Com números astronômicos nas redes, Sam Bechara se lança como cantora e fala de hate e preconceito por ser influencer


A produtora de conteúdo é uma daquelas superlativas e de números impressionantes. Todos muito acima da casa dos milhões. Só no YouTube são 5 milhões de seguidores. No instagram, 1,5 mi. No TikTok, 4,1 milhões – e se contados o número de curtidas nesta rede, são 80 milhões. Nesta entrevista, uma de suas primeiras mais extensas e na qual mergulhamos um pouco mais fundo na sua essência, ela fala do sonho de ser atriz, já que quer fazer uma minissérie, e do quanto é julgada por seu ofício. “Só fui passar a ser mais respeitada quando viram os meus números”. Para o segundo semestre, Sam quer se lançar na carreira de cantora, com a disponibilização de dois singles no Spotify. Quanto aos haters, ela não os problematiza: “Hate engaja”

*por Vitor Antunes

A forma como as pessoas se apresentam nas redes é totalmente diferente de como era há 20 anos. Esse tempo de pouco mais ou pouco menos de 20 anos compreende a idade de Sam Bechara, influencer que arrasta uma comitiva de fãs nas redes. Só no YouTube são 5 milhões de seguidores. No instagram, 1,5 mi. No TikTok, 4,1 milhões – e se contados o número de curtidas nesta rede, são 80 milhões. Números muito superlativos – ainda que possa parecer redundante – para uma menina que até 2020 ocupava o cargo de turismóloga numa agência de viagens. “Tudo aconteceu na pandemia. Eu estava com a minha agência, mas com a chegada da Covid, ninguém passou a viajar, a sair, e eu não sabia o que fazer. Numa ocasião estava organizando minha casa, vi brinquedos da minha infância, decidi filmar e postar no TikTok, dizendo “olha o que eu achei”. O vídeo explodiu e comecei a postar mais”. Apostando na nostalgia recente, acabou conquistando um forte público infantil, mas se flagrou diante do preconceito ao ofício. “Já sofri até mesmo vinda da família e de amigos”.

Ainda para o segundo semestre de 2024, a produtora de conteúdo quer alçar novos voos e investir na carreira de cantora. Vai lançar ao menos dois singles. “Acho que chegou o momento de ir atrás do meu sonho de infância. Não faz muito tempo, dei os primeiros passos, fui ao estúdio para ter um norte para a música. Estou animada para esse projeto e no meu primeiro passo como cantora, algo que nunca imaginei acontecer. Estou focada nesse objetivo e, pensando no estilo pop-teen e nostálgico. As crianças vão ouvir e gostar, e os adolescentes também”. Sam, porém, não pretende se limitar à internet. Quer se lançar como atriz. “Meu sonho mesmo é fazer uma minissérie”.

Sam Bechara era turismóloga e hoje se dedica à redes sociais (Foto: Divulgação)

No começo, quando veem você com poucos seguidores e visualizações, vêm os ataques e mandam focar numa carreira normal. Só fui passar a ser mais respeitada quando viram os números. Mas ouvi muito de que isso é coisa momentânea, e que eu deveria aproveitar por ser passageira. As pessoas têm preconceito sim, não entendem que há trabalho, e que não é só estar na frente do celular e gravar um vídeo – Sam Bechara

Sam Bechara é um fenômeno nas redes (Foto: Divulgação)

CLICKS E LIKES

Algo muito comum entre aqueles que produzem para a Internet, o hate – ódio gratuito – compõe o cotidiano dos influencers. Sam disse que passou por eles e aprendeu a lidar. “Eu acho difícil um criador de conteúdo digital não sofrer. Nenhum de nós vai agradar todo mundo. Há quem seja infeliz e que vai comentar nas nossas redes justamente para nos derrubar. Anteriormente eu ficava arrasada e queria até bater boca, mas não vale a pena. Hoje os aplicativos restringem os comentários. Os haters acham que estão comentando, mas nem aparece para nós. Uma forma de limitar essa fúria desmedida seria a regulamentação da Internet. Sobre isso, Sam prefere a ponderação: “Acho que tudo tem uma medida, se for de forma justa não tem porque afetar a informação nas redes”

Hater engaja, cada comentário a mais gera mais engajamento. Eles acham que estão atrapalhando, mas estão ajudando – Sam Bechara

Para Sam, os pais têm que manter grande vigilância sobre o conteúdo ao qual as crianças têm acesso. “Eu acho que a internet é como o mundo real, os pais têm que ficar atentos. É como deixar uma criança solta na rua, não se pode ter um acesso liberado. É muito fácil para uma criança se perder na rede”. Como foram as crianças que descobriram Sam, ela afirma que o pensamento conceitual do canal é o de conversar com elas como se fosse um amigo próximo, e isso traz resultados. “Eu falo com elas de forma que elas podem se identificar. Tanto que elas me veem na rua, falam, e eu produzo um conteúdo family friendly”.

Para o futuro, não dá para ser só influenciadora. É preciso consolidar com produtos e trazer seu nome, virar uma marca para as pessoas consumirem – Sam Bechara

Sam Bechara: A manutenção do sucesso passa pela criação de uma marca (Foto: Divulgação)

A carreira como influencer começou por acaso, mas a relação com a Internet, não. “Eu, criança, consumia mais o Twitter e não o YouTube. Depois teve o Vine e o Musical.ly – que virou o TikTok. Postava transições e lipsyncs, brincando. A criança e adolescente que existiam em mim permanecem. Não mudei tanto assim”. Mas, na mudança dos tempos e dos ventos, a nostalgia é o que toca o seu coração e a faz permanecer nesta linguagem. “Qualquer sentimento que remeta à minha infância ou o que me faz revivê-la, me toca, me emociona, eu choro. Eu tive uma infância feliz e brincava demais. Eu passava tempo com meus pais e qualquer viagem que fazíamos, bate aquela vontade de voltar ao passado porque foi muito gostoso, os momentos simples da vida, que aquecem meu coração”.

Em contrapartida, o que a entristece é a injustiça. “Isso também mexe comigo. Eu fico chateada, me faz mal. A questão do Rio Grande do Sul, corta meu coração. São pessoas que não merecem esse tipo de sofrimento. Cheguei a fazer doação num financiamento coletivo e a ser procurada por meninas tanto no Snapchat como no Instagram e gravei vídeos sobre o assunto. Quis divulgar o post com a vaquinha e botar nos stories para estimular os meus seguidores”. Generosa como é, a palavra que motiva Sam é apenas uma: Carinho. “O carinho das pessoas que me acompanham e que veem meus vídeos, isso me dá um gás, uma motivação para ver o que faço e eles ficam felizes. Isso é o que me impulsiona”.