Bianca Rinaldi vive apresentadora de TV em websérie no Youtube gravada no celular pelos atores em isolamento


A atriz, cuja sogra morreu no início de março vítima de pneumonia e até hoje sem saber se foi pelo Covid-19, fala do projeto que estreia dia 1º de maio, todo gravado na reclusão: o projeto respeita inteiramente o isolamento social, sendo totalmente gravado pelos próprios atores em suas casas e editado depois. “Analisamos a cena, mostramos os lugares em casa que poderiam ser locações, escolhemos os figurinos, e mandamos para a aprovação”, revela

*Por Brunna Condini

Recolhida em casa ao lado das filhas, as gêmeas Beatriz e Sofia, 10 anos, e do marido, o empresário Eduardo Menga, Bianca Rinaldi, embora em quarentena se prepara para estrear um novo projeto. Ela viverá Dora a partir de 1º de maio na websérie “Home Office”, que estreia no YouTube. “Ela é uma apresentadora de TV, uma mulher engraçada. Está sendo desafiador, estou fazendo tudo da minha casa. Fazemos leituras dos textos e gravamos. Eu me gravo, fazemos conferências de vídeos, como se fossem lives. Mas terão surpresas também”, anuncia, sobre a série criada por Emilio Boechat e Marilia Toledo, também autores do musical “Silvio Santos, Vem Aí”, que teve sua temporada interrompida pela pandemia, em que a atriz vive Iris Abravanel.

Sobre a nova série: “O universo é o meu, então tenho que achar essa personagem dentro do meu ambiente” (Foto: Ricardo Penna)

A série tem como ponto de partida a pandemia do coronavírus, e conta a história dos profissionais de um programa vespertino, o “Em Casa”, uma revista eletrônica de variedades de uma fictícia TV, que muda de nome e formato após a mudança na rotina imposta pelo vírus, e se torna o “Fique em Casa”. “A primeira temporada gira em torno da tentativa de adaptação da equipe às mudanças. A verdade é que nada será como antes”, conta Bianca sobre o projeto que respeita inteiramente o isolamento social, sendo totalmente gravado em celular pelos próprios atores em suas casas e editado depois. “Analisamos a cena, mostramos os lugares em casa que poderiam ser locações, escolhemos os figurinos, e mandamos para a aprovação. Teremos vários diretores convidados. Acho que o mais difícil é achar o tom, porque estou gravando sozinha. É uma adaptação bem interessante. E tem outra coisa, é estimulante como atriz, porque o universo é o meu, então tenho que achar essa personagem dentro do meu ambiente. É talvez uma das coisas mais desafiadoras que experimentei como atriz, mas gosto”.

Bianca e as filhas Sofia E Beatriz, de 10 anos (Reprodução Instagram)

Conciliando a série, seu canal no YouTube, e a nova rotina com a família, a atriz conta que está em distanciamento social há mais de 40 dias. “É tudo muito sério, precisamos seguir as recomendações para evitar o risco de contágio. A mãe do meu marido faleceu no início de março, com mais de 90 anos e uma pneumonia muito forte. Mas fica sempre a dúvida se também não teve algo a ver com o covid-19”, divide. “Aqui em casa todo mundo têm a consciência que precisam fazer sua parte, não dá para ter exceção. As meninas têm 10 anos, então têm mais energia, temos que nos esforçar para manter uma rotina de atividades, mas são queridas, confiam quando dizemos que é preciso ficarmos em isolamento”.

Elas sabem o tamanho do que estamos vivendo? “As meninas estão crescendo e entendem a gravidade, sim. Claro que têm aqueles segundos que ficam meio revoltadas, E precisamos ter mais paciência, porque o entendimento não é maduro como o nosso, mas nada que boas conversas não resolvam. Sempre parti do princípio de falar a verdade com minhas filhas. Digo para elas que estão buscando a cura do vírus, uma vacina, e que temos esperança que encontrem. É um momento para exercitar a paciência, a resiliência. Podemos ajudar esperando, fazendo nossa parte”.

‘É um momento para buscar e exercitar a paciência, a resiliência. Podemos ajudar esperando, fazendo nossa parte” (Foto: Ricardo Penna)

A atriz fala que os exercícios da fé e da gratidão têm sido grandes aliados esses dias. “Sempre procuro ver o lado bom das coisas. E cuido da minha saúde. Cuido da manutenção disso na minha casa, dou valor as pequenas coisas do dia a dia”, compartilha. “Vejo, por exemplo, o lado bom desse convívio, que tem estreitado os laços familiares, florescido sentimentos bons. É um momento delicado para a humanidade, de reaproximação, de busca interior, de valores. Dou graças a Deus que não tive nenhum momento de angústia ainda, mas é um dia de cada vez. Estou com a minha família, temos o recurso do vídeo para falar com outros familiares e amigos. Procuro meditar, gosto de Sol, pego uns 15 minutos por dia. E abraço muito quem amo, digo também que amo, isso energiza. Tenho fé e esperança de que tudo que estamos passando acabe logo e que nos tornemos seres humanos melhores. Acredito que o mundo vai mudar depois disso tudo. Tem um lado positivo, de valorização humana, que está urgente”.

“É um momento delicado para a humanidade, de reaproximação, de busca interior, de valores. Dou graças a Deus que não tive nenhum momento de angústia ainda” (Foto: Ricardo Penna)

Aos 45 anos, Bianca que começou a carreira como paquita de Xuxa Meneghel, nos extintos Xou da Xuxa (1990) e Xuxa Park (1994), na Globo, e de lá para cá, fez filmes, mais de 10 peças, e mais de 15 trabalhos na TV, entre novelas e séries, além da memorável protagonista do remake de “A Escrava Isaura” (2004), na Record, ainda conserva uma imagem que lembra, e muito, a menina de 30 anos atrás. Mas acompanhada de uma serenidade inspiradora, fruto do amadurecimento. E revela que curte a vaidade, mas sem neuras. “Pratiquei esporte desde cedo, então continuo me exercitando e fazendo meditação. Além disso, passo protetor solar e bebo muita água. Também tem um lado do exercício interior que reflete fora: volto meu olhar verdadeiramente para agradecer por tudo que tenho, pela saúde. A gratidão é uma arma poderosa, traz felicidade, bem-estar, leveza”, ensina.

Já fez alguma intervenção cirúrgica ou faria? “Nunca fiz. Mas já fiz tratamentos estéticos, faciais. Nada contra, acho que todo mundo é livre para fazer o que tem vontade. Não faria nada cirúrgico porque não tenho esse desejo, tenho até medo”.

“A gratidão é uma arma poderosa, traz felicidade, bem-estar, leveza” (Foto: Ricardo Penna)

Torcendo por dias melhores, Bianca Rinaldi acredita que o mundo que se apresentará pós pandemia e suas consequências, vai impor novas práticas, relações e posicionamentos. “Precisamos nos resguardar agora. Quem puder, fique em casa, é muito importante! Ainda não sabemos o tamanho que tudo isso vai tomar, vamos nos informar e nos cuidar. Acho que depois disso, vamos precisar mesmo reinventar uma nova forma de viver, olhando para o que é essencial. Na verdade, a humanidade, porque o mundo foi atingido”.

Quando esse período for estudado no futuro, o que gostaria que se destacasse?  “Que o ser humano, diante das dificuldades, conseguiu através do amor, do respeito e da união, aprender. E que apesar de todo mal, todas as perdas, construímos uma sociedade melhor”.