Da atuação nas telonas até o lançamento de seu disco, o artista João Côrtes promete um ano lotado de novos trabalhos para lá de interessantes. Vem conferir!


O rapaz estará na série da HBO, O Negócio, que chega a sua última temporada em 2018, depois de três anos de sucesso. Além disso, o ator fará parte do filme de terror O Segredo de Davi e o infanto-juvenil De Novo Não. Para completar, vai lançar o disco Elevador Gourmet com uma seleção de grandes sucessos musicais. Na entrevista, ele falou sobre empoderamento feminino, o mercado cinematográfico e muito mais

O ano de 2017 foi muito trabalhoso para o ator e músico João Côrtes e agora está na hora de colher os frutos. Sendo assim, não é por acaso que veremos o rapaz em diversas plataformas este ano. As estreias são muitas e vão desde uma série no canal fechado e dois filmes até um novo disco. Nas telinhas, o jovem aparecerá pela segunda vez na série de sucesso HBO, O Negócio, uma trama que desmistifica a prostituição. “O programa traz uma aproximação do público com histórias de pessoas que tem profissão como a delas. Acredito que isto ajuda muito a quebrar possíveis estereótipos e mostrar que elas tem muito mais a dizer e mostrar”, afirmou. Dessa vez, o personagem do rapaz, que é filho de uma ex garota de programa, passa por desafios ainda maiores ao se mostrar mais maduro. Outro lançamento importante será o longa O Segredo de Davi. Nele, João aparece em uma atmosfera mais sombria e tenebrosa, já que o jovem diretor Diego Freitas resolveu apostar em um gênero pouco montado no Brasil, o terror, em uma narrativa que traz um serial killer. Versatilidade parece ser o nome do meio do artista já que no filme De Novo Não ele enfrenta um enredo voltado para o público infanto-juvenil, com direito a uma parceria com a youtuber Kéfera Buchmann. Além de ver João Côrtes, o público poderá ter uma palhinha do sucesso do artista também como cantor. Ele irá lançar o álbum Elevador Gourmet, ao lado do pai e arranjador, Ed Côrtes, que foi o responsável pela produção do CD. A trilha sonora oferece uma seleção de sucessos mundiais de nomes como Amy WineHouse, Djavan, Maroon5, Michael Jackson e outros. Tudo isso em uma versão completamente diferente do que já escutamos, com uma melodia à la orquestra. O site HT bateu um papo cabeça com este artista de mil faces sobre todas as novidades que ele preparou para este ano. Vem conferir!

Cheio de projetos na manga, o rapaz promete um ano de muito trabalho (Foto: Guilherme Rossi)

 
Site Heloisa Tolipan: O Negócio é uma série de sucesso da HBO e que chegou a sua quarta e última temporada. Como foi a experiência de fazer parte de uma narrativa fechada que acumulou seguidores pelo Brasil?
João Côrtes: Foi uma experiência incrível, extremamente enriquecedora, principalmente por eu ter entrado depois dos outros artistas. Isto fez com que eu pudesse observar e aprender muito com toda a equipe e elenco. São extremamente profissionais e talentosos, além de terem me recebido super bem. Tenho muito orgulho de ter feito parte dessa série. Eu já era fã, havia assistido as primeiras temporadas e me lembro de pensar que o trabalho era bem feito e adoraria participar disto. Menos de seis meses depois, eu estava junto. Além disso, a quarta temporada foi ainda mais desafiadora para mim, como ator, o que só me fez mais feliz.
HT: A série acompanha a rotina de garotas de programa que se destacam no trabalho através do marketing. Sendo assim, a trama ajuda a desmistificar o universo destas profissionais e mostra que existe estratégias para subir na carreira como em qualquer outro ramo. Qual a importância desta série exibir isto em um país como o Brasil onde estas pessoas costumam ser marginalizadas?
 
