* Por Carlos Lima Costa
Destaque na TV desde a adolescência, quando se tornou Paquita, no Xou da Xuxa, em 1990, Bianca Rinaldi, que pode ser vista em seu primeiro papel no streaming, a série Home Office, da Amazon Prime, acumula protagonistas de novelas como Pícara Sonhadora (2001) e Pequena Travessa (2002/2003), no SBT, e A Escrava Isaura (2004/2005), da Record, atualmente sendo reprisada pela TV Brasil. Aos 47 anos, a maturidade da vida é representada na telinha. “Estou mudando de fase. Já não interpreto mais a mocinha faz um tempo. Venho dando vida às mães. É legal também e tenho que ter consciência disso, de onde estou no momento. Tem gente que fala ‘está jovem’ para esse papel ou ‘está velha’, tem hora que a gente fica nesse meio termo. Igual criança quando vira adolescente e fica nesse limbo. Preciso estar tranquila e estruturada para entender o mercado e entrar segura nessa fase”, enfatiza.
Mas ressalta que tem espaço para todo mundo. “Não adianta ter jovem na novela, se não tiver o pai, a mãe, a tia, a vizinha, professora. Pouquíssimas novelas os protagonistas são pessoas mais velhas. O foco geralmente está nos mais jovens e isso não atrapalha em nada. O importante é ter bons papéis, não importa se é grande, médio ou até pequeno”, ressalta ela. E destaca ainda que não tem do que se queixar da idade. “A passagem do tempo pra mim foi muito amiga. Graças a Deus! E sou muito feliz com o que eu sou, com a vida que tenho com minha família e história profissional”, afirma Bianca, que nos últimos meses se destacou no teatro, em seu primeiro musical, Silvio Santos, Vem Aí, interpretando Iris Abravanel, mulher do apresentador.
Inicialmente, o projeto foi interrompido em 2020 no dia seguinte a estreia por conta da pandemia da covid-19, sendo retomado somente em outubro do ano passado. Pôde ser visto até abril, em São Paulo. Mas novas apresentações estão previstas, como agora no final do mês, em Goiânia. No palco, ela faz dueto com Velson D’Souza, intérprete de Silvio, cantando Como Uma Onda, hit de Lulu Santos.
Durante a preparação para a peça, Bianca não conseguiu ter contato com Silvio e Iris, que estavam nos Estados Unidos. Então, estruturou a personagem baseada no que leu em entrevistas e no relato de pessoas que trabalharam com eles. “A Patrícia (Abravanel) viu e amou, disse que eu estava igual a mãe dela. Então, tive esse feedback da família. E a Iris assistiu com o Silvio em casa, porque o SBT filmou o espetáculo para eles”, conta a atriz, cuja mais recente aparição na TV foi fora da dramaturgia.
Bianca participou do reality Bake Off Brasil – Celebridades, no SBT. Na final, exibida em 30 de abril, ela conquistou o segundo lugar no programa vencido pela jornalista Érica Reis. Em termos de culinária, em 2015, a atriz já havia participado do Super Chef Celebridades, quadro do programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga, tendo terminado em terceiro lugar na competição, ficando atrás de Fiuk e do ex-jogador de vôlei Giba, o primeiro colocado. “Nos mudamos do Rio para São Paulo junto com a pandemia e desde que viemos pra cá, tem uma pessoa que vez ou outra faz congelado, mas eu que fico mais na cozinha. Minha mãe me ensinou a cozinhar o básico pelo menos. Então, pra mim, o Super Chef já havia sido uma espécie de curso que eu fiz e uma terapia. Nunca fui confiante na cozinha. Fazia para me alimentar. Mas ali vários chefs falaram que eu tinha um bom tempero e que deveria me arriscar mais. Agora, com o Bake Off aprendi a parte de doces. Sou alucinada por bolo. Colocou um na minha frente, pode ser o que for, eu vou comer. E aprender sobre como preparar bolos mais elaborados foi uma terapia também. Aí comecei a fazer em casa, brincar, experimentar e para as meninas foi uma diversão”, conta se referindo as gêmeas Beatriz e Sofia, de 13 anos, do casamento com Eduardo Menga.
