David Brazil: ‘Máscaras caem nesse BBB. Vemos militantes das redes sociais se mostrando preconceituosos e racistas’


Influencer, radialista e promoter, ele garante que é impossível não acompanhar a 21ª edição do Big Brother Brasil. E conta que ficou triste pela forma como o ator Lucas Penteado foi tratado na casa e não crê que as pessoas vão estar diferentes depois de tantas mortes e dificuldades durante esses meses de Covid-19 no mundo. “Esse BBB está aí para provar que quem é ruim, mau caráter, vai continuar sendo e que quem é bom vai permanecer sendo bom. Não tem Covid-19 que cure o mau caratismo”, aponta

* Por Carlos Lima Costa

A atual edição do Big Brother Brasil mexe demasiadamente com a população brasileira. Não simplesmente como diversão. Ela provoca revolta. Ninguém consegue ficar indiferente. “É impossível não acompanhar”, resume David Brazil em relação ao sentimento de todas as pessoas perplexas diante do que estão assistindo. “Este BBB está mostrando umas pessoas que fingem ser maravilhosas, militantes e não sei o quê, e aí você vê que só são militantes nas redes sociais. Estou amando que as máscaras estão caindo. Eles dizem que lutam contra o preconceito, racismo, mas estão mostrando que são os preconceituosos e racistas”, pontua ele.

Vemos um reflexo do Brasil? “Sim, isso é o reflexo. A Karol (Conká) lá nem se fala, a outra, a Lumena, que se diz militante, defensora dos negros, dos gays, só passa vergonha. O Projota, no começo eu estava fã do cara, quando fez o discurso para o Lucas, mas agora, foi a minha maior decepção”, confessa.

David explica que se estivesse naquela casa teria tido uma atitude completamente diferente em relação a Lucas Penteado. “Eu fiquei triste. Se estivesse lá, eu tinha dado muito carinho e conselho a ele, que foi massacrado”, garante, indignado. David, aliás, aplaude a atitude do rapaz de ter se assumido bissexual e dado um beijo em Gilberto. “Achei o máximo ele se libertar, e depois ver a família e os amigos o abraçando e o preenchendo de carinho. Isso foi lindo. Ele achava que a família não iria aceitar, que a comunidade o rejeitaria. Graças a Deus, ele foi bem aceito”, frisa David, que explica que dos integrantes do BBB21 conhece bem somente a Pocah.

David garante que se estivesse no Big Brother teria dado carinho e conselho a Lucas Penteado (Foto: Reprodução Instagram/Vinny Nunes)

David garante que se estivesse no Big Brother teria dado carinho e conselho a Lucas Penteado (Foto: Reprodução Instagram/Vinny Nunes)

David não aprovou apenas uma atitude de Lucas. “Só não concordei com um pensamento dele que é de separar os brancos lá dos pretos, que preto tem que se unir com preto e branco só com branco. Conheço vários amigos pretos casados com loiras. E aí? Minha mãe (Maria Cícera), era branquela casada com um negão, meu pai (Luis Joaquim). Mas a passagem dele lá foi muito sofrida, coitado, deu pena”, ressalta.

David garante que nunca precisou tomar uma atitude e se assumir homossexual para os pais. “Sou de uma família cristã raiz, da Assembleia de Deus, que não podia nem ver televisão, pois isso era coisa do diabo. Mas sempre fui pintosa, eles perceberam e mesmo assim recebi bastante carinho. Sempre tive um lema na vida: ‘Você quer respeito, então, respeita’. Sempre fui brincalhão, mas nunca tive problema com ninguém. Sei entrar e sair dos lugares, dançar conforme a música”, assegura.

