Carnaval 2020 – “É tempo das pessoas viverem tudo de forma mais lúdica”, diz Savia David, musa da Beija-Flor

*Por Domênica Soares

Mãe, advogada, atleta, fisiculturista e musa do carnaval, Savia David, 31 anos, é uma mulher multifacetada. Em 2020, será rainha da bateria da escola paulista Unidos de Vila Maria e também fará parte do time da carioca Beija-Flor, como musa da escola. “Me considero um pouco metódica. Eu costumo fazer planejamentos semestrais, dando prioridades de acordo com as épocas. Fim de ano, que é uma época já bem próxima do carnaval, já começo a me preparar para isso. Em outra fase do ano, eu já me dedico ao fisiculturismo e à vida de advogada. Mas, em todas elas, a função de mãe é sempre prioridade. Isso vem na frente de qualquer outra função, seja ela profissional, pessoal, de corpo ou carnaval. Mãe não dá para tirar férias”, comenta Savia.

Savia explica sobre diferenças do carnaval atual em comparação com o de 10 anos atrás (Foto: Márcio Farias)

Mãe de Laura e Lorenzo, ela explica que para manter a silhueta e aguentar firme a agenda corrida de compromissos durante o carnaval não faz muito esforço e frisa que, como se prepara frequentemente para competições de fisiculturismo, a dieta é uma constante, mas há exceções. Como o carnaval exige um corpo mais torneado, ela confessa que não passa vontade quando o assunto é comer: “Eu me permito a uma feijoada, mocotó. Amo. E eu levo de boa a preparação para o carnaval. Procuro comer comida leve, porém que me dê força. Nada muito restritivo. Bebo muita água e suco de limão com gengibre para combater a retenção de líquido”.

Sobre sua vida no resto do ano, ela frisa que costuma dizer que sua vida é uma novela, sempre com um capítulo diferente. “Eu sempre estou inventando alguma coisa, inovando porque não gosto de rotina. Eu também fico muito envolvida com as questões de desenvolvimento dos meus filhos, como escola, as atividades normais do dia a dia, festas dos coleguinhas, curto ajudar eles a escolherem as roupinhas, sentar com eles no chão e brincar, viajar. Essas já são atividades em que eu estou envolvida e esse ano, em especial, quero dar mais foco ao fisiculturismo. Pretendo escolher duas competições, com o nível mais elevado, e me dedicar com afinco a essas competições. Espero conseguir participar da minha primeira competição fora do Brasil, de preferência nos Estados Unidos”, explica. 

Com jornada dupla no carnaval, a advogada é rainha de bateria da da Unidos de Vila Maria, escola de samba paulista, musa da Beija-Flor, do Rio de Janeiro (Foto: Márcio Farias)

Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, Savia pontua que o carnaval é uma manifestação cultural, um momento no qual as pessoas têm para se jogar e viver tudo aquilo da forma mais lúdica possível. Ela afirma que também vê o carnaval como uma grande indústria. Antes mesmo dos desfiles de um ano acontecer, os historiadores das escolas de samba, por exemplo, já estão levantando possíveis enredos para o próximo ano, correndo atrás de patrocínio. Logo depois, quando já definido o tema, vem o pessoal da costura e outras áreas. “É uma empresa que envolve vários setores e proporciona empregos. E a folia é puro prazer”, diz.

A musa conta que durante o ano se prepara com afinco para campeonatos de fisiculturismo (Foto: Márcio Farias)

Sobre as diferenças do carnaval atual com o realizado há 10 anos, o cenário é totalmente diferente. Em relação à estética, ela explica que um exemplo que ilustra bastante essa mudança é o uso das penas, que sempre foram de animais e, hoje em dia, são produzidas industrialmente. Frisa que musas, ateliês e escolas de samba estão com total consciência sobre a preservação da fauna e flora. “Hoje em dia também tem uma facilidade maior de usar materiais alternativos. Eu, por exemplo, no ano passado usei uma fantasia com garrafas pet para desfilar na Vila Maria, onde sou rainha de bateria. Um material totalmente reciclável. Acho que no carnaval atual existe uma conscientização bem maior sobre diversos assuntos, o que não tínhamos como preocupação há 10 anos .Hoje, vejo o carnaval muito mais resumido nos desfiles de escolas de samba e nos blocos. Talvez pela violência, ou até mesmo por uma mudança de comportamento cultural, acabaram quase que por completo as festas em clubes, bailes de carnavais entre outros. Até mesmo as marchinhas enfraqueceram bastante”.

Savia David fala sobre carreira e preparo para o carnaval (Foto: Márcio Farias)

Ela frisa que o carnaval é união e parceria e que um precisa sempre do outro. Uma escola de samba não consegue ter êxito se não tiver com ela uma comunidade comprometida. “É confraternização. É você ser feliz, sonhando o sonho do seu parceiro que está ali do seu lado. Acho que essa é a principal mensagem que o carnaval, em especial das escolas de samba, pode levar para a sociedade. Meu maior sonho é deixar um legado, deixar valores aos meus filhos. E continuar incentivando pessoas, dizendo que é possível realizar seus sonhos, se tiver foco e comprometimento com seus ideais. Dificuldades terão, mas não há vitória sem sacrifício”, conclui.