Série de grande sucesso nos anos 1990, quando foi exibida pela TV Cultura, ‘Confissões de Adolescente‘ acaba de virar filme, dando continuidade à chancela que começou a partir do livro escrito por Maria Mariana, em 1992, contando as revelações de uma adolescente confidenciadas em um diário. Depois de 20 anos em cartaz com a peça que deu origem ao seriado, as aventuras juvenis das quatro irmãs adolescentes chegam ao cinema sob a direção de Daniel Filho e Cris D’Amato. Porém, se a ideia é remake, aqueles fãs saudosos podem tirar o cavalinho da chuva. Para alcançar uma geração que não havia sequer nascido quando o programa televisivo chegou ao fim, o diretor buscou o frescor que precisava no trabalho do jovem cineasta-prodígio Matheus Souza, que mergulhou nessa ideia como roteirista, ao lado da autora original. Obviamente, Matheus, 25 anos, é a aposta dos produtores para adicionar tempero novo a uma fórmula que vem funcionando há duas décadas.
“Nossa ideia inicial era criar um filme em que nós (atrizes que participaram da série original) vivêssemos mães de adolescentes. Mas, depois, vimos que se o roteiro fosse esse, teria um ponto de vista nosso e, aí, não seriam ‘confissões de adolescentes’, pois, uma das marcas desse trabalho é a linguagem de jovem para jovem. A fila anda, o tempo passou e não somos mais garotas, viramos mulheres. Não queríamos, portanto, cozinhar em banho-maria as histórias da série porque o requentado não interessa aos jovens. Então, pensamos no Matheus”, afirma Maria Mariana.
Nós, do site, fomos conferir o filme na pré-estreia e aproveitamos para destacar que o mais interessante é justamente esta postura de respeito em relação ao adolescente. O longa não subestima a inteligência do jovem, nem se propõe a criar um ideal perfeito, como boa parcela dos seriados atuais. A peça e o filme traduzem, portanto, a difícil fase da adolescência como uma espécie de abraço momentâneo que envolve os que passam por esse momento. Sem fechar os olhos para a realidade, e sem ser maniqueísta estabelecendo o certo e o errado, o roteiro prefere mostrar os diversos caminhos e consequências determinados pelas escolhas dos jovens.
Com carta branca do diretor, o roteirista, famoso pelo longa ‘Apenas o fim’, foi além do material que já tinha em mãos e trouxe elementos que aponta como indispensáveis para a construção desta realidade: “Nosso ponto de partida foi manter a essência do original, contando as primeiras experiências na vida de um adolescente e focando precisamente os sentimentos e a sinceridade, dialogando com o público sem ser moralista, sem estereotipar o jovem”, afirma. “E, claro, houve a necessidade de atualizar o conteúdo para a realidade contemporânea da garotada”, completa Matheus. De fato, a tecnologia, como novo meio de comunicação dos adolescentes, também é tema usado pelo autor para evidenciar os novos tempos e rejuvenescer o contexto: “Em 1992, não existia internet ou smartphone. Hoje, isso faz parte de 90% do cotidiano de um jovem. A tecnologia veio para facilitar essa geração, mudando também a maneira de pensar, de se comunicar”. o roteirista lembra, inclusive, uma passagem do seriado em que a personagem de Daniele Valente passava o dia inteiro ocupando uma linha telefônica fixa: “Atualmente, isso é quase um ultraje! Os adolescentes não ligam uns para os outros, eles trocam mensagens. Ligação é só emergência! Todo esse comportamento mudou com os novos tempos, então, na hora de criar o longa, não bastava só colocar um gadget eletrônico na mão de um personagem e ponto final”.
Com estreia marcada para 10 de janeiro, ‘Confissões de Adolescente’ traz um novo elenco, com Sophia Abrahão, Malu Rodrigues, Bella Camero e Clara Tiezzi como protagonistas e Cássio Gabus Mendes vivendo o papel do pai zeloso e viúvo. Para criar a personalidade de cada papel, as meninas não se inspiraram nas personagens originais da série: “Foi completamente intuitivo. O Daniel (Filho) pediu para não assistirmos nada sobre o seriado para, exatamente, não precisarmos nos inspirar em ninguém”, observa Sophia. Durante o papo, a namorada do Fiuk contou, também, que ficar seminua foi um dos maiores desafios durante as gravações: “Já tinha feito cenas de tirar a roupa, mas nunca havia mostrado, de fato, meus seios. Não tive tempo de me preparar, foi um terror, mas na hora baixou o santo artístico e incorporei a cabocla desinibida”, brincou.
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