You bitch! Pelos bastidores da SPFW, modelos estabelecidas e new faces falam das meninas malvadas que já viram pela frente!

*Por João Ker

Não é segredo para ninguém que a vida de uma modelo é muito menos glamourosa no dia a dia do que seus quinze minutinhos de fama em uma passarela, ou ainda fora das megaproduções de editoriais que as publicações fazem o público querer acreditar. Por trás de toda aquela atitude poser, há uma correria desenfreada, em rotina nada glamurosa, mas até mesmo proletária, com trocentas provas de roupa, dietas absurdas, exercícios exaustivos, quartos divididos em apartamentos minúsculos lotados, horas perdidas em salas de embarque de aeroportos apinhados e, o pior: a competitividade desumana das colegas que, às vezes, beira o terrorismo emocional. O exemplo mais recente dessa guerra nos bastidores aconteceu durante esta última edição da New York Fashion Week, quando a irmã mais nova de Kim Kardashian, Kendall Jenner, sofreu um bullying pesado das companheiras de profissão, que não a consideravam digna de estar ali (os prós e contras de sua família ter um reality show graças a uma sex tape, não é mesmo?).

Como modelo tem a mesma função – e passa pelos mesmos apertos – em qualquer lugar do mundo, HT saiu percorrendo o backstage desta edição da São Paulo Fashion Week para descobrir, tanto das new faces quanto de grandes nomes estabelecidos na indústria, se os rumores de assédio nessa linha podem proceder no mundinho fashion. Garotas com a bola cheia como Alicia Kuczman, Luma Grothe e Renata Kuerten revelam, em primeira mão, as situações em que já encontraram meninas malvadas pelo caminho e você lê tudinho aqui embaixo. Vem, meu bem, vem que a bruxa está solta. Lietralmente!

No backstage da Animale, a sempre animadae tagarela Alicia Kuczman afirma que as meninas malvadas existem sim, que elas não são nenhum personagem de carochinha, mas que sua existência não a preocupa. Parece que o guarda-chuva anti-recalque é uma das vantagens de estar com 21 aninhos e ser uma das modelos mais requisitadas do mercado nacional, não?. “Acho que nós somos todas luzes com o timing certo para brilhar e acontecer. Claro, também somos humanas e entra o ego nessa história, mas eu não dou atenção para isso”, filosofa a bonita, sem entrar muito em detalhes, mas deixando entrever que já passou por dissabores, sim.

Alicia Kuczman (Foto: Gustavo Chams)

Com 10 anos de carreira – calma, ela ainda é novinha, mas começou aos sweet sixteen -, Renata Kuerten conta, no backstage de Victor Dzenk, que já viu muita coisa acontecer, mas agradece por nunca ter sofrido com isso também. “Malvadas existem várias, uma penca aliás, mas eu não deixo nunca elas abaterem meu espírito. Até porque elas me tratam mutiíssimo bem”. Ops, como assim, malvadas cordiais, é isso?!? “Exato, meu amor. O truque é não bater de frente jamais, até fingir que não vê”, dá a dica. “Eu já vi meninas que tiram o sapato das outras e escondem – como é sabido que, nos anos 1980, Monique Evans fazia isso com as concorrentes, mas comigo isso nunca aconteceu. E olha que eu tenho o pé pequeno, calço 37! Mas normalmente as meninas até me ajudam”, conta a fofa.

Renata Kuerten (Foto: Gustavo Chams)

Luma Grothe tem subido em ascensão crescente, desde quando HT a entrevistou na última edição da SPFW. Apenas neste semestre, a dona desses irresistíveis olhos verdes e essa bocarra capaz de deixar a espanhola Esther Cañadas – ícone das passarelas nos anos 1990 – no chinelo, já foi capa da Harper’s Bazaar ao lado de Cauã Reymond (o qual ela diz que é “bem tranquilo,muito bonito e conversa bastante”) – e teve um ensaio todo todo todo caliente na Vogue brasileira de setembro, clicada pela companheira de longa data no mundo fashion, Ellen von Unwerth (“Eu não sei a idade dela, mas parece que tem 16 anos de tão animada e divertida que ela é no set”). Mas, em relação às meninas malvadas, ela se faz de Katia Cega e diz que nunca viu nada: “Sou muito tranquila, não passei por isso. Sorte, né?”. Plus talento inegável, baby.

