*por Vítor Antunes
A última semana ficou marcada por notícias envolvendo artistas. Um deles foi o atropelamento de Kayky Brito, na Barra da Tijuca; outro, o fato de o músico Rinaldo Oliveira Amaral, o Mingau, do Ultraje a Rigor, haver sido alvejado por um tiro na cabeça na cidade de Paraty (RJ); a namorada do influencer Tiago Toguro, Nara Paraguaia, também estar internada em estado grave após haver tido complicações no parto; outro relaciona-se ao cantor gospel Régis Danese, que sofreu um grave acidente de carro em Ceres (GO). O que une os quatro casos, não poderia ser diferente, são as notícias veiculadas a respeito deles. No entanto, algumas plataformas da internet compartilham manchetes criando alarmismo e sugerindo que todos os personagens supra citados morreram, através de imagens dúbias e conteúdos que induzem ao erro. Em todos eles, thumbnails sugerem que personalidades em tratamento médico faleceram.
Segundo a dissertação da jornalista Edna Silva, publicada pela Universidade Metodista de São Paulo, o Oxford Internet Institute aponta que 60% dos disseminadores de desinformação estão utilizando as plataformas sociais e de busca para converter o tráfego de suas páginas em receita. O X/Twitter é um dos responsáveis pela maior quantidade de desinformação, respondendo por 59% das notícias falsas. O YouTube, plataforma na qual se apoia esta reportagem, responde por 27% e o Facebook, a 24%. “O combate à desinformação,
portanto, exige força-tarefa da imprensa e das agências de fact checking, mas também uma
revisão ética daqueles que lucram indistintamente com o conteúdo que atrai os cliques nas
plataformas sociais”, diz a Mestra em Comunicação.
Estima-se que a cada mil visualizações o YouTube pague de US$ 2 a US$ 34. A cada 100 mil visualizações, de US$ 500 a US$ 2.500 e a cada milhão, de US$ 2 mil a US$ 4.000. Alguns dos canais citados abaixo já chegaram à marca dos bilhões de acessos.
Um dos canais sugere, de forma ainda mais inclinada, a morte de Régis Danese e de Kayky Brito. O canal existe desde 2006 e tem 500 mil seguidores e já teve alcance de quase 58 milhões de pessoas. As supostas notícias que redirecionam para Kayky são ainda mais graves: “Morre após cirurgia nesse exato momento, Kayky Brito, aos 34 anos, internado no Hospital Copa D’Or” e “Morre ator após complicações em seu quadro de saúde. Mãe de Kayky Brito acaba de confirmar“. O canal no Youtube sugere que o cantor Chico Buarque, as atrizes Laura Cardoso e Irene Ravache também morreram. Na thubmnail que relaciona o ator Marcos Frota a uma notícia, dizem “ele foi esmagado em um acidente”. Na locução em off, que sofreu um “trágico acidente de carro deixando vários fãs em lágrimas”. A esposa de Marcos foi quem acidentou-se, em 1993. A vítima de um grave acidente de automóvel e que consta na reportagem foi o jogador de futebol do clube Hoang Anh Gia Lai FC, do Vietnã, Paollo Madeira de 27 anos, nascido aqui no Brasil.
Os conteúdos inventados e/ou manipulados não é restrito às acusações de morte. Outro canal, também no YouTube, já atingiu praticamente 3 milhões e 300 mil pessoas. Neste caso, o problema está nas alterações e deformações no rosto dos artistas a fim de seduzir os espectadores diante de uma apresentação bizarra dos atores ao estilo “antes e depois”. O rosto de celebridades como Fátima Freire, Mylla Christie, Lucinha Lins, Maitê Proença, Lizandra Souto e Jéssica Sodré foi mexido de modo a ficar irreal.
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