Camila Pitanga, que trafegava no morro da Babilônia há um ano em horário nobre, agora será vista em chão de terra batida às margens do rio São Francisco. Para a atriz, essa vastidão do Brasil possibilita contar mil histórias e deve ser explorada nas telas: “Não é para desacreditar nas novelas urbanas, elas também contam a história do país. O legal é justamente trafegar. O Brasil é tão rico que tem que ter esse trânsito. É interessante conhecer todas as regiões nas telas. Veremos em primeiro plano, agora, o Nordeste, mas que venham novelas que falem do Sul também. Tem riqueza cultural e o que contar de sobra”, analisou ela que, prestes a viver Maria Tereza em “Velho Chico”, gravada no sertão, sintetizou: “É uma mulher que está voltando às suas origens, se reconectando com sua natureza interior e a natureza do Velho Chico. A agonia que esse rio passa, de estar morrendo, é um pouco a agonia interior dessa mulher que está tentando se reerguer e quem sabe se redescobrir”, explicou.
O motivo? A personagem é exportadora de frutas e já conheceu o mundo, mas quer voltar às raízes. “Ela viajou muito, mas é do interior, tem o pé na raiz profunda ao mesmo tempo que é sofisticada. Tem apreço por aquele lugar. É um personagem que vive uma crise existencial, está trocando de pele, querendo recuperar uma origem mais conectada com sua juventude e essência e tem muitas contradições. Ela não tem muitas certezas”, adiantou. Parte das dúvidas é, claro, no amor: “A ferida da paixão da adolescência que ela achava que tinha cicatrizado a deixa inquieta. Ela é casada com o Carlos Eduardo (Marcelo Serrado) e eles são grandes cúmplices e tem afeto e carinho, mas é apaixonada pelo Santo (Domingos Montagner). Digamos que o Carlos Eduardo é o marido e o Santo é o homem”, definiu.
Cheia de nuances, a personagem ainda lida com outra questão: o amor por um pai que a oprime: “ela é filha do Afrânio (Antônio Fagundes), um homem superopressor. Mas ela ama esse pai, então ela vive essa dificuldade de se ver tao diferente dele e ao mesmo tempo querer aproximar. Há um duelo constante entre esse pai e essa fila mas o pano de fundo é o amor entre os dois. A dificuldade do dialogo dói pra ela. Ela quer retomar o reconhecimento daquele lugar”, contou Camila, que admite: teve receio ao aceitar outro grande papel logo após “Babilônia”: “Mas a Regina eu vivi quando estava gravando. Quando acaba eu me despeço. Às vezes os trejeitos ficam, a Bebel (sua personagem em “Paraíso Tropical”) foi um pouco assim. Mas estamos em um contexto totalmente diferente, o processo de trabalho é outro”, disse.
O maior desafio? “Estar nesse caldeirão de talentos dessa novela”, elogiou, antes de destacar as atrizes com quem divide o papel. “A Julia Dalavia tem a assinatura dela, o talento incrível dessa jovem atriz que eu garanto: vai emocionar muita gente. Vou beber dessa fonte, da Julia e da pequena Isabella Aguiar que é fantástica. São referências, sim. Vou me banhar no mesmo rio”, garantiu.
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