Ele garante que mesmo antes de se tornar famoso, quando era apenas o Francisco David dos Santos (seu nome de batismo), não enfrentou dificuldades por conta de sua sexualidade. “Sempre fui muito focado, trabalhador, tive só respeito. Tem gente que fala que não sofro preconceito porque sou famoso, rico. Mas quando era pobre, favelado e escutava alguma piada, eu tirava de letra com outra piada, e seguia de boa. Nunca tive problema. Eu também nunca beijei em público até porque praticamente não tive namorado fixo. E quando aconteceu, eles eram bi, não eram assumidos. Tive somente dois namoradinhos, um fuzileiro e um jogador da 18ª divisão. Nunca fui nem casado. Uma vez galinha, sempre galinha. E sempre gostei do bissexual. Nunca gostei de homossexual para o sexo, sempre tive tesão em bi”, realça.

David conta que não sofreu preconceito da família por conta de sua sexualidade (Foto: Reprodução Instagram)

David conta que não sofreu preconceito da família por conta de sua sexualidade (Foto: Reprodução Instagram)

E assegura que entre os caras com quem ficou não tem nenhuma celebridade. “Nunca fiquei com famoso. Sempre fui na minha. Por exemplo, eu não bebo. Vi várias pessoas que bebiam, faziam coisas e, no dia seguinte, ficavam arrependidas. Então, eu vou pegar um famoso, bêbado. Aí no dia seguinte, ele vai acordar, vai ficar chateado, e eu vou perder amizade. Nunca peguei. Agora, tesão eu tenho no Léo Santana, já tive muito no Adriano Imperador, mas não passou disso. Mulher também nunca peguei, nesse campo eu sou virgem”, frisa.

Mesmo solteiro, David não passou a quarentena sozinho. Ele ficou acompanhado de um amigo. E apesar de tudo que aconteceu nesse “novo normal”, ele não crê que as pessoas vão estar diferentes quando tudo isso passar. “Esse BBB está aí para provar que quem é ruim, mau caráter, vai continuar sendo e que quem é bom vai permanecer sendo bom. Não tem Covid-19 que cure o mau caratismo”, aponta.

David lembra que ele contraiu o coronavírus logo no início da pandemia. “Tive Covid-19, em março, mas foi bem fraco, tive falta de paladar e olfato. Depois disso, às vezes, ando um pouco cansado. Até para fazer sexo, pelo menos por enquanto. Quando estou quase na metade do vuco vuco, eu já estou morrendo de cansaço”, revela.

“Esse BBB está aí para provar que quem é ruim, mau caráter, vai continuar sendo. Não tem Covid-19 que cure o mau caratismo” (Foto: Reprodução do Instagram)

Mesmo quando estava doente, manteve a tranquilidade. “Tive somente um leve receio, nada demais. Fui criado na igreja, ouvindo sempre minha mãe falando ‘quando Deus me levar não quero que chore, tudo pertence a Deus, nossa vida pertence a Ele, que decide a hora de nos levar’. Então, em relação à morte, eu fico triste, mas aceito. Mas tenho certeza de que sou uma pessoa abençoada. Tinha tudo para dar errado e tenho coisas que nunca imaginei. Sou focado, trabalho muito, mas Deus me abençoa e me ajuda”, assegura.

“Sou de uma família cristã raiz, da Assembleia de Deus. Sempre tive um lema na vida: ‘Você quer respeito, então, respeita'” (Foto: Reprodução Instagram)

David não sabe onde contraiu Covid-19, porque desde o início da pandemia esteve envolvido em causas sociais, como a doação de cestas básicas nas comunidades de Caxias organizada pela Grande Rio. “Eu era um dos padrinhos. Adoro o povão, adoro ir nas favelas. Fiz também doações de cestas básicas”, diz. E acrescenta: “Eu amo carnaval, é a minha paixão. Mas não fico triste pela festa que este ano não vai acontecer. Ela vai se realizar em 2022 ou em 2023. Eu fico triste pelos que não entendem que carnaval não é só a festa. Carnaval significa emprego o ano inteiro para milhares de pessoas. Fico triste por essas famílias que estão passando fome, que dependem de doação de cestas básicas para comer. A Grande Rio está sempre ajudando. No final do ano, a Paolla Oliveira (rainha de bateria da agremiação) e a Ana Furtado doaram 300 cestas básicas para os integrantes da bateria”, lembra.

