*Por Domênica Soares
Nascida e criada na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, Duda Almeida vive desde criança no universo das escolas de samba. A São Clemente foi fundada pelo tio do seu avô Dario Maciel, o famoso tio Ivo. Duda será musa da São Clemente e essa estreia tem um valor muito grande na vida da jovem.“Desde pequena vou ao ensaios, minha mãe já foi porta bandeira da escola, meu tio mestre de bateria, o presidente é primo da minha mãe, e é um amor que passa de geração pra geração. O carnaval é resistência. É o amor e história de uma comunidade”, afirma Duda.
Ela explica que, apesar de estar estreando no posto de musa, é veterana na Sapucaí. Desfila desde os 12 anos. Já integrou a bateria, tocando chocalho, tamborim e caixa, cada ano um instrumento diferente na escola Coroado de Jacarepaguá. Além disso, a musa já esteve presente também na ala das passistas. Depois de 18 anos foi alçada ao posto de musa da bateria, por três anos seguidos, da escola de sua comunidade, que também foi fundada pela sua família, seus avós paterno e materno, junto com amigos. Duda diz que sempre teve o sonho de desfilar na São Clemente, independente de onde fosse. e já sonha vir na Comissão de Frente e também na ala das baianas.
Além de se preparar para o carnaval, durante o resto do ano Duda é modelo e faz seu trabalho no mundo digital. Além disso, participa de projetos sociais dentro de sua comunidade. “Desde que eu nasci, eu nasci preta, na cidade de Deus, e estar onde eu estou hoje, é uma exceção, eu não poderia deixar de contar a minha história, de defender o meu lugar. Todas as minhas falas foram inspirando jovens que vivem a mesma realidade que a minha, e essa é a maior importância que uma pessoa que sonha em ser artista pode desejar, que é inspirar cada vez mais pessoas com sua trajetória”. A modelo fala sobre preconceitos no carnaval, mas disse que nunca sofreu discriminação no mundo do carnaval. “Ele é nosso, mas acho que a festa ainda tem uma predominância masculina muito forte e gostaria de ver mais mulheres na presidência, como intérprete, e por aí vai”.
Duda tem opiniões fortes e engajadas. Para ela, a sociedade está caminhando a passos lentos. Hoje conversa-se um pouco mais sobre racismo, preconceito, mas ainda é necessário que essas falas e discursos cresçam cada vez mais e sejam disseminadas a um número maior de pessoas, porque afinal, o racismo ainda mata milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Mas Duda está aí para amplificar ainda mais essas vozes. Ela adianta que tem mil e um sonhos, mas pretende realizar metas de outros anos que não foram cumpridas, como alcançar novos mercados ba moda e se dedicar mais às redes sociais. “Quero ser grande para a minha comunidade”, garante.
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