*Por Brunna Condini
Em Madri, na Espanha, onde deve ficar até o início do segundo semestre, gravando uma série para Netflix, Bruno Gagliasso falou com o site HT sobre a nova fase na vida. Aos 39 anos, recém completos, ele vem se reinventando, diversificando nos empreendimentos cada vez mais e experimentando novos desafios desde que saiu da Globo em 2019, após 18 anos de exclusividade na emissora.
O ator estará em ‘Santo’, série original espanhola criada por Carlos López, que conta ainda com o diretor Vicente Amorim e o roteirista Gustavo Lipsztein, ambos brasileiros. Bruno protagoniza a produção com o ator espanhol Raúl Arévalo. “O que posso dizer é que estou muito feliz e empolgado, estudando bastante também, totalmente imerso no perfil do personagem, que é um policial federal, o Ernesto Cardona. Estou há mais de um ano dedicado a essa série, realizando encontros virtuais de leitura com elenco e diretores. O lançamento está previsto para 2022, e é uma produção com equipe brasileira, que ainda destaca a nossa cultura na trama”, diz sobre seu primeiro trabalho na Netflix.
Além desse projeto, ele tem uma série nacional, em oito episódios, também confirmada neste canal de streaming.
Bruno comenta ainda que aguarda com expectativa a estreia do longa ‘Marighella’, comandando por Wagner Moura, em sua primeira direção de cinema. O filme conta a história do ex-deputado, poeta e guerrilheiro focando em seus últimos cinco anos de vida, de 1964 a 1969, quando foi violentamente emboscado durante a Ditadura Militar. O filme tem sido adiado desde novembro passado, data prevista para a estreia, quando enfrentou problemas na liberação de verba da Agência Nacional do Cinema (Ancine). “Estou muito entusiasmado para o lançamento do filme. Acredito que o público também esteja bastante ansioso, finalmente vamos estrear no Brasil este ano se tudo correr bem’, anuncia.
Pai de três filhos, Titi (Chissomo), de 7 anos, Bless, 4, e o caçula, Zyan, de 9 meses, do seu casamento de 11 anos com a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank, ele sente saudade da família, apesar da satisfação com as novas empreitadas, e sintetiza como é equilibrar paternidade, a carreira de ator e as atividades como empresário: “É uma loucura maravilhosa! Sou muito feliz e realizado tanto na vida pessoal quanto na profissional”.
Mais que amigos, sócios
No papel de empreendedor há alguns anos, solo ou em sociedades, ele deslancha nos negócios e não se acomoda. Para Bruno, além do negócio lhe atrair e ser viável, deve se relacionar com sua identidade. E isso, ele garante que seu último empreendimento tem de sobra. O ator é o mais novo sócio da Vodka VOA, ao lado do amigo Mário Bulhões – empresário que comandou marcas como Pachá e Café de La Musique, no Rio de Janeiro. Eles uniram a experiência de Bulhões como empresário e o espírito empreendedor e a visibilidade de Gagliasso.
“Eu acredito em produtos que tenham alma e fico feliz em doar um pouco da minha essência a um produto brasileiro, feito com o nosso talento”, diz o ator. “Sempre bebi socialmente e mais do que simplesmente beber, gosto de apreciar bebidas. Mário me presenteou com algumas garrafas de VOA, quando lançou a bebida, em 2019. Experimentei e me apaixonei mesmo. Posso parecer suspeito em falar, mas é diferente de tudo o que já conheci em se falando de vodka, ela realmente tem sabor e qualidade, e reforço: é uma coisa nossa, brasileiríssima, feita artesanalmente”, apresenta Gagliasso.
Chegou a hesitar por se tratar de bebida alcóolica? Muitos famosos não curtem aliar sua imagem a bebidas…acha que é por prudência ou preconceito? “A gente tem no mundo inteiro embaixadores incríveis de marcas de bebidas como o George Clooney, Bruno Mars, então me sinto é extremamente honrado. Cada um tem seus critérios e convicções e os meus são com a qualidade e com o incentivo a um produto nacional premium, feito por nossa gente, com nossos valores. É evidente que é preciso que se lembre sempre que a frase “beba com moderação” não é uma brincadeira. E isso eu jamais me esqueço!”, afirma.
Amigos há 20 anos, Gagliasso e Bulhões detalham o diferencial do produto. “Acredito em produtos que tenham alma e esse tem. Foi a primeira coisa que me atraiu. Além disso, é um destilado nacional, produzido no sertão nordestino. Não deixa em nada a desejar às melhores vodkas internacionais, tanto que já foi premiada lá fora”, ressalta o ator. Mário salienta o caráter inovador do empreendimento da dupla: “Durante os anos que trabalhei com entretenimento, mais de uma década, sempre vendi muita vodka. Tive contrato com as principais marcas durante esse período. Ao analisar o mercado de bebidas, percebi que todos estavam produzindo Gin ou cervejas artesanais. Ora, por que o Brasil não pode produzir uma vodka ultra premium com qualidade internacional? Aí começou o projeto com esse propósito: produzir uma vodka brasileira que ficasse entre as melhores do mundo”.
Como é empreender em um país com a mais alta taxa de impostos e a maior burocracia do mundo? Acreditam mesmo que o Congresso Nacional vai aprovar novas regras para abertura de empresas? “Sem dúvida empreender não é uma tarefa fácil em nenhum lugar do mundo. Mas no Brasil é realmente mais complicado. É como ‘construir um avião em queda livre’. Acredito que a legislação terá que evoluir e novas regras são fundamentais para fomentar e apoiar o empreendedorismo”, avalia Bulhões.
Gagliasso faz coro: “É desafiador e, infelizmente, nem sempre posso dizer isso de forma positiva. Tenho esse viés empreendedor desde muito novo, quando via a minha mãe empreendendo, e, até aqui, posso afirmar que sou muito realizado com todos os projetos que participei. Sobre a aprovação de novas regras, torço para que sim, muitos querem empreender, mas desanimam ou tentam e não conseguem e isso se deve, em parte, à falta de incentivo”.
Mas nem só de vodka vive a marca. Bruno também é “embaixador, head de criação e inovação social”. O que isso quer dizer na prática? “Além me tornar o rosto de divulgação da VOA, conversei muito com o Mário e contei sobre a minha vontade de focar em ações sociais, porque queria também um propósito além do produto, fabricação, venda. E, nesse início, estamos planejando oferecer curso de bartender para pessoas carentes e apoiar ONGs de reintegração de aves à natureza. Ações que têm tudo a ver com a marca”.
Além do empreendimento que é sua estreia no ‘mundo etílico’, Bruno Gagliasso também tem duas pousadas em Fernando de Noronha (Maria Bonita e Maria Flor), a startup CredPago, e a Forneria Gagliasso. Ele também era sócio de uma hamburgueria, mas a sociedade se desfez. O que aconteceu? “Como parei de consumir carne vermelha, sair dessa sociedade foi uma consequência dessa escolha. Defendo o consumo consciente, mas não sou radical. O que desejo é que a gente saiba a origem do que a gente come. Nesse caso seria totalmente incoerente com as minhas escolhas”.
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