David Brazil, muso do camarote da Grande Rio, e a amiga, Paolla Oliveira, Rainha de bateria da escola, fizeram doações de cestas básicas para a comunidade de Caxias durante a pandemia (Foto: Reprodução Instagram)

David Brazil e Paolla Oliveira, rainha de bateria da Grande Rio, fizeram doações para as comunidades de Caxias (Foto: Reprodução Instagram)

No momento, entre seus trabalhos, David tem sua coluna no jornal Meia Hora e, de segunda a sexta, tem duas entradas diárias na Rádio FM O Dia, com o quadro Histórias do Brasil com David Brazil. “Falo sobre as minhas histórias, das minhas viagens e sobre os artistas, mas não falo nada do mal, só coisa boa. Esses dias mesmo, contei do Tiago Abravanel que pretende, junto com seu marido, adotar um bebezinho”, diz. Ideia semelhante jamais passou na cabeça de David. “Nunca pensei em adotar. É uma grande responsabilidade. E tenho 8 sobrinhos, 2 sobrinhos netos. Dou suporte para eles e para a minha família. No total, tenho quatro irmãos. Trouxe minhas duas irmãs, Ana Lucia e Ana Elizabeth, para o Rio, comprei apartamentos para elas, montei tudo bonitinho”, conta.

Para poder ajudar e bem os familiares, David trabalha bastante. Após a fase mais aguda da quarentena, quando foram flexibilizadas algumas medidas restritivas para a prevenção do contágio do Covid-19, ele voltou a viajar pelo Brasil. “Assim que os aeroportos foram liberados, eu fui para Goiânia, Brasília e Salvador, entre outros lugares, para apresentar lives. Voltei a fazer presença em loja, mas sem tumulto, só para tirar fotos e divulgar nas minhas redes sociais. Estou me virando para não ter boleto atrasado”, explica.

Os tempos de promoter – ele exerceu a função durante anos na churrascaria Porcão – fazem parte do passado. “Essa fase passou. Graças ao meu Deus, consigo me virar com a internet, Hoje, ganho mais dinheiro com Instagram, postagens…” Mesmo na Grande Rio, não exerce mais essa função. “Agora, sou muso do camarote”.

David com Neymar, um de seus melhores amigos (Foto: Reprodução Instagram)

David com Neymar, um de seus melhores amigos (Foto: Reprodução Instagram)

Foi a base de muito trabalho que comprou o apartamento aonde mora, na praia da Barra da Tijuca, três apartamentos para familiares e um outro para Tereza, sua secretária. “Depois disso, eu fui atrás do sítio que eu sonhava e há um ano e três meses estou fazendo a minha casa em Itacuruçá. Até publicaram que é uma mansão. É uma casa, confortável, com quatro suítes, mas não é uma mansão”, afirma.

Desde os tempos como promoter, fez sólidas amizades. O segredo? “Graças a Deus, tenho caráter. As pessoas confiam em mim, frequento casa da Anitta, Ivete Sangalo, Neymar. Sou 100% de confiança. E eles sabem disso, são amizades de anos”, explica.

Uma realidade bem diferente de sua juventude. Natural do Recife, se mudou para Campina Grande, na Paraíba, aos 8 anos e lá viveu até os 18, quando viajou para o Rio. “Não fiz faculdade, estudei somente até a 5ª série. Fui sacoleiro, saía vendendo roupa em banco, fui faxineiro de salão de beleza, caixa de restaurante”, recorda. Foi exercendo essa função que conheceu os atores Marcos Breda e Luiz Carlos Tourinho (1964-2008), que o convidaram para lhes dar aula de gagueira para um trabalho. A partir daí, foi ficando famoso, ganhando cada vez mais espaço até se tornar o David Brazil que, hoje, todos conhecem.

David teve Covid-19, em março do ano passado. Mesmo assim, sempre usa máscara quando vai trabalhar (Foto: Reprodução Instagram)

David teve Covid-19, em março do ano passado. Mesmo assim, sempre usa máscara quando vai trabalhar (Foto: Reprodução Instagram)