Bianca, aliás, revela que mesmo que ela esteja assistindo a reprise de A Escrava Isaura, ela não conta com a companhia das filhas. “Não costumo sentar pra ver, porque não tenho esse tempo, mas as mídias sociais retuítam, me mandam e eu acabo vendo uma coisa ou outra e acho supergostoso. Dá uma saudade. Agora, como minha personagem apanha, sofre muito, as duas não gostam de assistir de jeito nenhum. Mas elas tem o maior orgulho do meu trabalho”, explica a atriz, que no início da pandemia, enquanto supervisionava o homeschooling das filhas, gravou, em casa, participação na série Home Office, de Emilio Boechat e Marilia Toledo, para a Amazon Prime, na pele de uma apresentadora. “Gosto de sair para trabalhar, de entrar em um estúdio, em um teatro, estar com as pessoas, contracenar olhar no olho. É completamente diferente de realizar tudo em casa sozinha. Então, foi difícil me adaptar. E preciso do silêncio e tinha as crianças, a organização da casa…Isso me desgastou um pouco”, lembra.
No período da pandemia, realizou ainda o projeto Você Pode Escutar?, uma série de lives no Instagram, se experimentando como comunicadora, ao promover debates sobre temas relevantes. E planeja retomar as lives. “O que me motivou foi a necessidade do momento, o que estávamos vivendo. Minhas filhas já tem curiosidades, questionamentos. Então, eram assuntos que já abordávamos em casa, mas não com tanta profundidade. Isso também me motivou a falar. Não só por elas, mas por mim mesma para aprender, ter mais conhecimento”, explica.
Para ela, foi gratificante se colocar nesse lugar de levar o questionamento para o público, abordando temas como feminismo, gordofobia, pressão estética e gênero, por exemplo. O retorno veio através de agradecimentos, de relatos sobre o quanto aprenderam com ela, além da sugestão de assuntos para futuros debates.
“Estávamos falando de respeito, dignidade, compaixão, amor de ser humano e isso se enquadrava em qualquer assunto”, explica. Para ela, não teve um tema que se destacou mais. Mas, como é mãe de duas adolescentes, machismo e violência doméstica a preocupam, no sentido de como o mundo vai estar daqui a alguns anos. “Eu fico desesperada, porque temos conhecimento de tudo que está acontecendo. O melhor a fazer é preparar as meninas para isso. Graças a Deus, não vivi nenhuma violência, mas quando eu era pequena, vi situações em festas de família, sabe, onde estavam irmãos, tios, então, lembro bem, é muito ruim e marcante. Agressão verbal, um gritando com o outro, voz alta. Às vezes, para uma criança, choca até mais do que uma agressão física”, aponta ela, que cuidou disso na terapia.
“Debater um assunto é diferente de discutir e levantar a voz. Então, levantou a voz eu já saio de perto. Não faz parte de mim, pela minha infância, por tudo, eu não consigo, não me sinto bem”, assegura. Definitivamente, prefere o debate de ideias. Por isso mesmo, não encara com bons olhos os preconceitos exacerbados por conta da política, que provocam atritos. “É triste. Estamos em um ponto de tanta acessibilidade e informações, que podiam servir para instruir, aprender. Mas o que vemos é agressividade, pessoas impulsivas. Isso me assusta um pouco. Cada um tem que fazer a sua parte para ter esperança e fé de que vai melhorar, porque aqui tem tudo para dar certo. Um povo maravilhoso, terra boa, água, o clima, tudo que planta nasce, da para todo mundo viver. Mas se não tiver a estrutura funcionando, fica difícil”, analisa.
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