Deslumbrante, poderosa e independente são palavras que resumem muito bem o momento atual de Alinne Moraes. A encara uma típica vilã de folhetim em Espelho da Vida. Em sua segunda parceria com a autora Elizabeth Jhin – depois de viver a mocinha de Além do Tempo -, a artista precisa lidar com o desafio de interpretar dois papéis em um já que a trama espiritualista mostra as duas encarnações mais recentes das personagens. “Eu amei esta vilania. Foi o que mais me encantou na personagem. Em Duas Caras, eu acabei me tornando uma antagonista a partir dos acontecimentos da história e, em Rock Story, me diziam ser uma vilã, mas nunca consegui visualizar isto. Na minha opinião, era passional e muito humana. Mas esta de agora veio para causar. Ela não é uma pessoa boa, até me arrepia”, comentou. Vivendo entre 1930 e 2018, Alinne comentou sobre os desafios de interpretar Isabel nas telinhas, os lados obscuros de sua personalidade e as dores e delícias da maternidade. Vem conferir o papo!
Alinne Moraes disse que Elizabeth Jhin não teve medo em ousar nos episódios de vilania, até porque a autora criou duas linhas temporais nas quais a primeira, passada em 1930, vai ajudar a explicar muito sobre o que acontece na segunda, vivida em 2018. “Carreguei bastante neste lado obscuro, porque os motivos dela ter se tornado esta pessoa já estão bem claros para mim. Ela é humana e não mede esforços para conseguir o que quer. Gosto muito de ser a antagonista, porque tudo é possível e mais amplo. É até mais fácil do que fazer mocinha”, comentou a atriz. Mesmo sendo um papel repleto de sentimentos ruins, a artista adiantou que não existe nenhuma preparação especial para as cenas mais pesadas. “As maldades ficam no estúdio depois. Não sou aquele tipo de atriz que precisa respirar antes de entrar em cena e quando a ação acaba já estou rindo de novo”, contou. Apesar de não ser o propósito, Alinne ainda adiantou que Isabel possui um quê de humor por ir aos extremos.
A relação com os demais personagens é o que vai apimentar ainda mais o enredo da própria antagonista. Isabel é mãe solteira e enfrentou muitos preconceitos na cidade do interior onde vive por engravidar sem estar casada. Ela também possui um amor doentio por Alain, vivido por João Vicente de Castro, e não vai medir esforços para tê-lo de volta. “Esta atração magnética é fruto de uma parceria minha com o João”, informou. Além de Alain, ela possui um assunto mal resolvido com sua própria mãe, interpretada por Patricya Travassos. “Ela a acusa de nunca ter estado presente e tê-la deixado quando mais precisou. Na verdade, realmente teve que ser forte para encarar a vida de mãe solteira. Todos estes conflitos serão explicados, de acordo com Alinne, no enredo de 1930.
Não é a primeira vez que Alinne Moraes enfrentará a dificuldade de encarar dois personagens ao mesmo tempo. Graças a Elizabeth Jhin, ela terá o desafio de vivenciar novamente esta dupla realidade de duas encarnações. Em vez de ser a protagonista, como foi o caso em Além do Tempo, ela terá a oportunidade de fazer a vilã em sua segunda parceria seguida com a autora. “Voltar como antagonista é uma oportunidade incrível. A outra antagonista de Elizabeth, de Além do Tempo, era mais mimada e leve, mas a Isabel é demoníaca. Ela vai infernizar o Alain, mas nessa relação com ele, saberemos quem é o verdadeiro antagonista da história”, adiantou.
O tema reencarnação é bem comum nas teledramaturgias de Elizabeth Jhin. Na vida real, Alinne Moraes confessou não acreditar em vidas passadas. “Tenho muita coisa para pensar nesse momento do que me questionar sobre o acontece depois que morremos. Me perguntava isto quando era pequena, com 7 anos, mas depois deixei de refletir sobre”, salientou. Apesar de não acreditar no além, a atriz afirmou já ter vivido alguns momentos de déjà vu que, segundo ela, são apenas lapsos repentinos de memória. “Como viajei muito, sempre tenho a sensação que já estive naquele lugar. Não fica claro o que isto significa, mas é algo gostoso de sentir”, informou. Em papo com o site HT, ela ainda garantiu que não segue nenhuma religião, mas preza sempre por fazer o bem colocando-se no lugar dos outros.
