*Por Brunna Condini
No ar em reprise no canal Viva desde segunda-feira (12), ‘Corpo Dourado‘ traz Cristiana Oliveira como a protagonista Selena e as lembranças de um ano marcante como 1998, que entrou para a história por acontecimentos como a França sendo campeã da Copa do Mundo; a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso; o lançamento de um medicamento revolucionário como Viagra, entre outros fatos que de alguma forma mudaram o rumo da história por aqui e no mundo. E foi há exatos 25 anos que a vida de Gerson Brenner se transformou irreversivelmente. A trama de Antônio Calmon foi o último trabalho dele como ator, já que teve a carreira interrompida ao ser baleado na cabeça durante um assalto em agosto de 1998 quando se dirigia para o set de gravação, e de lá para cá vem sendo cuidado para viver da melhor forma possível diante das sequelas da tragédia. A psicóloga Marta Mendonça, mulher de Gerson, conversou com o site e falou da vida dele hoje e da expectativa em relação à reprise. “Ele vai assistir com certeza, é muito noveleiro”.
Marta, que vem cuidando dele nestas últimas duas décadas, diz que Gerson ainda se interessa pelo universo da TV e que a forma dele se aproximar dessa realidade é assistir dramaturgia. “Ele ama, assiste muitas novelas. A fala dele está comprometida, mas fala pelo olhar, e como fala! É muito sensível! Acorda cedo, todos os dias, faz fisioterapia, toma banho, faz fonoaudióloga e assiste novelas. Ainda mais agora que tem duas novelas com o ídolo dele, o Tony Ramos. É nítido o seu entusiasmo ao assistir”, revela. “Assistir televisão é a forma dele de estar perto da sua arte. Com cada programação ele reage de uma forma. Adora também o quadro ‘Dança dos Famosos’, do Domingão com o Huck. Acho que porque amava dançar, teve até aula como Carlinhos Jesus“.
Aos 63 anos, Marta vive com Gerson em São Paulo e diz que ele tem mantido um quadro estável, apesar das sequelas. “É cadeirante, tem dificuldade na linguagem, se comunica pouco, mas segue bem seus dias. Graças a Deus temos o convênio médico pela Globo, vitalício. Por conta dele temos o home care com um técnico 24 horas. E um cuidador. Isso tem sido fundamental. Além disso, a filha dele Vitória Brenner, 23 anos – Gerson também é pai de Anna Haas, do seu primeiro casamento – fez uma vaquinha ano passado e conseguimos comprar um carro adaptado. A mobilidade dele é reduzida, então precisa ser um veículo assim, com espaço para manobra da cadeira de rodas, com abertura de porta. Isso foi um presente de Deus, liberdade de ir e vir”.
Ele e Marta se conheceram na época da tragédia, quando o ex-ator esteve internado, em coma, em São Paulo. “Minha vida é em função dele, foi um encontro realizado por Deus. Tinha que ser. Procuro ampará-lo e preservá-lo também. A resistência do Gerson, sua imunidade, ainda é delicada. A pandemia passou, mas temos um vírus presente, então saímos pouco, só para os médicos mesmo, não posso expor ele a nada disso”, conta. “No princípio, quando queriam fazer matérias conosco eu também não topava, mas como vejo que ele fica nitidamente feliz com isso, tenho falado mais, dividido com quem torce por ele suas superações, força. Agradecemos de coração todo carinho, ele consegue sentir”.
Daqui continuamos emanando vibrações positivas, Gerson!
Relembre o caso
Em 17 de agosto de 1998, Gerson Brenner ia de São Paulo para o Rio de Janeiro quando foi surpreendido, provavelmente, em uma emboscada por bandidos. Ele levou um tiro na cabeça, e a bala atravessou o lado esquerdo do cérebro, ficando alojada na altura da nuca. Por conta disso, Gerson perdeu massa encefálica e entrou em coma, ficando com sequelas, como dificuldade para falar e se locomover. Ele tinha 38 anos na época e estava no auge da sua carreira como ator: fazia a novela “Corpo Dourado’ que já estava em sua reta final.
Na TV, Brenner também fez outros folhetins de sucesso, como ‘Kananga do Japão’, que marcou sua estreia, na Manchete, e ‘Rainha da Sucata’ (1990) – onde fazia parte do icônico trio de ‘filhinhas’ de Dona Armênia, vivida por Aracy Balabanian, ao lado de Jandir Ferrari e Marcelo Novaes – , ‘Perigosas Peruas’ (1992), ‘Deus nos Acuda’ (1992) e ‘Olho no Olho’ (1993), na Globo. Antes de se tornar ator, também trabalhou como modelo, fazendo publicidade e desfilando.
Artigos relacionados