Com o frio de bater queixo que fazia na Ilha de Vitória na noite desta segunda-feira (06), nem parecia que estava para começar o Vitória Moda, a fashion week da capital capixaba, com as coleções de Alto Verão, fechando o calendário hot da moda. As últimas horas antecedentes à abertura da catwalk no Centro de Convenções da cité aconteceram no Teatro do SESI, que, junto do SENAI, apóia o evento com realização do Sistema Findes por meio da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário, e do Sebrae/ES como co-realizador. HT esteve por lá para esquentar os motores e conferiu uma apresentação emocionante da Camerata do SESI regida pelo maestro Leonardo David. Na partitura? Trilhas clássicas de filmes marcantes da história da sétima arte como “Pearl Harbor” e “Casablanca”. Aliás, durante este último surgiu Claudia Matarazzo cantando, de surpresa, com a orquestra. Resultado de meia hora de ensaio poucos instantes do teatro abrir. Corajosa.
Claudia, jornalista especializada em etiqueta e comportamento, ex-chefe do cerimonial do Governo de São Paulo e integrante do tradicional clã Matarazzo esteve conosco em Vitória para uma palestra sobre as divas mil que temos referência atualmente, seja na sétima arte ou nas passarelas. Tema que casou perfeitamente com o espetáculo da Camerata, e que, obviamente, foge de coincidências. Tudo bem pensado para fazer eco à proposta deste ano da semana de moda capixaba: “Luz, câmera, inspiração!”. A ideia é despertar a sensação de euforia, arrebatamento ou reflexão gerada por manifestações artísticas e tão presentes na moda, que, utilizando elementos como figurino, sonoplastia, iluminação, maquiagem e interpretação (o que é a passarela senão um teatro vivo?), podem protagonizar um autêntico espetáculo de beleza, formas e cores, capazes de contagiar e emocionar o público, estimulando o consumo. É aquela velha história do “you must have!”.
Pois bem. Claudia Matarazzo, para chegar no que entendemos como divas e como elas receberam uma mãozinha dos grandes estilistas, voltou aos idos do século XIX. Foi naquela época, onde não existia cinema ainda que a distração era tudo que acontecia na monarquia inglesa. Cada passo da corte era um flash. E dali, das aparições públicas dos reis, que começaram a surgir as primeiras impressões do que hoje chamamos de tendências. Estava na rainha? É elegante e merece reprodução. Dali para frente, entre Brigitte Bardot, Jane Fonda, Marilyn Monroe e Ingrid Bergman, muita coisa mudou. As divas do cinema foram vestidas por gente à frente do seu tempo como Coco Chanel e Gianni Versace, por exemplo. Influências que foram do pretinho básico à alfaiataria, passando por figurinos austeros, babados e otras cositas más que hoje vestimos e vemos nas passarelas.
A moral da história desse paralelo entre os estilistas e as divas do cinema? Está no comportamento social. “Elegância passa por autoconhecimento. Você tem que se resolver com o que você é. Não adianta morrer de fazer botox. Não é ali que está a solução. E era exatamente isso que essas divas do cinema faziam muito bem. Até por que elas não tinham botox naquela época, né?”, disse Claudia. “A moda é de fora para dentro. A gente brinca com a cor do ano da Pantone. A cor agora é marsala. A moda vira marsala, o mundo vira marsala. Gente, se o marsala não ficar bem em mim, eu não vou usar o tal do marsala. Lembra da moda do cítrico? Aquilo parecia sinaleiro de rua. Não rolou. É isso que temos que fazer: a moda é de fora para dentro, mas o nosso estilo é ao contrário. O nosso temperamento é de dentro para fora”, opinou.
Também no Teatro do SESI, o presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário da Findes, José Carlos Bergamin; o presidente da Findes, Marcos Guerra; e José Eugênio Vieira, o Diretor Superintendente do SEBRAE/ES. Eles falaram dos tempos difíceis por qual passa a indústria brasileira – e isso inclui a moda, claro -, e de que forma não pode deixar abalar os pilares da economia. Bergamin citou que a crise no setor vestuário não é uma novidade, já que ela sempre pairou por essa fresta da indústria, e que o Salão de Economia Criativa – que vai dar a oportunidade de mais de 20 talentos capixabas mostrarem métodos de inovação social e tecnológica e cultivar o sentimento de pertencimento de nossos valores – é o charme especial que o Vitória Moda tem em relação a outras tantas semanas fashion pelo país.
Falando agora dos desfiles, o start será dado nesta terça-feira (07) com os Novos Talentos oriundos das escolas de moda: Universidade Vila Velha e Faculdades Integradas Espírito-Santenses. Os prodígios serão seguidos de Chris Trajano, Clutch, Dua’s, Marcelo Zantti (promessa em voo solo!) e Amabilis. No dia 8, desfilarão as tendências para a estação mais hot: Buphallos, Negra Linda, PK Jeans, Açúcar Moreno (grata surpresa no line up), Saia de Chita, Riviera e Marcí (que é o headliner, ganhando status de notoriedade este ano). Por fim, no dia 9 será a vez de Verônica Santolini, Florest, Sol de Verão, Hagaef, Turquesa, Surreal e a sempre aguardada Konyk. HT estará lá, na fila A, conferindo tudo.
Artigos relacionados