Com destaque para Oliver Heldens, Chemical Music Super Parties reúne tribos da cultura eletrônica e bomba na melhor vista do Rio!


Se liga na pressão! Em sintonia com a vocação diurna do Rio, evento super funciona no formato “dia e noite” e prepara terreno para a celebração de seus 10 anos em 2015

* Por Bruno Muratori

Quem nunca se deparou com a seguinte cena: um DJ que foge da boa trilha, sem se esforçar para oferecer ao público um set inovador, completamente viciado na base do ctrl c + ctrl v (apesar do visual bombadinho e das tattoos nos braços), tocando uns mixes aqui e ali para ficar bonito nas fotos fazendo firulas com cara de mau? Diante da regularidade com que se confere esse tipo de situação na atual cena eletrônica, chega a ser um alento estar presente em eventos que fogem da obviedade comoChemical Music Super Parties 2014, que reuniu várias tribos da cultura eletrônica na Marina da Glória, neste último final de semana, entre o sábado (15/11) e um domingo (16/11) que avançou pela madrugada de segunda. Duas grandes festas que começaram ainda de dia, por volta das 15hs, e seguiram noite adentro, somando 24 horas de música só para os preparados Foram 15 atrações, entre nacionais e internacionais, e HT esteve lá para conferir o badalo, que contou com mais de 3 mil pessoas, 1800 no sábado e 1600 no último dia.

O festival já vem com bagagem, história e público fiel, e esta edição, segundo os organizadores, já funciona como aquecimento para a grande comemoração dos seus 10 anos, a ser realizada em 2015. Sobre a escolha do formato de festa “dia e noite”, Cláudio da Rocha Miranda Filho, da MM Live, organizadora do evento, explica: “O Rio tem uma vocação natural para o dia. O que anos atrás – no início da história do festival – seria inconcebível, hoje é uma realidade e só mostra maturidade para o consumo de música eletrônica.”

O simples fato de chegar no festival já deixa o público empolgado. Afinal, não tem como não flertar com a incrível vista, vislumbrando o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara, já a partir do amplo estacionamento onde começa o esquenta, antes da entrada. Nenhuma surpresa na entrada, tranquila e com staff simpático e organizado. Sempre é bom ser bem recebido, né?! A disposição do espaço é bem concebida, permitindo que tanto a rapaziada possa curtir o programa dentro da enorme tenda como também de fora, com as filas nos bares fluindo bem e ninguém podendo reclamar que não bebeu. Nesse primeiro dia de evento, mesmo com o tempinho com cara de São Paulo – com direito àquela garoazinha meio insistente – a moçada que lotou o espaço não desanimou.

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Fotos (Divulgação)

Quem começou os trabalhos por volta das 15hs é a DJ Ananda Nobre, manda bem no som propício de quem abre a pista e prepara terreno para a noite que vem pela frente. A gata é atual residente do Mono Club SP e da boate Cave no Rio De Janeiro, e a ela segue o paulistano Vintage Culture,já puxando mais pressão, com deep house da melhor qualidade. Não é à toa que é considerado uma promessa. Depois, os franceses do Amine Edge & Dance voltam à cabine nesta edição, após apresentação bombástica em maio. O duo mantém sua boa fama e tem público fidelíssimo, tanto que tocaram por duas horas, veja só!

Já pelas 2130h, sobe a cabine a dupla Bruce Leroys com ótimo tech house e aquela ondinha boa para dançar e sensualizar, cool! E, naquela hora em que o pessoal já está bem quentinho e saltitante, a festa prossegue com Moa & Capute e, depois,  Flow & Zeo esbanjando simpatia e mantendo a pegada de sempre. A dupla é prata da casa e marca presença em todas as edições, deixando nos presentes aquela vontade de “quero mais”. Por fim, a responsabilidade de fechar a noite é atendida quando o DJ Meme apresentando sua versão refresh, com som mais underground para não fugir da linha proposta e, assim, o primeiro dia do evento acaba por volta das 3hs da madruga.

No domingo, as nuvens deixam a cidade maravilhosa e o sol finalmente desponta no ceu. Dia perfeito para fechar o festival. Hora de reencontrar os amigos e rever quem se esbarrou na pista no dia anterior. Um agito repleto de gente bonita para todos os gostos e quem diz que o Chemical é balada para todas as tribos acertou! Todo mundo junto e misturado, em harmonia e respeitando as diferenças. Somente um senão: belas moças com saltos altos e produção arrojada demais para uma festa desse segmento. Sempre fica a pergunta: como elas conseguem dançar aquele batidão sem quebrar o rebolado? Guerreiras, viu! Até se vê poucos meninos sem camisa, boa dica de que todos estão ali para ouvir música e ponto. E nem se enxerga muita azaração, pelo menos daquela exagerada. Na maioria, meninos e meninas a levantar as mãos e sentir aquelas ondas sonoras que só quem sente sabe.

O som corre gostoso e a expectativa é grande por conta da grande atração da noite, Kaskade, que sobe na cabine atrasado, às 21hs, com aquela pompa de superstar. Ele já chega animando, mas, no fim do set deixa a peteca cair um pouco, apesar do deep delicioso na despedida. Pista comprometida para a atração seguinte, Johnny Glovez: o bonitão está no ranking dos 50 melhores DJs do Brasil pela revista especializada HouseMag. Segura a marimba! O rapaz anima e levanta novamente o público com seu carisma e som forte. Ninguém fica parado, fato!

Mas quem pode ser considerado o garoto prodígio da noite é o holandês Oliver Heldens, pela primeira vez no Brasil. Ele foi aquela boa novidade do evento, revelando um som refinado e maestria típica de profissional que produz faixas e levanta até aqueles mais acostumados ao sonzinho comercial, elevando a batida da boa música eletrônica às alturas e fazendo a galera querer mais e mais. Isso aí, garoto!

Além dele, Marcelo Cic oferece música perfeita para o ecletismo dos presentes e Jakko não deixa cair a fasquia, mantendo a pista devidamente saltitante. E cabe à dupla Rafael Abiramia B2B Rafael Mazonni encerrar a segunda rodada do badalo, deixando todos os participantes desejosos da tal celebração de 10 anos que está por vir. Valeu muito, e resta agora esperar o próximo ano.

* Carioca da gema e produtor de eventos, Bruno Muratori é uma espécie de fênix pronta a se reinventar dia após dia. No meio da década passada, cansou da vida de ator e migrou para a Europa, onde foi estudar jornalismo. Tendo a França como ponto de partida, acabou parando na terra do fado, onde se deslumbrou com a incrível luz de Lisboa e com o paladar dos famosos toucinhos do céu, um vício. Agora, de volta ao Rio, faz a exata ponte entre o pastel de Belém e a manjubinha