Luma Grothe no backstage da Tufi Duek (Foto: Gustavo Chams)

A bela e divertida Rebecca Gobbi diz que já foi prejudicada pela “energia pesada” das mean girls. “Uma dica para se livrar disso? Não conviva com modelos. Eu tenho até algumas amigas, mas isso acontece mais em república. Já roubaram minha comida, minha roupa, acabaram com minhas coisas, até meu namorado as biscates já atacaram”, comenta, em tom de quem não perdoou a fura-olho até hoje e mostrando que, se precisar, arma barraco para defender o que é dela.

Rebecca Gobbi (Foto: Gustavo Chams)

Uma das modelos mais graciosas e tranquilas que se pode encontrar pelos corredores de um backstage, Mayara Rubik conta, antes de subir à passarela da Cavalera, que “graças a Deus nunca encontrou ninguém assim e que nunca teve problema com intriga porque sempre deseja o bem para as pessoas”. Hum, pelo jeito faz a linha “recebo aquilo que desejo porque a energia vai e volta”. Está bem, queridinha, HT e  todos os leitores daqui até a Conchinchina vão fingir que acreditam que essa carinha linda de Michelle Pfeiffer não desperta a ira das amigas da onça. E, para as desavisadas, a loura ainda deixa um conselho: “Seja sua amiga e confie em seu próprio trabalho. Porque, assim que elas acharem uma brecha, elas atacam”. Apesar da energia positiva, ela deixa escapar que já viu roubarem roupa, comida e todas as outras coisas de praxe.

Mayara Rubik (Foto: Gustavo Chams)

Letícia Lamb conta que já teve rixa das pesadas durante uma temporada de desfiles em Milão: “Nossa, eu lembro que havia umas russas, tipo garota infernal, que fizeram um grupinho e começaram a a atacar as brasileiras, dizendo que a gente tinha mexido nas coisas delas. Já passei também pela situação de terem roubado mu rango na geladeira, esse tipo de coisa bem mimimi. Normalmente, eu ignoro”, mostra, querendo dizer que está acima dos meros mortais achacadores.

Letícia Lamb (Foto: Gustavo Chams)

O lusitano Fernando Cabral, um do destaques da Cavalera e o único homem que irá desfilar para Alexandre Herchcovitch durante esta temporada, diz que o meio é competitivo mesmo, mas que, entre os homens, o clima costuma ser mais camarada: “Todo mundo compete pelo mesmo trabalho, mas nunca presenciei nada além disso. Os homens parecem ser de fato bem mais easy going“.

Fernando Cabral (Foto: Gustavo Chams)

O louro de cachinhos de príncipe Bruno Ortega concorda com Fernando Cabral e afirma que nunca presenciaram nada desse tipo no meio masculino, dando a  entender que o universo masculino é puro oásis: “A galera é muito mais unida, a gente até viaja junto”, comenta Bruno, querendo insinuar um clima de rapaziada brother entre si. Ele continua: “Com mulher é diferente. Já ouvi até história de menina que trancou a amiga no apartamento para ela não conseguir sair para o casting“, entrega, sem citar nomes. Ficou chocado aí também?

Bruno Ortega (Foto: Gustavo Chams)

Isso não é nada: “Já vi colocarem laxante na bebida da outra garota”, conta Lucas Gonzaga, negro de pele bombom e simpatia infinita, finalizando com detalhes que nem devem ser trascritos aqui, dignos de uma ameixa. É, o mundinho dos modelos é mesmo capaz de fazer Miranda Priestley parecer mesmo a irmã-caçula de Heidi, a pequena orfã.

Lucas Gonzaga (Foto: Gustavo Chams)