JC: É de extrema importância. Eu, particularmente, fico muito feliz de ver o sucesso que a série tem feito no Brasil. No meu ponto de vista, ela toca em vários pontos chaves que precisam ser discutidos. Não só a desmistificação do trabalho das garotas de programa, como também o fato das protagonistas serem mulheres com personalidades fortes, que tomam as rédeas da própria vida e carreira. Além disso, para mim, a narrativa fala sobre o empoderamento feminino, de maneira ágil e inteligente. A aproximação do público com histórias de pessoas que tem profissão como a delas, que é considerado um tabu, acaba ajudando a quebrar possíveis estereótipos e mostrar que elas tem muito mais a dizer.

Cena de O Negócio na HBO (Foto: O Negócio – Divulgação HBO)

 HT: Como você mesmo disse, acabou pegando o bonde andando tendo entrado só na terceira temporada. Me fala um pouco sobre o seu personagem e como ele se encaixa nesta narrativa?

JC: O meu personagem é o filho do Ariel, interpretado por Guilherme Webber, com uma ex-garota de programa. Ele surge como um garoto jovem, de bom coração que foi criado pela mãe. Mas acaba entrando para o mundo da prostituição ao ir trabalhar com o pai no clube. Inicialmente, o Eric passa por um processo de perder sua inocência e ingenuidade, ao mesmo tempo em que busca se aproximar do pai. Já na quarta temporada, ele volta bem mais maduro e com muita raiva e mágoas guardadas. O jovem cresceu e se transformou em um homem, e passa então a lidar com outras questões, mais sérias, e com uma relação com o pai cada vez mais complicada.

HT: O filme O Segredo de Davi possui uma narrativa completamente diferente ao trazer o universo de um serial killer. Como foi a sua preparação para fazer parte deste roteiro?
JC: O roteirista e diretor, Diego Freitas, me convidou para o projeto dois anos antes de filmarmos. Ele já tinha me apresentado o roteiro e queria que eu fizesse o Caio. Desde lá, o projeto ficou na minha cabeça, me deixou muito intrigado, com vontade de acessar esse universo. Quando voltamos a trabalhar e preparar, foi ainda melhor. Ele estava extremamente afinado e sabia exatamente o que queria, o que deixou o processo muito mais fácil e gostoso. A preparação foi intensa, e grande parte foi por minha conta, em casa, estudando e buscando entender o universo que eu estava acessando.
HT: Além de trazer um tema incomum, o longa é uma mescla de terror e suspense. Como foi fazer parte de um filme destes dois gêneros?

JC: Me dá um orgulho danado de ver um cineasta jovem como o Diego escrever o próprio roteiro ousado, captar o dinheiro e dirigir o filme. É uma inspiração absurda. E me deixa ainda mais orgulhoso de ter feito parte disso. Acredito que, cada vez mais, os novos cineastas e produtores tem que apostar em histórias ousadas e diferentes. São gêneros raramente explorados no Brasil e, particularmente, adoro. Sempre tive vontade de fazer um longa com este estilo e foi sensacional.

HT: Cada vez mais o público brasileiro está indo aos cinemas para assistir filmes de terror ou suspense. Sendo assim, qual a importância de trazer esta narrativa para o mercado brasileiro? Por que acha que ainda é um gênero pouco produzido no país?
 
JC: De uma maneira mais ampla, a importância está em colaborar para o crescimento da indústria cinematográfica brasileira. Um mercado que, na minha opinião, é rico e pode explorar ainda mais temas e possibilidades. Talvez as pessoas tenham medo de apostar no que elas não tem certeza se vai dar certo, mas se não começarmos a contar outras histórias, nós não vamos abrir o caminho. Por isso acho fundamental que jovens cineastas também escrevam os próprios roteiros e os produzam. Temos que acostumar o público a assistir esse estilo também.

HT: Você estará presente em outro filme em 2018. O longa De Novo Não fala sobre uma popstar solitária que viaja no tempo. O enredo é mais voltado para o público infanto-juvenil, principalmente, ao trazer como estrela da montagem a atriz e youtuber Kéfera Buchmann. Como foi trabalhar com ela?

