O EU TESTEI desta semana é delicado. Me peguei com uma pneumonia que me derrubou por 10 dias. Não estou nem uma Brastemp. E decidi pensar no que uma mulher madura pode, jogada em casa, fazer para ocupar o tempo de repouso da doença. Livros, Netflix, revistas antigas, aquele jornal que você ainda não abriu (alguém ainda os lê em papel?), isso é de lei. Mas fui além. Decidi escrever cartas para mim mesma. Começou com uma lista de To Dos. Depois virou pauta. Ata. E por fim uma carta. Você já experimentou se escrever? Sozinha na sala, meia luz, o cachorro calmo, a vela acesa, ao cair da tarde. Segunda-feira, todos no trabalho e você, num ócio forçado. Uns dizem que adoram. Encara 10 dias e me diz se não bate um desespero top? Além da vontade de se curar tem a culpa capitalista. Você, profissional liberal em casa? Perdendo grana (aliás alguém a viu por aí?), achando que por ter mais de 50 anos vai ser demitida pois qualquer outra de 20 anos não pegará pneumonia, e os boletos em cascata que te esperam enfileirados, presos por clips, ordenados em dias? Mas esqueçamos da vida real e voltemos às cartas. Sim. Data, cabeçalho e…. “Kika, escrevo-me esta correspondência para me lembrar de mim” De supetão foram três laudas. Achei meio ridículo no começo, mas lágrimas e risos vieram ao rosto. Lembranças. Carinho grátis. Um ato singelo, simples como pensar, me ajudou naquela tarde. E olhei em volta. E olhei para dentro. E olhei para o futuro. Tive vontade de esconder a carta dentro de uma garrafa, estilo message in a bottle e zunir pela casa. Anos depois ao achar, iria saber de mim, fazer a checagem se o que eu desejei tinha minimamente acontecido. Isso, eu conto depois.
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