Encarar uma vilã nunca é fácil, afinal, todo o desenrolar da trama depende bastante das atitudes desta antagonista. Para que o seu papel seja o mais verossímil possível, a artista comentou que tenta sempre potencializar os sentimentos ruins que possui dentro de si para o momento da cena. “Todo ser humano tem um lado bom e ruim. São as nossas escolhas que nos fazem ser quem somos. Por exemplo, muita gente acha que ciúme é positivo, mas não concordo. Tudo que alimentamos aumenta. Tenho sentimentos ruins dentro de mim, mas conheço cada um deles e não quero alimentá-los”, salientou. Sendo assim, a atriz comentou que tenta buscar em si mesma a força para viver o lado mais obscuro de algumas cenas. O ciúme, por exemplo, é um dos sentimentos negativos que ela possui dentro de si, apesar de tentar esconder. “Aos 20 anos, tive vários namorados que eram ciumentos e acabei ficando igual a eles. Com o tempo, percebi que aquelas relações estavam tirando de mim o meu melhor, o que não estava sendo bom para nenhum dos dois. Acabei terminando justamente por sentir que ciúme é algo que não gosto. Ciúme é insegurança e não posso ficar trabalhando com coisas ruins que abomino. Não quero isso para mim, nem para minha família. Tem a ver com maturidade, mas tem muito a ver comigo”, comentou. Mesmo Isabel sendo o estereótipo da vilã de folhetins, a personagem consegue mostrar para o público, desta forma, que nem todos os seres humanos são bons e que cada um de nós possui um lado mais obscuro.
Maturidade foi algo que Alinne cultivou desde muito cedo. Para provar isto, ela relembrou o dia que conheceu o seu pai. “Eu não o conhecia e ele ligou para a Globo para pedir o meu contato. Eu tinha 22 anos, na época, e a Globo veio me perguntar se aquilo era verdade. Acabei indo até ele. Poderia ter sido diferente e me negar a encontrá-lo, porque ele nunca havia me procurado antes. No entanto, lembro que, desde pequena, eu dizia para a minha mãe que o meu pai tinha errado por ser novo e quanto mais o tempo passava, mais difícil era para ele. Não tenho o que julgar e não tive o que perdoar, porque o compreendi”, relembrou. O pai morreu logo depois do reencontro, mas, de acordo com a atriz, foi esta sua capacidade de se colocar no lugar do outro que a fez ser uma artista. “Minha primeira personagem foi uma mãe solteira com 17 anos, contei quase a história da minha mãe. Tive a oportunidade de dar grandes passos em cima de preconceitos com uma homossexual, cadeirante, psicopata… A arte me salvou muito”, garantiu.
Alinne Moraes marcou presença na coletiva do lançamento de Espelho da Vida (Foto: Artur Meninea / Gshow)Mesmo tendo uma rotina corrida por conta das gravações, a atriz continua separando um horário para viajar e viver as suas experiências como mãe de família. Mesmo com o filho recém nascido, ela faz questão de ter um tempo para si e para o seu marido. “Eu acho importante. Eu e o Mauro (Lima) passamos o sábado todo com ele, mas saímos à noite depois que colocamos o Pedro na cama. Ele fica com a babá para podermos jantar. Costumamos voltar por volta das 6h. Meu filho já sabe e até diz ‘mamãe está se arrumando porque vai namorar o papai’. Isso é a melhor coisa do mundo. Assim, o casal se mantém. Acho que, às vezes, as pessoas acabam se esquecendo de onde tudo começou”, refletiu. Alinne já viajou sozinha sem o pequeno, mas garantiu só ter conseguido ficar 5 dias longe. “Já conversei com várias mães atrizes que me disseram que depois de um tempo isso iria passar, que o trabalho ficaria sempre em primeiro lugar, mas comigo não é. Hoje trabalho para poder viver, antes vivia para o meu trabalho”, salientou.
Após a empreitada na novela, Alinne tem planos para o universo do teatro. “Depois dessa novela, tendo um tempinho, eu vou voltar aos palcos. Estou ansiosa por isto”, garantiu. O mundo é seu, Alinne!
Artigos relacionados