A agenda da atriz Karen Junqueira para este ano está lotada de personagens fortes e importantes. A lista de lançamento começa com a peça Senhora dos Afogados, que está em cartaz em São Paulo. O enredo, assinado por Nelson Rodrigues e dirigido por Jorge Farjalla, exibe temas polêmicos como o incesto, a obsessão e a psicopatia. “Gosto muito de Nelson, porque ele toca em pontos desagradáveis do ser humano e está peça exibe muito isto. O público vai para o teatro e se afunda na cadeira por ver certas coisas. Além disso, imagina as pessoas vendo uma menina apaixonada pelo pai em 1947, quando o texto foi escrito?”, afirmou. A artista contracena com Alexia Dechamps, Joao Vitti, Karen Junqueira, Rafael Vitti, Letícia Birkheuer, Nadia Bambirra, Jaqueline Farias e Du Machado. O espetáculo fica até o dia 29 de abril no Teatro Porto Seguro e, depois disso, pode ser que venha para o Rio.
Karen interpreta a protagonista, Moema, que possui uma admiração tão forte pelo pai que a faz matar as duas irmãs por ciúmes. “Ela se esconde através uma casca social. No início da peça, parece ser uma menina doce e religiosa, que tem uma avó louca e odeia a mãe, sugerindo que a mais velha é apaixonada pelo noivo dela. Depois é revelado que ela é assassina. A psicopatia dela é o amor, porque acha que pode matar e passar por cima de quem quiser. Não pensa que é alguém ruim por isso”, explicou. De acordo com a atriz, compor esta personagem não foi nada fácil porque, inicialmente, ela não conseguia ver doçura em Moema. “O meu diretor me mandou ver o filme A Orfã, que fala sobre uma mulher que se parece com uma menina e mata todos da casa para ficar com o marido. Foi uma das personagens mais importantes e difíceis que já fiz nesta questão”, completou.
O poder de sua interpretação também pode ser visto na telona do cinema a partir do segundo semestre deste ano. Karen participou do longa Chacrinha, sobre a vida de um dos maiores comunicadores do Brasil, como a icônica Rita Cadillac. “Foi muito divertido fazer. Pesquisei muitos vídeos e entrevistas daquela época. Tivemos uma coreógrafa para aprender os passos. Vestir as roupas e ver a plateia nas cenas foi muito bacana”, comentou. A atriz afirmou que não fazia ideia do tamanho do protagonismo que as Chacretes possuíam. “Não sabia o quanto elas eram tão importantes. O Chacrinha as tratava como filhas, defendia e tinha muito carinho”, comentou.
A partir da pesquisa feita para este longa, a atriz contou que a importância de Abelardo Barbosa na televisão brasileira ganhou outras proporções para ela. “O Chacrinha tinha uma personalidade muito particular, era irreverente e verdadeiro. Fez coisas inovadoras que ainda vemos em programas de auditório. Ele era hilário. Passei a admirar muito este homem. Era único e acho que temos que mostrar estas personalidades, precisam ser lembradas para sempre. Passou a ser uma referência para mim”, salientou.
A versatilidade de Karen Junqueira não para por aí. A atriz está no ar na série Natália, do Universal Channel. Seu personagem entrou nesta segunda temporada para o elenco para trazer pitadas de humor para o enredo. “A Vivienny entra para trazer uma leveza à história. Se faz de crente, mas não é. Usa a igreja como uma máscara social, inclusive, um dos bordões dela é dizer ‘não mexe comigo, porque sou a noiva do pastor’. No entanto é uma figura cômica, o que acaba sendo um contraponto no meio de tudo isso. Ela fala errado, é muito sexual, ignorante, fofoqueira e extremamente fútil. Não é muito boa”, contou.
A Vivienny é noiva do personagem de Wagner Santisteban, que se tornou pastor unicamente para conseguir mais votos na política. Este é apenas um dos temas polêmicos retratados na série por usar a religião como motivo de destaque. Além disso, o papel da atriz também utiliza a sua fé para se exibir dentro do seu núcleo de amizade. “Acho que a religiosidade atrapalha as pessoas. Entendo a importância da religião na sociedade, realmente acho que devemos nos apegar a algo maior, mas não podemos deixar isto nos travar e achar que tudo é pecado. Tem muita gente que faz coisas ruins e se esconde atrás da religião. Acho errado. Acho muito importante isto ser questionado, porque antes certos assuntos eram velados e agora temos uma liberdade maior”, criticou. Apesar de não se apegar a nenhuma religião, a atriz se agarra muito à filosofia budista.
A série Natália também fala sobre a representatividade dos negros no audiovisual, questões de gênero, trabalho escravo na moda e corrupção. Este último também está interligado à personagem de Karen, já que o seu noivo faz de tudo para conseguir se sobressair no meio. A atriz conseguiu traçar um paralelo muito interessante entre a série e a atualidade. “Sinto até vergonha de falar sobre a política. Não gosto nem de conversar sobre isto entre amigos, porque é possível perder uma amizade. O país está degradante. O Rio de Janeiro, por exemplo, é uma cidade maravilhosa, mas fico muito triste de não termos segurança. Estamos em um momento onde as pessoas estão indo embora do Brasil o que significa que algo deve ser feito. Fico me perguntando como colocamos gente ruim no poder? E isso faz o povo ficar com mais raiva. Precisamos de mais amor”, lamentou.
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