Contra o carão – porque a SPFW “fica parecendo feira de cosmético” -, Walério Araújo atiça: “Só a crise e a Dilma se conhecem: uma inventou a outra”


O que Walério acha da profissão blogger? “A minha cachorra também é blogueira, se veste bem, já saiu em revista, programa e dita moda. E ela é de verdade. Porque agora essas dizem que são jornalistas, estilistas, são tudo”

O estilo pessoal dele já entrega: Walério Araújo foi um dos percussores da moda agender, que hoje toma as passarelas mundo afora. O estilista, que chegou a 41ª edição da São Paulo Fashion Week chamando todas as atenções com sua excentricidade tão característica, bateu um papo exclusivo com HT pelo pilotis, e mostrou que, assim como faz em sua moda, não tem medo de ousar em suas declarações. O que antes era visto com estranheza – segundo o próprio – hoje é aplaudido e Walério pode falar o que quiser – não que já tenha, alguma vez, ficado quieto a respeito do que acredita. Apaixonado pelo meio da moda, ele criticou o carão fashion das pessoas que sentam na fila A por status e soltou: “Hoje, se olharmos em volta, vemos muito mais gente passeando do que interessada na moda propriamente dita. Tem uma galera que nem sabe aonde está, é incrível isso, fica parecendo feira de cosmético”, criticou. Quer saber mais? Pega na nossa mão e vem!

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(Foto: Reprodução/Instagram)

HT: Walério, como fica a moda em tempos de crise? O que representa o governo Dilma Rousseff (PT) para o meio fashion?
Walério Araújo: Crise? (risos). Na minha rotina, isso não existe. Eu não conheço, i’m sorry. Quem é Dilma? Prima da crise? Só elas se conhecem, uma inventou a outra.

HT: O que você está achando da 41ª edição do São Paulo Fashion Week? O que mais gosta no evento?
WA: Que evento? Aqui é um parque, as pessoas vem passear, alguns andam de patins, skate. Tem muito mais gente passeando do que interessado na moda propriamente dita. Tem uma galera que nem sabe aonde está, é incrível isso. Eu venho porque sou intimado pelas grandes pessoas talentosas que restaram que são minhas amigas. Aí chego na hora exata, porque não dá, é tanta gente. Fica parecendo feira de cosmético.

HT: Já que estamos falando disso, qual sua opinião sobre as pessoas que querem ficar na fila A dos desfiles mais pelo status do que qualquer outro motivo?
WA: Nossa, é cada carão. Tem gente que compra câmera, bloquinho, se fantasia de blogueira. Sério isso. Tem uma galera que passa o semestre aprendendo como se vestir para driblar o segurança, e ela consegue, viu? Cara de pau consegue tudo. O Brasil é prova disso, olha como está. Cara de pau, né…

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(Foto: Reprodução/Instagram)

HT: O que você acha da profissão blogger, Walério?
WA: A minha cachorra também é blogueira, se veste bem, já saiu em revista, programa e dita moda. E ela é de verdade. Porque agora essas dizem que são jornalistas, estilistas, são tudo. Mas o povo pede, reivindica, então “I love blogueiras” também, pelo amor de Deus… se não vão me deletar das redes sociais.

HT: Dá para sobreviver de arte e de moda no Brasil?
WA: Eu não sobrevivo, eu vivo. Em plena crise, estou em Paris, Miami, Nova York…Eu estou produzindo o que sempre produzi. Só que agora os jornalistas, consumidores e seguidores sabem quem é o Walério – quem eu sempre fui. Mas agora estou sendo entendido, muito mais aceito e respeitado.

HT: Fala sobre a sua parceria com a grife de acessórios Lavish?
WA: Um vê o outro, dá força, visibilidade. Vendemos muito bem em Paris e Miami e o Brasil está aceitando cada vez mais. É bom, é artesanal. Existe um preconceito grande ainda com o manual no nosso país, mas lá fora é muito aceito e caro e eu sempre fiz porque já tinha a visão que a mulherada estaria carente disso. Hoje em dia, você chega na festa com um vestido caríssimo e tem outra com ele igual. A mulherada quer usar peças únicas.

HT: E a sua paixão por óculos?
WA: É interessante porque consigo circular em vários meios. Sou parceiro da Ventura e da Chilli Beans, que sempre me convidam. A diferença entre elas é que a Ventura é nacional e feita em pequena escala. A Chilli Beans é ‘made in China’, tem muitas levas.

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(Foto: Reprodução/Instagram)

HT: Quais são os cinco principais desejos das consumidoras Walério?
WA: 1) Elas querem ter qualquer produto porque sentem uma autenticidade, 2) me querem ter do lado, isso não acontece, por mais que gostem de outra marca, porque conhecem minha verdade, 3) elas falam que minha energia agrega valor além do físico, do produto, 4) querem minhas dicas e informações e 5) respeitam meu trabalho e de alguma forma pagam sempre o que eu cobro.

HT: Qual a importância da sua participação no filme “Amor.com”? Tem um acervo enorme seu na loja fictícia Ricci, da história…
WA: É gratificante porque eu sou cada vez mais aceito, porque percebem que continuo a mesma pessoa, com os mesmos textos, falas e reivindicações. Com a crise – que teve que acontecer para verem o que é mentira – a verdade faz toda diferença. Sei que no começo tiveram que me engolir, mas hoje tenho meu espaço.

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HT: Você foi um dos precursores da moda agender que agora tem tomado as passarelas. O que acha do que está acontecendo?
WA: É lamentável que as próprias pessoas que usam e querem ser rotuladas como andrógenos não seguram a onda. Tem gente que gosta de moda, mas se fantasia. O descaramento que eu acho, de pessoas poderosas que comandam a moda e tem na mão, é que moda não é visual, é mente e cabeça. Porque quando se trata de colocar travesti, drag queen, só colocam quando é de renome.