Carlos Tufvesson é estilista e militante de direitos civis e humanos. Mesmo com a agenda lotada, ele faz questão de se dedicar de corpo e alma ao seu novo projeto: a plataforma Rio Moda Rio. Não para menos: filho da estilista Glorinha Pires Rebelo, aprendeu a engatinhar por entre pedaços de tecido na confecção da mãe e sempre mostrou engajamento para lançar um holofote na criação de estilistas cariocas. Durante a festa de estreia do Rio Moda Rio, Tufvesson parou para conversar com HT e contou que a noite marca a realização de um sonho. “É o formato que desejamos para a moda, um happening que, ao mesmo tempo, é uma homenagem. É para que nós nos emocionemos com a moda, nos surpreendamos. Tudo nesse evento é recheado de amor, carinho, cada sala é de uma maneira. Não é só para assistir aos desfiles, é para interagir com a moda, lançar novos estilistas… é, de fato, uma nova proposta para a moda brasileira. Eu, como profissional do meio, não tenho como não me emocionar por isso e também por estar com essa equipe de Gringo Cardia, Felipe Veloso, Duda Magalhães, Luiz Calainho, Rodolfo Medina… que estão aqui fazendo essa história acontecer”, declarou.
Interação, aliás, é o que não faltará nos dias da semana de desfiles e também durante toda a programação da plataforma. “Eu sempre me incomodei com o fato de que as pessoas que gostavam de moda não conseguiam vir para uma semana de moda, então pensamos nisso de ser aberto, com venda de ingressos. Ninguém precisa conhecer promoter, estilista. Se você ama moda como nos, só venha, o Rio Moda Rio é seu lugar. E que essas paredes sejam poucas para nos acomodar”, disse.
Logo na estreia, o evento prestou uma homenagem para quatro marcas de peso na história carioca. George Henri, Company, Yes, Brasil e Maria Bonita foram lembrados com carinho na enorme passarela montada no Pier Mauá. “É lindo começar tudo isso através desses quatro estilistas que fizerem a moda antes de ela existir, de fato, na cidade. Tem mais gente que quero homenagear na próxima edição, mas a escolha aconteceu naturalmente. George (Henri) e Maria Cândida (Sarmento) tinham uma historia semelhante e Simão (Azulay) e Mauro (Tubman) e quisemos casar. Não era contar a história da moda dos anos 80, mas mostrar que, quando bem-feita, a moda é muito atual. O que esses caras fizeram e pensaram faz eles serem revolucionários até hoje. Foi uma época que a gente podia ousar mais, brincar mais, e isso não deixava de ser trabalho”, explicou Tufvesson, que, apesar disso, não é particularmente fã da moda dos anos 80.
“Não sou amante dos anos 80, de ombreiras amplas, a mulher precisava de imagem de força que hoje não precisa. É interessante notar a evolução da força feminina, era um período que experimentações estavam sendo feitas, aí tinham aberrações também, mas a ousadia e o erro fazem parte. Quando a gente se limita muito é ruim, o risco é positivo e evitá-lo nos faz trabalhar na zona de segurança, mas isso não é arte. A experimentação é legal”, declarou. Não à toa, o formato do Rio Moda Rio é inovador. “Estamos propondo uma terceira geração de semana de moda, voltada para o público, com formato ‘see now buy now’. É todo um outro diálogo que está começando hoje e é muito importante que não seja só para os profissionais de moda, mas que falemos, de fato, com quem está de fora do ecossistema fashion. Trazemos informação para gerar consumo. É moda para aprender, se apaixonar, se identificar”. Precisa falar mais?
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