Depois de um final de semana marcado pela representatividade, liberdade e aceitação no maior festival de música do mundo, a semana no Brasil começou com um daqueles momentos que temos que nos envergonhar. Proibido desde 1999, o tratamento da “cura gay” voltou a ganhar os noticiários quando o juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal Waldemar Cláudio de Carvalho concedeu uma liminar que abre brecha para que psicólogos ofereçam terapia para a reversão sexual. Com a decisão, artistas brasileiros se manifestaram contra a decisão. Na internet, nomes como Ivete Sangalo, Anitta, Paulo Gustavo e Fernanda Gentil comentaram a liminar e destacaram que a homossexualidade não é doença e, sim, amor.
Casado com o dermatologista Thales Bretas, Paulo Gustavo explorou o bom-humor e a ironia no vídeo em que comenta a decisão do juiz federal. Na publicação, o humorista brinca que está à procura de um tratamento que o faça melhorar. “Estou catando tudo o que é remédio para tentar melhorar da homossexualidade, mas não estou conseguindo, Estou viado há muito tempo, difícil sair da crise”, disse o ator que, no fim do vídeo, convocou Fernanda Gentil e Preta Gil a comentarem o tema.
Seguindo Paulo Gustavo, Fernanda Gentil também se manifestou nas redes sociais. Em uma foto em que aparece com remédios e termômetro, a jornalista disse que também está em busca de algo que melhore o seu estado de saúde que, de acordo com a liminar, precisa de tratamento psicológico. “Tentando me curar dessa doença, mas tá difícil”, escreveu Fernanda.
Já Preta Gil que, em seu editorial exclusivo para o HT defendeu ser a musa da diversidade, ironizou o tratamento para a homossexualidade e bissexualidade. “Como é que cura um ser humano de amar o outro? E aí, tem esse remédio”, questionou a cantora que garantiu não querer este tratamento – caso existisse. “Se tiver a cura, por favor, deixe longe de mim. Eu prefiro ficar doente”, completou.
Assim como Preta, Pabllo Vittar também bateu na tecla da doença. Fenômeno dos últimos tempos de representatividade na música nacional – com pitada internacional graças a sua apresentação no Rock in Rio –, a drag queen se posicionou em dois tweets. “Não somos doentes” e “o preconceito não vai vencer” foram as duas mensagens que a cantora compartilhou com seus milhões de seguidores.
Sem brincadeiras e nem ironia, Anitta também demostrou sua indignação com o assunto em um vídeo sério e até um pouco emocionado. No registro, a cantora se define como devastada e presta solidariedade aos amigos e ao público homossexual que a acompanha. “Não sei como a gente consegue ajudar, mas eu estou aqui rezando para o que nosso país dê atenção para o que realmente é importante, que é consertar a nossa miséria, a nossa corrupção, a nossa falta de educação, até mesmo para ninguém mais cometer uma burrice como essa”, disse.
Entre as dezenas de artistas que, desde ontem, vem se manifestando pela internet sobre a liminar do juiz federal, Ivete Sangalo foi mais uma estrela da nossa cultura a defender que a homossexualidade não pode ser tratada como doença. Com um clique de seu show no Rock in Rio na última sexta-feira, 15, em que bandeiras do movimento gay foram levantadas no palco do festival, a cantora baiana foi na mesma linha de Anitta e destacou que temos problemas mais importantes que, de fato, merecem a atenção de nossos representantes no poder público. “Doentes são aqueles que acreditam nesse grande absurdo. Pessoas, pensem sobre o que é esse equívoco, absorvam a coragem e a luta dos homossexuais e apliquem às suas mofadas e inertes vidas. Tentem que vocês talvez possam ser felizes também”, escreveu Ivete.
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