#Atitude50: na coluna sobre a maturidade feminina, Kika Gama Lobo fala sobre um tema tabu entre as mulheres depois dos 50 anos, a incontinência urinária


“Eu falo isso de camarote pois, após sofrer minha quimioterapia (eu tive um câncer vaginal) desenvolvi incontinência urinária. E decidi me consultar com um fisioterapeuta pélvico, especializado na avaliação e tratamento da musculatura da região anal e vaginal. Saiba que quanto mais você avançar no texto, mais emoções fortes virão”, escreveu Kika

*Por Kika Gama Lobo
Sua calcinha anda molhada? Mas há anos você não tem um corrimento, já não fica menstruada porque está na menopausa porém a cada espirro, tosse, movimento mais brusco como correr, pular, cair…. há algo de molhado no reino da Dinamarca. Eu falo isso de camarote pois, após sofrer minha quimioterapia (eu tive um câncer vaginal) desenvolvi incontinência urinária. E decidi me consultar com um fisioterapeuta pélvico, especializado na avaliação e tratamento da musculatura da região anal e vaginal. Saiba que quanto mais você avançar no texto, mais emoções fortes virão. Dr Juliano Silveira é fisioterapeuta competente em : Fisioterapia Pélvica, Fisioterapia Geriátrica e Gerontológica, Fisioterapia Obstétrica, Fisioterapia Uroginecológica.
Além de gato e jovem, ele me deu uma aula muito clara sobre o assunto. Delicado com as palavras, escolheu o tom certo para me dizer que a maior parte das mulheres que o procura, já o fazem num grau de estresse muito grande. Não estamos falando de mulheres de 80/90 anos. Hoje – com a prática de exercícios fortes, com a introdução de vibradores potentes e a vida sexual ultra liberada, mulheres 50+ , na faixa entre 55 e 65 anos – novas ainda para os padrões de atrofia, reclamam muito dos efeitos da incontinência. Muitas sofrem também de vaginismo e vulvodínia. Grego, não é? Para mim sim. O Vaginismo é quando ocorre a contração involuntária dos músculos da vagina, impossibilitando a penetração e causando dor. Este distúrbio ocorre somente durante o ato sexual ou tentativa de.
A Vulvodinia é a sensação de dor, mais comumente manifestada na forma de ardor, mediante qualquer toque na vulva e vagina, não necessariamente em relações íntimas, não havendo ligação com a contração muscular. Há mulheres que não conseguem nem usar calça justa, absorvente interno ou ficar sentadas muito tempo que a queimação as ataca.
E para entender melhor todos esses processos, me deitei, de roupa, de calcinha, na maca do médico. Dr Juliano me mostrou, através de imagens e de exemplos , os tratamentos para vários tipos que queixas desta natureza. Vi o educator, uma espécie de pênis , para a pelvic trainning. Vi a corrente elétrica  através da eletroterapia de superfície que promove um formigamento na região. Conheci o Epi-No, um aparelho que prepara o corpo da mulher para o parto normal. Toquei os cones vaginais, pêndulos com pesos que são introduzidos na vagina e a mulher – através das contrações- não pode soltá-los. Conheci a sonda inflável de látex  e o dilatador vaginal. A cada nova descoberta, a solidariedade em perceber que existem muitas mulheres que sofrem de dores estranhas e esquisitas que nunca ouvimos falar.
No meu caso, aprendi que a contratação do ânus e vagina – da maneira que eu sempre fiz, contraindo a parte interna da coxa e, por vezes, enrijecendo ombros e maxilar, está errada. É preciso relaxar o corpo todo e focar apenas no assoalho pélvico, uma espécie de meia lua, que liga a saída do número 1 e do número 2 ( se é que me entendem) e fortalecer aquelas partes. Por isso a fisioterapia usa os eletrodos de formigamento. Pequenos choquinhos que vão te levando a entender o ponto G da coisa. Dr Juliano me ensinou a me sentar em uma superfície dura e gelada ( uma cadeira) , com a perna levemente aberta e os pés no chão, e contar até 20, fazendo as contrações. Disse que o toque manual e o uso de um espelho ajudam muito. No consultório, ele faz o toque, igual a um exame ginecológico. Apertando as partes e mostrando-as às mulheres na hora, fica mais fácil o controle da contração.
O prolapso uterino, decorrente de muitos partos ou do nascimento de parto normal de crianças muito grandes é um mito. Você pode ter feito cesariana e ter esse problema. A tal cirurgia de períneo – que sua avó ou bisavó já fizeram – ou aquela toalhinha que suas tias mais velhas usam – podem estar com os dias contados. Basta ter auto-conhecimento e procurar um bom especialista. E uma dica para os homens: o alto grau de tabagismo gera uma tosse seca que, combinada aos problemas da próstata, causam os mesmos desconfortos das mulheres. Remédios para controlar a pressão e o sobrepeso no abdômen , aquela gordura dos inúmeros chopps e linguiças que os homens tendem a traçar, pioram a sensação de queda da bexiga.  O tratamento é similar, porém anal. Ui!
Na maioria dos casos, em 20 sessões de 50 minutos, o problema está sanado ou muito aliviado. Um diário miccional, sim, isto existe, serve para anotarmos o volume urinado, as perdas, a urgência, o ardor e sobretudo a freqüência diária. Tudo é analisado. Se você se identificou com alguns destes sintomas, perca a vergonha e marque sua hora. É libertador! 
 
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