Brenno Leone, de ‘Sob Pressão’, e a Geração Y: ‘Não pareço ter quase 30 anos, mas, às vezes, me sinto careta’

* Por Carlos Lima Costa

Muitos termos já representaram o velho conflito entre as gerações. Mais recentemente, ‘cringe’, que foi polêmica na web entre a geração Z e a Y, também conhecida como millennials. Aos 29 anos, Brenno Leone, que atuou em novelas como Três Irmãs, Malhação – Seu Lugar no Mundo, Éramos Seis e Gênesis, e que, no momento, pode ser visto na quinta temporada da série Sob Pressão, no Globoplay, faz parte da Geração Y, os Millennials, pessoas nascidas entre 1981 e 1995, consideradas cringe pelos mais novos. Essa história provoca gargalhada no ator. “A galera que usa esses termos é a mais nova, a dos aplicativos de dança, do TikTok, mais ligada em videogame, celular, que já não é tão da rua. Eu sou da geração que soltava pipa, jogava bola de gude, futebol, fazia meu golzinho de chinelo, brincava na rua. Não tenho cara de quem vai completar 30, mas, às vezes, me sinto um pouco careta, porque hoje em dia por conta do TikTok, quando você vai para uma festa, está todo mundo fazendo coreografia sincronizadinha com essas danças de agora. Eu não curto, acho pouco engraçado. Até já brinquei com a minha mãe em alguns vídeos, mas não levo a sério como essa galera. Nem tenho TikTok. Só fico pelo Instagram”, observa ele, que tem mais de 700 mil seguidores, e enaltece seu mais recente trabalho na televisão.

Brenno Leone, que atuou em novelas como Três Irmãs, Malhação – Seu Lugar no Mundo, Éramos Seis e Gênesis, no momento, pode ser visto na quinta temporada da série Sob Pressão (Foto: Lukas Alencar)

Em Sob Pressão, Brenno interpreta Rodrigo, filho do personagem de Fábio Assunção. “Foi incrível. O Fábio é um ator que eu admiro muito. Já havia trabalhado com ele na série A Fórmula. Agora, quando soube que eu ia fazer o personagem, me ligou perguntando o que tinha pensado, trocamos uma ideia. Foi muito legal. Fiz aula de mergulho, porque pai e filho praticam pesca submarina. Meu personagem erra o tiro de arpão e acerta a cabeça do pai, que dá entrada no hospital com o arpão atravessado na cabeça. Essa série é incrível, eu sempre assistia e fiquei feliz de fazer parte dessa história”, conta Brenno.

Nas redes sociais, ele opta por não escrever nada sobre assuntos polêmicos. “Eu acompanho o que está acontecendo, converso com meus amigos sobre temas relevantes, mas na rede social, deixo pra postar mais o meu dia a dia, lifestyle ligado ao esporte e saúde. Prefiro opinar entre meus amigos e familiares. Hoje em dia, acho meio perigoso emitir uma opinião na internet em situações que, às vezes, você não é muito embasado e acaba falando besteira. Assim, também fico um pouco mais longe dos haters da internet, que fazem um pouquinho de força para não entender as coisas. Por mais que estejam ali explicadinhas. Sou mais da good vibe, do lado mais solar e saudável que eu curto”, enfatiza.

(Foto: Lukas Alencar/Beleza e produção: Luan Milhoranse e Luís Carlos Lobo)

No reservado, a política é um dos assuntos que mais toca Brenno. “Conversamos bastante sobre esse momento que o país está passando, as eleições, esse rebuliço sobre quem iremos votar. Será que vai mudar se entrar um, outro, será que nosso país tem jeito novamente ou as coisas vão continuar piorando mesmo se mudar o presidente? Nesse momento, está claro para todos, a desigualdade, a falta de emprego, o preço alto dos alimentos. Acho que isso pode mudar, aos poucos, claro. Mas precisamos ter no poder uma pessoa mais calma, que não seja tão truculenta, nem tão extremista nas situações. É mais fácil conversar com alguém que deseje entender o ponto de vista do outro do que com uma pessoa de cabeça fechada, que não aceita opinião de ninguém”, observa.

Hoje em dia, acho meio perigoso emitir uma opinião na internet em situações que, às vezes, você não é muito embasado e acaba falando besteira – Brenno Leone, ator

Brenno, por exemplo, é contra a liberação para compra de armas. “Outro dia, um policial entrou em uma balada com arma e matou um atleta (Leandro Lo, aos 33 anos), campeão mundial de jiu-jítsu. Foi um policial, um cara que teve treinamento com arma, passou por teste psicológico, e não teve o discernimento de segurar a raiva e acabou fazendo uma tragédia, podendo até acertar outras pessoas. Agora, imagina uma pessoa comum, que não passa por treinamento nenhum, discutindo no trânsito, na fila do supermercado, do banco, no shopping. Vemos as pessoas brigando por coisas banais, às vezes, como vaga de estacionamento. Então, não sou a favor de liberar arma para o cidadão comum”, frisa Brenno, que já integrou uma banda de rap, a Cooltura, com dois amigos, na época em que estava terminando de gravar como o vilão Roger, de Malhação – Seu Lugar no Mundo.

