*Com Yuri Hildebrand
Como deve ser uma festa de 80 anos? O Teatro Rival, uma das mais tradicionais casas de show do Rio de Janeiro, dá a receita perfeita. Com a mistura de ritmos e estilos. E nada melhor que um dos grandes nomes da música contemporânea brasileira acompanhado apenas de alguns violões e um cavaquinho: Zeca Baleiro, um dos mais assíduos frequentadores do novo oitentão da Cinelândia. Ele foi o responsável por comandar a comemoração nesta sexta-feira (6/3), com direito a repetir a dose no sábado.
Acostumado a receber de pertinho alguns dos nomes mais famosos da música brasileira, o público da casa acenou positivamente para o show de Baleiro. A funcionária pública Cátia Bezerra tem experiência no assunto. Afinal, são mais de 20 anos de casa: “Vim a todos os shows do Zeca aqui no Rival, inclusive um que ele organizou em homenagem a Sérgio Sampaio (o histórico show ‘Balaio do Sampaio’, de 1998)”. Além de Zeca, Cátia já esteve presente em shows de lendas como Paulinho Moska, Diogo Nogueira, Elza Soares, Geraldo Azevedo, entre outros.
O show, bastante intimista, traz ao palco alguns dos clássicos de Baleiro sob perspectiva diferenciada. “Essa solidão é sadia, apesar de curtir fazer shows com banda”, disse Zeca, em um dos inúmeros momentos dentre os quais interagiu com o público. O clima era tão agradável e bem-humorado que não parecia um show, mas sim um workshop do artista, que estava afiado nas respostas à plateia: “Lindo!”, gritou uma fã, recebendo um “são seus ouvidos” como resposta. Do outro lado do teatro, alguém fez Zeca lembrar de sua terra natal, o Maranhão: “(Vocês são) do Maranhão? Logo vi. Vou tocar uma para vocês”, replicou, seguindo com “Belzebu de Saia” e arrancando risos dos presentes.
Em outro momento de descontração – após a apresentação de “Versos Perdidos” e “Calma aí, Coração” –, comentou o caso de um rapaz que encontrou a caminho do Rival e reclamou de um de seus shows realizados em Porto Alegre. “Ele tinha razão, foi uma noite ‘meia-boca’. Mas essa daqui definitivamente não está sendo”, declarou Zeca, tocando o sucesso atemporal “Lenha”. Ao final da música, outra situação engraçada: uma voz na plateia deu o clássico grito “Toca Raul!”, levando-o a mandar ver na sua música de mesmo nome. Com o exato humor que o acompanhou durante toda a noite, Zeca saiu do palco e voltou para o BIS, executando – ou pelo menos tentando – uma canção que não apresentava há mais de 15 anos: “Bienal”, que divertiu o público com uma suposta falta de memória quanto aos difíceis versos da obra.
No apagar das luzes, uma surpresa: Baleiro tocou “Price Tag”, da superestrela britânica Jessie J (assim como ele havia feito durante sua apresentação no Projeto Patuá, quando cantou com Lia Sophia), em um número que costuma executar somente com sua banda de apoio, em versão acústica que mereceu os aplausos. “Parabéns à equipe do Teatro Rival! E obrigado pela noite, foi um prazer quase sensual de estar com vocês!”, declarou o cantor, fechando a apresentação com “Telegrama”, um de seus maiores sucessos. Zeca Baleiro ainda lembrou ao público do repeteco de sábado, onde promete imprimir mais uma vez o clima de bom humor e nostalgia que trouxe à primeira noite da comemoração do 80o aniversário do lendário teatro.
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