* Por Bruno Muratori
Os rapazes da banda Jamz estão mesmo dando pulos de alegria. Não bastasse a visibilidade ganha com sua participação no programa “Superstar”, apresentado por Fernanda Lima na TV Globo, coube a eles abrir o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival neste final de semana. Na noite de sexta-feira (7/8), os moços mostraram toda a sua sensibilidade ao pisar no palco onde grandes lendas do gênero musical já pisaram nestes doze anos de estrada. E quem esteve por lá pode conferir no semblante do quarteto a emoção por estar em um lugar que remete a tantas recordações. Amigos, jovens e cheios de energia, com aquela vontade natural da idade de mudar o mundo ou, quem sabe, bagunçá-lo de vez! Tudo junto e misturado, ainda mais considerando que o guitarrista Paulinho Moreira é cobra musical nascida e criada naquela cidade.
A banda surgiu naturalmente com a necessidade de se criar um projeto impregnado com as próprias personalidades dos integrantes e pleno de influências musicais que caminham entre o soul, o R&B e o pop jazz, valorizando um conteúdo de qualidade, feita com verdade e sentimento. Criado o conceito e caminho traçado, era a hora de colocar o bloco na rua, tocando por aí, sem eira, nem beira, com o grupo mostrando que veio para ficar! Numa dessas, acabaram entrando para o programa da Globo – onde tiveram enorme ascensão imediata e enorme aceitação do público, que embarcou tanto no carisma, quanto na excelente pegada do seu repertório musical. Tudo isso fez com que os meninos chegassem à 2ª posição do programa. Uma surpresa até para eles, que reagiram na base do “Ãhnnnn?!?” Em bate-papo exclusivo com o HT, Paulinho conta que, se pudesse traduzir tudo que passou nos últimos tempos através de um filme, seria um roteiro de superação, daqueles que Hollywood ama produzir: “Cara esse é o longa da minha vida. Há muitos anos atrás eu estava trabalhando aqui, como roldie nesse festival. Agora eu venho tocar aqui. Pow, sem palavras, é muito complicado descrever a emoção. É louco ver um monte de amigos meus aqui na plateia vibrando com a gente”. E o músico continua: nesse “Tem algo que define muito esse momento, e quero dizer a todo mundo. Parece até meio clichê, mas é fato: nunca desista, seja persistente, corra atrás e acredite”.
Já Sergio Pitta, o manager da banda, conta as novidades que estão por vir. Ele, que já cuidou da carreira de gente graúda como Ed Motta, Capital Inicial e Jota Quest, revela: “Foi tudo uma surpresa tão grande que o grupo já saiu do programa (Superstar) assim, com uma audiência incrível! Inacreditável! Para ter uma ideia da velocidade da coisa, eles entram em estúdio agora, entre agosto e setembro, para gravar e lançar um disco no final de outubro, um álbum com sete faixas autorais e quatro regravações de músicas que foram sucesso no programa”. O executivo ainda revela que a banda está com uma música na novela das 9 e que ainda vão entrar com outra na novela das 7. “E sábado que vem, dia 16, é dia de show na Fundição Progresso”, completa, rasgando seda para os rapazes, cheio de brilho nos olhos e pontuando a generosidade e humildade como outros fatores decisivos para o sucesso da banda. “Realmente tudo é possível, ainda mais no universo musical que nos dá constantes provas de gente que se cria de uma hora para outra ou de talentos que acabam por se reinventar. Hoje mesmo temos um Justin Timberlake fazendo música negra, quem poderia imaginar?”, ressalta.
A banda é cheia de surpresas e dá para conferir que filho de peixe peixinho é. E neto também! Will Gordon é vocalista e baixista da banda, mas, se não fosse pela persistência do pai (o também cantor Tony Gordon), acabaria se tornando jogador de futebol. Sobrinho neto de Dolores Duran, um dos maiores mitos da MPB no passado, e neto de Dave Gordon, igualmente intérprete, ele confessa: “Minha família sempre puxava a brasa para o lado da música. Sempre que tinha um coral ou algo por aí, meu pai me colocava. Ele insistiu muito para que eu seguisse na vida artística”. De fato, Will tem a música na veia e, desde criança, já conviveu com medalhões como Quincy Jones e Bono Vox através dos contatos do pai e avô.
Após o show, a banda teve que ficar mais de uma hora à espera de uma fila interminável de fãs, aos gritos e ávidos por tirar aquela casquinha dos meninos. Mas quem disse que isso intimida o grupo ou é alguma espécie de suplício? Nada disso! Apesar do talento visível, não fazem aquele tipo que dá as costas para a fama e se deliciam com o retorno dos fãs, batendo um pingue-pongue bonito. Os integrantes tiram fotos com todos e ainda dão beijinhos no mulherio que fica na tietagem. HT precisa até ficar no aguardo, esperando tudo acalmar e somente após o último abraço é possível continuar o papo com Will no camarim. “E qual a sensação de participar como astro de festivais onde você costumava ser frequentador?” Para a pergunta na lata, a resposta foi sincera: “Cara, eu vejo isso como o movimento natural da boa música. Acho que a gente tá levantando uma lebre que não é defendida há muito tempo, pois até há pouco isso estava se perdendo de alguma forma. Tem vários talentos surgindo e levando adiante essa bandeira do brazilian jazz, essa coisa bem nossa! Acho que esse festival evoca essa nova cena e nós devemos ser reflexo disso. Esse evento é o sonho de todo músico, é referência na America Latina e tenho certeza que tudo isso é forte influência pra gente”, conta o cantor.
Pelo jeito, a coisa vai bem, o sucesso está aí e já dá até para tirar os pés um pouquinho do chão. “Ou será que eles ficam por lá, pisando sempre terrenos seguro?” Will manda na lata: “Não tem essa de tirar o pé do chão até porque estamos muito focados na carreira, há datas a serem cumpridas e muito compromisso.” E, quando a entrevista já estava no finzinho, HT é interrompido com um recado especial aos fãs: “Queremos agradecer a todo mundo que votou na gente durante o programa e continua importante para nós. Sem esses fãs, o Jamz não estaria aqui hoje, sem o seu voto e essa repercussão toda, não poderíamos levar a nossa música à galera.” Jovens, mas equilibrados como poucos, os músicos mostram, em época de sucesso volátil e da pasteurização do estrelato, o quanto é bom haver ainda talentos no universo musical brasileiro que contribuam positivamente e possam inspirar vidas. Sim, os rapazes são aquele tipo de que a gente torce para esbarrar na esquina.
*Carioca da gema e produtor de eventos, Bruno Muratori é uma espécie de fênix pronta a se reinventar dia após dia. No meio da década passada, cansou da vida de ator e migrou para a Europa, onde foi estudar jornalismo. Tendo a França como ponto de partida, acabou parando na terra do fado, onde se deslumbrou com a incrível luz de Lisboa e com o paladar dos famosos pasteis de Belém, um vício. Agora, de volta ao Rio, faz a exata ponte entre o pastel de Belém e a manjubinha
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