Com mais de 20 anos de experiência na folia, Milton Cunha adianta detalhes do desfile deste ano e aponta: “Será o Carnaval dos truques e da falta de dinheiro”


Na próxima sexta-feira, 17, o carnavalesco promove o Glam Gay na quadra do Salgueiro no Rio. A festa, que ocorre pelo terceiro ano na cidade, é a celebração e o encontro da riqueza, da opulência, dos paetês e do universo gay. Entenda!

Brilhos, plumas e paetês. A temporada de folia já começou e o HT está antenado nos principais eventos da cidade. Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, tem o Glam Gay na próxima sexta-feira, 17. O baile, que rola na quadra do Salgueiro, na Tijuca, resgata a riqueza e o luxo das festas do passado em um ambiente em que os gays são as estrelas e o preconceito não é convidado. Responsável por promover esta festa, Milton Cunha nos contou do conceito por trás do evento e nos adiantou o que será destaque na Sapucaí. O carnavalesco, com mais de 20 anos de experiência, é um dos nomes mais fortes e influentes quando o assunto é Carnaval, ainda mais no Rio de Janeiro.

Pelo terceiro ano, Milton Cunha promove o Glam Gay na cidade. Com o objetivo de enaltecer as figuras que fazem o Carnaval acontecer e muitas vezes ficam só nos bastidores dos brilhos e paetês, a festa é uma verdadeira celebração da folia, do luxo e da riqueza. “Eu sempre admirei muito a beleza do Teatro Municipal, a sofisticação e todo esse clima. Em um determinado momento, eu quis aproveitar o nome que eu construí para resgatar uma festa do passado e promover essa noite especial. Então, o Glam Gay é um evento que resgata o luxo e a opulência dos bailes de antigamente e promove concurso de fantasias, que se destacam pela sofisticação e originalidade, e das Boneca Barracão, que são construções dos próprios barracões das musas do nosso baile”, contou.

Milton Cunha promove o Glam Gay na próxima sexta-feira, 17 (Foto: Divulgação)

Na tradição recente do Glam Gay, Milton Cunha também traz a presença ilustre de grandes nomes da nossa arte. Este ano, a musa do baile será Viviane Araújo. Além de atriz, ela também é a rainha de bateria do Salgueira, escola que abrigará a festa em 2017. Mas, nos três anos anteriores, os nomes também foram destacadíssimos. “Em 2015, quando fizemos na quadra da Mangueira, as musas foram Rogéria e Elke Maravilha. Já no ano passado, escolhemos a Adriane Galisteu para brilhar no baile, que ocorreu na Unidos da Tijuca. E, para este ano, nossa estrela será a Vivi”, comemorou.

No entanto, a noite do Glam Gay não é só de festa e sofisticação. Durante o baile, a conscientização também ganha destaque na parceria de Milton Cunha com o Ministério da Saúde. Por lá, haverá o lançamento da campanha “Só a Alegria Vai Contagiar”. “É extremamente importante que a gente junte essas duas pontas. Ao mesmo tempo em que as pessoas estão em um lugar para se divertir, elas estão absorvendo a importância de se prevenir para que estejam sempre belas, opulentes e maravilhosas. Então, nessa pegada de cuidado e conscientização, a gente destaca que o maior valor de tudo isso é a vida. Nossa mensagem a todos é que somos lindos e precisamos nos divertir de forma original e luxuosa sempre”, disse. Arrasou!

Na festa, o carnavalesco tem a parceria do Ministério da Saúde que irá lançar a nova campanha de Carnaval (Foto: Reprodução)

O fato é que a festa promovida por Milton Cunha é um verdadeiro encontro de idades, jeitos e pessoas. Além do público gay, que são os convidados mais especiais e que contam os dias para terem a oportunidade de brilhar entre as plumas e paetês, a terceira idade também é presença forte no baile. Segundo Milton Cunha, as damas do Carnaval invadem os camarotes para apenas ficar observando. Para o carnavalesco, o comportamento deste público é o reflexo dos heterossexuais no baile. “Eu acho que hoje em dia as pessoas possuem um olhar mais simpático e mostram que compreenderam a causa. Então, quem vem, é mais para ver o lado artístico e ficar observando o desvario, as perucas e as fantasias exuberantes dos convidados”, analisou Milton Cunha que acredita que o preconceito tenha diminuído nas relações cara a cara. “As pessoas que vão ao baile só querem aplaudir e ver os gays. Eu acho que a diferença da homofobia de hoje para a do passado é muito em função da internet. Com as redes sociais, eu vejo que os preconceituosos ficaram mais covardes e falam mal pela internet para não mostrar a cara. Mas, na hora de estarem à frente de um gay, as pessoas não discriminam tanto”, pontuou.

Quando o assunto é Sapucaí, Milton Cunha também tem informações e análises na ponta da língua. Insider dos preparativos das escolas de samba e antenado em tudo o que rola dentro dos barracões, o carnavalesco já definiu o desfile deste ano: “Este será o Carnaval do truque, em que as escolas arrumam um jeito para desafiar a falta de dinheiro”. Prova disso, serão os carros alegóricos. Este ano, Milton Cunha já nos disse que o número máximo de alegorias serão apenas seis, duas a menos que nos carnavais anteriores. Desses carros, a maioria possui a mesma estrutura do ano passado. “As escolas estão mantendo os ferros e madeiras da alegoria e só trocando a parte de cima. O que vai ter de diferente, é só a cobertura desse bolo. Por isso que eu digo que é na falta de dinheiro que a gente vê quem tem criatividade e quem consegue ir além do óbvio”, destacou.

Para o desfile deste ano, Milton acredita que será marcado pela crise financeira e por um trabalho de criatividade dos carnavalescos (Foto: Reprodução)

Por falar em ir além do já conhecido e esperado, Milton Cunha disse que esta é uma constante preocupação nos barracões. Com inúmeras décadas de história na Sapucaí, o Carnaval busca a cada ano se reinventar e inovar para que a grande festa da nossa cultura não caia na mesmice e deixe de surpreender quem espera o ano todo pelo desfile. “As pessoas estão cada vez mais querendo quebrar paradigmas. A gente vê que isso é uma preocupação nas escolas e cada vez mais nós temos exemplos de inovações. Este ano, uma delas, vem na Beija Flor. No desfile, a escola vai vir sem alas”, revelou Milton Cunha que não adiantou mais detalhes de como será essa surpresa.

Desta forma, Milton Cunha acredita que a chama da folia nunca vá apagar. Segundo ele, a festa tradicional do mês de fevereiro – ou março – é um importante símbolo da cultura nacional e que mistura o talento de várias artes, como cinema, teatro, dança, circo, ópera etc. Para isso, uma verdadeira indústria do entretenimento trabalha 365 dias por ano. Afinal, para que o resultado daqueles 75 minutos seja o esperado por toda uma comunidade, os esforços precisam ser intensos durante todo o ano. “Durante os meses de março e abril, temos a pesquisa pelo enredo. Depois até julho, nós fazemos os desenhos para depois, nos próximos três meses confeccionar os protótipos. Depois, de novembro em diante, é só correr porque são milhares de fantasias, brilhos e acabamentos”, contou.

Serviço

Glam Gay 2017
Dia: 17/02 – sexta-feira
Quadra do Salgueiro: Rua Silva Teles, 104 – Andaraí
Ingressos: R$ 50,00 (pista) e R$ 2.000,00 (camarote)