*Por Kika Gama Lobo
Cura gay? Rocket man coreano? Rocinha e Nem? Furacões e terremotos sacodem o mundo. Minha cabeça gira. Penso em como pagar a faculdade da minha filha 1 e como vou conseguir bancar o curso internacional da filha 2. Chego de SP e gozo com João Dória. Chocada com tamanha civilidade se comparado ao #riodemerda. Preciso emagrecer. Saio com amigas e uma delas diz sofrer violência verbal. Pego seu relato e olho pro meu umbigo. Quem nunca? Se for mulher então já foi acusada, xingada, abusada. Eu não sou obrigada, mas acontece. E já estamos em setembro. Papai Noel já já dá as caras na calçada do Shopping Leblon e minha melancolia volta. 2018 é amanhã. Na virada do milênio achei que Nostradamus daria cabo de tudo mas ele foi mais perverso: as doses são homeopáticas. Sorry pelo texto, mas ando cabisbaixa. Tá foda competir com a realidade. A mulher esfaqueada e morta em Niterói puxa um rosário de tragédias como o bebê Arthur; as crianças assassinadas nas escolas; os policiais agonizando no firmamento e a Bibi na telinha mostrando o crime-ostentação em rede nacional. Penso em dar um tapa, mas estarei alimentando o tráfico? Correr pra liberar endorfina só até às 18 h, depois é assalto certo. Fazer sexo selvagem? Não me depilei e o marido tem trabalhado à exaustão. Stalkear as redes sociais? Dá uma depressão fudida não estar em Dubai, não ter o corpo da Grazi nem estar tomando Romanée Conti na Toscana. Ah, já sei. Melhor me voluntariar para pesquisa da cura da apneia. Entro numa sonoterapia e acordo magra, loura, jovem e rica. Não não Kika. Pensando bem, melhor viver acordada e lutar por um mundo mais justo, menos violento, plural e igualitário. Quem vem comigo?
Artigos relacionados