“Eu sou da geração que soltava pipa, jogava bola de gude, futebol, fazia meu golzinho de chinelo, brincava na rua (Foto: Lukas Alencar)

“Eu sou da geração que soltava pipa, jogava bola de gude, futebol, fazia meu golzinho de chinelo, brincava na rua (Foto: Lukas Alencar)

Brenno cantava e escrevia músicas. “Era maneiro, viajávamos, fazíamos shows, mas a galera foi querendo trabalhar em outras profissões. Eu também comecei a engatar um personagem no outro e a música foi ficando em segundo plano. “Deixei de lado esse hobby. Estou focado nos trabalhos como ator, sempre pesquisando, participando de workshops, estudando, lendo peças, antenado com o que está acontecendo”, ressalta ele, que ingressou na carreira artística, quando era modelo, profissão que surgiu por acaso.

DAS ONDAS DO MAR PARA A CARREIRA ARTÍSTICA

“Eu cresci surfando, surfo até hoje. Eu era moleque, tinha um cabelão louro, chamava muita atenção. Uma vez, quando saí da água, uma pessoa me deu um cartão, disse para eu ir em uma agência. Foi quando conheci o Sérgio Mattos. Trabalhei um tempo com ele, quando apareceu um teste para a novela Três Irmãs, na Globo, onde estreei como o surfista Zig. Caí totalmente de paraquedas. Quando passei para a novela, colocaram a Paloma Riani, que é incrível, para cuidar da gente, trabalhar o texto ali e ela conseguiu acender isso dentro de mim. A magia aconteceu. Eu vi que era isso que eu gostava de fazer: atuar. E se quisesse continuar, eu teria que estudar. Fui cursar teatro”, ressalta.

Até, então, Brenno planejava ser surfista profissional, competia na categoria de iniciantes, treinava, tinha patrocínio, viajava para competir. “Eu levava isso a sério para virar um atleta de surfe mesmo. Eu era muito molequinho, conseguia ir nessas ondinhas um pouco menores. Não fui um cara de muitas vitórias. Tive alguns pódios, mas ganhar etapas ficou mais na vontade. Era um bom surfista, mas era melhor no free surf do dia a dia do que de competição. Nunca fui bom de estratégia no campeonato de surfe”, informa.

“Eu vi que era isso que eu gostava de fazer: atuar. E se quisesse continuar, eu teria que estudar. Fui cursar teatro” (Foto: Lukas Alencar/Beleza e produção: Luan Milhoranse e Luís Carlos Lobo)

E lembra o retorno à TV. “Quando voltei para outro trabalho como ator, estava mais preparado, as coisas fluíram mais, aí foi um personagem atrás do outro, como Malhação, Boogie Oogie, Gênesis”, recorda ele, que gosta de papéis que o tirem da zona de conforto. “Em Malhação, teve um momento da trama que meu personagem começou a se envolver com bebida, com droga, foi ficando mais profundo. Nesse momento, perguntei para alguns diretores como íamos fazer isso, porque era uma novela para adolescente. Não podíamos fazer algo que ficasse feio ou caricato. Pesquisei, corri atrás, por exemplo, para ver como uma pessoa lidava com a abstinência, enfim, gostei muito do resultado”, lembra.

E aponta uma inspiração. “Acompanhei a novela das 6 (Além da Ilusão) e gostei muito do Antonio Calloni, do personagem que ele interpretou. Trabalhei com ele em Éramos Seis. O mais legal foi conviver no set de gravação, onde trocou várias ideias comigo, me deu dicas, foi muito generoso”, frisa ele, que mora em frente a praia do Recreio dos Bandeirantes, onde está sempre no mar surfando.

Brenno Leone atua em Sob Pressão e fala dos conflitos entre Geração Z e Y (Foto: Reprodução Instagram)

“Sou o cara que gosta de acordar cedo, treino futevôlei todo dia, quero estar sempre na água surfando, sou muito disciplinado. Isso me faz bem. Gosto de estar em movimento. Mas não gosto de academia. Eu sou do esporte, skate, surfe, natação e futevôlei”, conta. E acrescenta: “Eu até saio, à noite, mas já não é a mesma coisa. Já são quase 30 anos, então, para recuperar uma noite são dois dias, aí são dois dias perdidos de treino. Tá vendo, tem momento que sou careta. Nos meus 24, 25 anos, já tive mais disposição para as baladas. Agora, prefiro dormir cedo para treinar. No estilo de roupa, estou preferindo ficar mais clean do que ousar. Estou mais caretinha no estilo, usando roupas mais básicas”, finaliza.