Bruna Altieri representa o Brasil em ‘Limits’, minissérie gravada em Nova York


A atriz de 19 anos que interpretou a princesa Valentina em ‘Deus Salve O Rei’ e está em cartaz nos cinemas com a comédia ‘Socorro, Virei Uma Garota!’ acaba de rodar a minissérie ‘Limits’ em Nova York, com direção do colombiano Daniel Zambrano. ‘Nasci entre dois mundos e isso expandiu as minhas expectativas e pensamentos’, afirma

Bruna Altieri (Foto: Pino Gomes)

*Por Jeff Lessa

Guarde esse nome: Bruna Altieri. Você deve se lembrar dela como a linda princesa Valentina, da novela “Deus Salve o Rei”, exibida entre janeiro e julho do ano passado na faixa das 19h da Globo. No momento, pode ser vista no cinema, na comédia “Socorro, Virei Uma Garota!”, dirigida por Leandro Neri, que entrou em cartaz em 22 de agosto. Tem mais. Bruna acaba de retornar de Nova York, onde integrou o elenco de “Limits”, nome provisório da minissérie gravada na cidade com direção do colombiano Daniel Zambrano, que já teve seu trabalho reconhecido em festivais como Cannes Lions e Clio, The One Show and D&AD. A atriz interpreta Natalie, jovem que foi abandonada pela mãe brasileira e criada pelos avós paternos americanos. Já na websérie de suspense “Sociedade Psi”, segundo lugar na votação popular do Festival Internacional do Audiovisual (FIAV), ela vive Rita, uma patricinha curiosa e destemida. Além de atuar, dirigida por seu primeiro namorado, o ator Guilherme Leicam, Bruna cuidou da produção executiva.

A atriz paranaense Bruna Altieri adora o Rio de Janeiro e já se diz ‘cidadã carioca’ (Foto de Pino Gomes)

Já deu para sentir que, com apenas 19 anos, a atriz tem uma bela lista de realizações na televisão, no teatro, na web e no cinema. Tão longa, claro, quanto a juventude permite, uma vez que, como milhares de garotas de sua idade, ela se divide entre o trabalho e os estudos – no caso, o curso de Artes Cênicas, que conclui no começo do ano que vem na PUC-Rio. “Sou atriz e comecei no teatro quando tinha sete anos. O importante é nunca parar de trabalhar” diz Bruna, orgulhosa.

A disposição para o trabalho vem desde muito cedo. A paranaense conta que chegou ao Rio com 14 anos, para morar sozinha na cidade. “Minha mãe ficou comigo nos primeiros meses. Enquanto eu estudava, fazia cursos de cinema, de formação de atriz, de audiovisual. Amadureci muito, estava tudo nas minhas mãos e eu tinha que estudar, limpar a casa, cozinhar. Comecei a ver a família de uma outra maneira”, diz a jovem, que estudou com preparadores de atores renomados como Susan Batson, em Nova York, e Sérgio Penna, no Brasil. “Mas eu me adotei cidadã carioca! O Rio me abraçou de uma maneira única. Aqui eu tenho a minha casa, minha gatinha. É uma das cidades que mais amo no mundo”.

A experiência internacional de Bruna vem do berço. Nos primeiros anos de vida, ela morou em Nova York – é filha de pai italiano e mãe brasileira. “O inglês é a minha primeira língua. Meu pai só falava comigo em inglês e minha mãe, em português. Falo os dois idiomas sem sotaque. Nasci no meio de dois mundos e isso expandiu as minhas expectativas, abriu os meus pensamentos”, ressalta Bruna, que tem dupla nacionalidade e acredita que ser totalmente bilíngue é um trunfo na carreira. “Poder experimentar isso com uma equipe em que as culturas se misturam é fantástico. (No caso, a equipe de “Limits”). Especialmente quando se tem um roteiro tão bom nas mãos”.

Bruna se forma no curso de Artes Cênicas, na PUC-Rio, no começo de 2020 (Foto de Pino Gomes)

Mas não é só. O mix de culturas inclui, ainda, uma boa dose de italianice: “Meus avós paternos são italianos. Quando vou jantar na casa deles, sempre tem muita comida, aquela decoração super italiana, muita gente falando ao mesmo tempo. Depois que viemos para o Brasil, nunca deixamos de visitar a família americana, estamos sempre lá, temos muitos parentes em Buffalo. Eu adoro essa mistura de influências na minha vida, me sinto abençoada por ter acesso a culturas diferentes”, diz, emocionada. “Mas sou brasileira, apesar de sonhar muito em inglês. Sinto saudade dos Estados Unidos, da família e dos amigos, dos restaurantes, de pedalar no Central Park. Mas com o Rio é diferente. Tenho paixão”.

Apaixonada por trabalho, pela cidade e pelo estudo de Artes Cênicas, Bruna não poderia ter escolhido lugar melhor para viver: a Barra da Tijuca. “Fica no meio do caminho entre a PUC e o Projac”, resume a atriz, que credita ao curso uma grande parte de sua visão de mundo ampliada e aberta a experiências. “As Artes Cênicas me mostraram quanta gente talentosa existe por aí. É um curso muito diverso, dá um panorama cultural muito abrangente, incentiva o estudo mais aprofundado. Nosso olhar sobre o mundo se modifica e se expande incrivelmente”.

A atriz tem dupla nacionalidade, italiana e brasileira, e acredita que ser bilíngue é um trunfo (Foto de Pino Gomes)

A disposição e a energia boa que transmite não deixam perceber que Bruna já passou por alguns revezes. Normal. Um deles foi na época da novela “Verdades secretas”, que foi ao ar na Globo em 2015, quando fez teste para a personagem Angel. A atriz estava prestes a completar 16 anos, mas a idade impediu que ela participasse do elenco por conta das cenas de sexo e nudez. O papel acabou ficando com Camila Queiroz: “Cheguei a ser emancipada legalmente pelos meus pais, mas não rolou. O importante é estar disponível para aprender. Aprender com o outro. Pode parecer que isso é bobagem, mas a gente aprende só de observar outro ator”, diz. “Não podemos julgar. Se o ator julga, já entra no papel com limitações”.

O julgamento, porém, ainda é uma questão séria para Bruna – só que aqui estamos falando de autojulgamento: “Adoro a sensação de trabalho realizado e, quando você se assiste, só repara nos erros. Sou muito perfeccionista e tento esquecer um pouco isso. É muito injusto: você teve tempo para se preparar, fez o melhor. Não pode só se criticar. Aprendi a apreciar, a tentar deixar de lado o perfeccionismo. Se acharmos que está tudo errado sempre, perdemos muitas oportunidades de trabalho”.

Os trabalhos, como dissemos no começo desse texto, são variados. Afinal, estamos em 2019 e a comunicação se faz de formas muito plurais neste primeiro quarto do século 21. Como uma jovem atriz, que está despontando para o mundo, encara a multiplicidade de meios que temos atualmente para nos fazer ver e ouvir? Bruna fala dos extremos: o teatro milenar e a web série. “Eu gosto dessa diferença entre os meios. Curto todos. No teatro temos muitos ensaios que reúnem todo o elenco. A projeção da voz é diferente, a preparação de corpo… Já fiz uma peça com clima de cabaré e foi maravilhoso. A web série é bem mais casual, mais dia a dia, mas o ator não é ninguém sem a equipe”.

É… Você ainda vai ouvir falar muito sobre Bruna Altieri.