 JC: A Kéfera é demais! Foi super divertido trabalhar com ela, nos conectamos muito! Eu não esperava que íamos ficar tão amigos. O nosso senso de humor é exatamente igual, o que foi ótimo para a química do filme. Nós nos olhávamos e um sabia o que o outro queria dizer. Além de hilária, ela também é uma excelente profissional, e uma atriz super talentosa. Minha admiração por ela só cresceu.

O ator irá lançar um disco que traz uma nova roupagem de músicas da atualidade (Foto: Gabriel Félix)

HT: O que acha desta geração que vem do Youtube, tanto os espectadores como os profissionais?
JC: Eu tenho muitos amigos que trabalham com o youtube, que são totalmente mergulhados nesse mundo, e o meu irmão de 11 anos, por exemplo, é espectador assíduo. Por tudo isso, eu respeito muito essa geração . É um conjunto de jovens com muito talento para a comunicação, super carismáticos, e que são inteligentes o suficiente para saber construir o próprio império em cima dessa nova plataforma. Isso merece respeito.
 
HT: Como é fazer um filme para um pessoal mais jovem? Existe uma diferença na hora de preparar o personagem?
JC: Com certeza. Você tem que entender com qual público você está falando, qual o tipo de linguagem que se deve usar. Isso é essencial para a construção do personagem e das cenas, num geral. Essa consciência de entender com quem estamos falando tem que vir não só dos atores, mas do diretor e do roteirista, assim como a equipe toda. Eu gosto muito de fazer filmes para jovens, tem essa energia mais leve, bem despretensiosa. O De Novo Não tem algo de muito interessante: É uma linguagem mais extrovertida, mas ao mesmo tempo, trata de um assunto seríssimo, o bullying, que é um tema muito presente e muito importante hoje em dia.

HT: O ano passado foi um ano muito cheio para você. Além de fazer uma novela e vários filmes, também começou a gravar o seu primeiro CD, que traz diversas músicas conhecidas para um ritmo de jazz. O que podemos esperar deste disco? Pode me contar quais canções você escolheu?

JC:  A ideia do disco é fazer rearranjos de músicas já conhecidas pelo público, só que com big band e orquestra, numa versão diferente do que já estamos acostumados. Eu escolhi músicas que ou tem algum significado pra mim, ou que, de alguma forma, se conectam com o tipo de música que eu gosto de fazer. Entre os artistas, eu posso citar Amy WineHouse, Harry Connick Jr., Milton Nascimento, Djavan, Maroon5, Bill Withers, Michael Jackson. Além dessas novas versões, eu tenho algumas musicas originais minhas nas quais estou trabalhando.

HT: O título deste CD será Elevador Gourmet, muito diferente do que estamos acostumados. Como você chegou até este nome e de que forma ele resume o produto musical que está preparando?
JC: O nome quem criou foi uma amiga nossa, que trabalhava com o meu pai. Estávamos em um brainstorm, tentando pensar em algo que definisse o que nós queríamos fazer, mas que fosse engraçado. No momento em que ela disse o nome, eu sabia que era esse. É interessante, irônico, chamativo e explicativo na medida certa. A ideia é de que é música de elevador, aquelas que tocam no fundo, mas é gourmet, porque é feita um cuidado especial com os arranjos, além de uma big band e orquestra. O nome combina.
HT: O disco será produzido pelo músico e arranjador Ed Côrtes, que é ninguém menos do que o seu pai. Como foi este processo de trabalhar junto com ele?
JC: Exatamente. Meu queridíssimo pai. Eu e ele temos uma relação profissional muito forte paralela, pois ele trabalha no meio artístico há muito tempo, então acaba me ajudando muito em cada decisão difícil, me aconselhando em termos de carreira, enfim… Além disso, nossa conexão musical não poderia ser maior. É uma das coisas que mais nos unem. O disco é resultado dessa nossa parceria.
HT: Como você define o seu estilo musical?
JC: Eu gosto de muitos estilos. Mas o que me dá mais prazer de tocar é Jazz, Blues, R&B, Soul, Black Music e outros