco, um coro de centenas de pessoas que lotaram a Arena Banco Original – com capacidade para 3.500 pessoas – animava o show e mostrava por que o samba não morre e nem acaba. Viva a música brasileira!
Presente desde o primeiro momento do Sambabook, Diogo Nogueira não escondeu a felicidade em comemorar meia década do projeto. A iniciativa, que começou com a intenção de homenagear seu pai, João Nogueira, em 2012, hoje coleciona participações de artistas como Alcione, Beth Carvalho e Zeca Pagodinho. Acompanhado de Arlindo Cruz ou no palco completo com Dona Ivone Lara e o neto André Lara, Diogo Nogueira se emocionou em alguns clássicos do samba. Entre eles, quando cantou com Arlindo a música “Um Ser de Luz”, composta por seu pai em 1983 em homenagem à grande Clara Nunes. Em seu camarim, Diogo Nogueira explicou a razão do Sambabook precisar existir no cenário da música brasileira. “Esse projeto é muito importante, porque ele tem a missão de manter a história de um artista e de um personagem da música eternamente. Para isso, a gente produz CD, DVD, fichário com partituras das músicas e o livro com a discobiografia do artista”, disse.
Veja como foi: Day 2: Dando início à programação multicultural Fernanda Abreu recebe Toni Garrido e Fausto Fawcett no palco da Arena Banco Original
Para garantir que as novas gerações do samba conheçam a história do gênero e de personagens que mantiveram o ritmo pelos últimos 100 anos, Diogo contou que planeja levar o projeto aos mais novos. “A gente quer implantar nas escolas para as crianças conhecerem essa história da nossa raiz. Eles precisam saber quem são os grandes personagens de um ritmo que é genuinamente brasileiro. E isso faz a diferença na formação”, contou o cantor que completou: “Essa memória tem que estar sempre viva e acesa. E o projeto Sambabook faz isso”.
Se a intenção é nunca deixar o samba morrer, como já havia pedido Edson Conceição e Aloísio Silva, compositores do hino do gênero, os artistas da música brasileira garantem isso. Seja com novas letras na geração contemporânea ou com a imortalização de clássicos do passado, os sambas brasileiros continuam fazendo parte da vida das pessoas. E é isso que garante que o ritmo permaneça vivo por mais de 100 anos, como ressaltou Arlindo Cruz. “O samba é a trilha sonora do brasileiro. Mais que o hino nacional, qualquer clássico do gênero faz muito mais parte da nossa vida e das nossas histórias. Afinal, quem nunca cantou que ‘Amélia é a mulher de verdade’, um samba da Portela ou até mesmo que domingo vai ao Maracanã ver o time que é fã? Quem nunca teve um samba como música de cabeceira ou que fosse a tradução de grandes alegrias ou tristezas? O samba está naturalmente na vida do brasileiro, mesmo que sem saber ou perceber”, destacou o cantor e compositor.
Exemplo desta nova geração do samba, Thais Macedo foi responsável por abrir o segundo final de semana de cultura e entretenimento na Arena Banco Original. Ao palco do evento promovido pelo Banco Original, a jovem cantora levou um repertório que mistura a novidade com a tradição. “Eu adaptei o show da minha turnê ‘Borogodó’, que é o nome do meu primeiro EP de MPB, para essa festa dos cinco anos de Sambabook. Então, aqui na Arena Banco Original, meu repertório foi só de samba. Nas músicas, eu quis trazer canções de artistas que me influenciaram e que me ajudaram a criar a sonoridade da minha carreira”, explicou a cantora.
Entre o público que lotou o Armazém 3 do Boulevard Olímpico, tinha apaixonados pelo samba de todas as idades, tamanhos e classes. Inclusive, na fila do gargarejo, o HT flagrou de uma senhorinha que se emocionou ao recordar composições do passado à nova geração de bambas, que fez questão de ir à festa do Sambabook mesmo de braço quebrado. Sim, leitores. Apesar do gesso imobilizando o braço esquerdo, Mariana Carius era uma das pessoas mais animadas da primeira fila da Arena. Ao HT, a apaixonada pelo ritmo centenário contou o motivo de não estar repousando em casa. “Eu sou hiper fã do Arlindo Cruz e do Diogo Nogueira. Quando eu vi no site da Arena que eles estariam juntos em um mesmo palco foi a combinação de um amor só. Ou seja, não tinha como eu não vir”, justificou a fã que considerou a experiência na Arena Banco Original “espetacular”. “O lugar é perfeito e, mesmo essa sendo minha primeira vez aqui, eu já estou apaixonada e decidida a vir outras vezes. Agora é só olhar a programação e escolher em quais dias”, completou.
Se ontem o clima já foi super animado, hoje promete não ser diferente. A programação deste sábado na Arena Banco Original começa às 15h com a palestra do muralista Kobra. O artista é o autor do belíssimo painel, que é o maior do mundo, localizado no Boulevard Olímpico, bem em frente ao armazém da Arena. Seguindo a agenda multicultural, às 20h é hora de se divertir com o espetáculo “Falando a Veras”, com o ator e humorista Marcos Veras. Para fechar a noite de sábado, a festa Bailinho comemora seus dez nos de sucesso a partir das 22h na Arena Banco Original. Nos vemos lá!
Artigos relacionados