*Por Kika Gama Lobo
Eu vi um casal de mendigos transando na praça General Osório em Ipanema. Eram três da tarde. Me veio à cabeça, o Crivella. Depois as proibições das exposições supostamente eróticas. Bolsonaro, tradicional família brasileira, Anos Dourados….. Me lembrei de contos de fada. Tudo isso num átimo em que fiquei plantada ali entre olhar e não olhar. Entre achar aquilo repugnante e lindo. Entre ter nojo daquela piroca dura em Ipanema. Pensei na mulher, exposta em suas carnes em pleno cartão postal carioca. Depois adorei isso ter acontecido no Rio. Só no Rio, né? Like a Virgin tinha passado pelo Fasano, tirado fotos com policiais, seus amigos hollywoodianos jogados na praia, aquele casamento privê no Corcovado. Sem mídia, sem fotos, sem stories. E aqueles mendigos anônimos, pobres, excluídos dando um show de orgia pra quem quisesse ver. Cracudos? Sei lá. Mas aquela cena infernodantesca mostra a cidade em que moramos. Não é mais imoral. É amoral. Não temos mais controle dos ais e uis, sejam de gozo, morte ou dor. E eu, já na menopausa, quase sem hormônios, assistindo embasbacada a essa fartura de estrogênio e testosterona. O Rio sucumbiu ao é proibido proibir mas, ao mesmo tempo, resiste em colocar limites na imoralidade dos sem-vergonha, sem-teto, sem-cidade. Para não fugir ao meu bordão, brado: #riodemerda
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