Alice Braga comemora sucesso da segunda temporada de “A Rainha do Sul” e revela vontade de voltar ao Brasil: “Estou pedindo emprego para todo mundo”


Aos 32 anos, a sobrinha de Sônia Braga conta que nunca se deslumbrou com o glamour que envolve a profissão. “É engraçado, isso. Venho de uma família muito pé no chão. Meu pai e minha mãe me criaram muito no mundo real”

Alice Braga é daquele tipo de atriz que é sucesso no Brasil, nos Estados Unidos ou onde quer que ela esteja. Passando uma boa temporada morando na terra do Tio Sam, a linda esteve recentemente em solo verde e amarelo para acompanhar o 15º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, no Theatro Municipal do Rio, onde concorreu na categoria de Melhor Atriz, por sua atuação no filme “Muitos Homens Num Só” – apesar da indicação, o troféu foi entregue à Regina Casé, pelo filme “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert. Já no dia seguinte, a responsabilidade foi um pouco maior. A sobrinha de Sônia Braga foi escolhida para compôr o juri da segunda edição do Prêmio Netflix, que aconteceu no terraço do Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, ao lado do ator Fabrício Boliveira e do blogueiro Hugo Gloss, para coroar duas produções independentes do nosso país. Insider que somos, nós do HT colamos na artista e batemos um papo exclusivo que você confere agora!

Alice Braga (Foto: AgNews)

Alice Braga (Foto: AgNews)

Muito ligada ao cinema mundial, Alice comentou a oportunidade que a plataforma de streaming tem dado para os produtores apaixonados pela sétima arte, principalmente no Brasil. “Fiquei muito feliz e honrada com esse convite. Eu quis participar dessa edição do prêmio, porque acho importantíssimo a agente apoiar a Netflix, pela colaboração e suporte que ela dá ao nosso cinema. É uma iniciativa necessária. Um dos grandes problemas do nosso cinema nacional é a distribuição. Há sempre muita dificuldade de chegar ao nosso público, e com essa nova plataforma a gente conseguiu levar as nossas produções tanto lá para fora, mas também para os brasileiros”, avaliou a atriz.

Alice no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2016 (Foto: AgNews)

Alice no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2016 (Foto: AgNews)

Um dos principais nomes nacionais em Hollywood, assim como Rodrigo Santoro, a artista segue firme nas gravações da segunda temporada da série “A Rainha do Sul” (“Queen of the South”). Com esse trabalho, Alice se torna a segunda brasileira a protagonizar uma série na TV norte-americana – a primeira foi Morena Baccarin, em “V”. “Dá um frio na barriga. É uma série que tem muita visibilidade nos Estados Unidos. Somos protagonistas latinas e essa comunidade cresce muito por lá. Li o livro há oito anos. Quando me chamaram foi muito especial, eu já amava a personagem”, entregou ela. Na trama, baseada na obra homônima do escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte, Alice interpreta Tereza Mendoza, uma mexicana que comanda um cartel do tráfico de drogas. “Está sendo uma experiência incrível! Recentemente saiu a nota de que éramos lideres de audiência da TV a cabo nas quintas-feiras à noite. É um projeto que tem me feito crescer muito como atriz. Foi um grande desafio por ser protagonista de uma série internacional, acho que o Wagner Moura também viveu meio que isso”, avaliou ela, fazendo referência ao seriado “Narcos”. No Brasil, “A Rainha do Sul” é transmitida pelo canal Space.

A atriz em "A Rainha do Sul" (Foto: Divulgação)

A atriz em “A Rainha do Sul” (Foto: Divulgação)

Apesar de estar sempre em destaque no mercado internacional, Alice Braga garantiu que está com muita vontade de voltar a atuar em mais produções nacionais. A vontade é tanta que ela fez até um apelo. “Eu amo trabalhar aqui. No Grande Prêmio de Cinema Brasileiro estava concorrendo com um filme brasileiro e com a maior felicidade do mundo. Foi um reencontro com o cinema nacional. Tenho muita vontade de voltar a trabalhar no Brasil. Tanto que eu estou pedindo emprego para todo mundo”, contou aos risos. Se arriscando também como diretora e produtora, ela segue firme com novos projetos. “Agora tenho uma produtora que se chama Los Bragas e estamos desenvolvendo um longa e duas séries. Uma delas eu vou produzir e atuar e na outra eu vou só produzir. Estou sempre buscando contatos”, revelou. Já lá fora, Alice teve grandes oportunidades de participar de filmes como “Elysium” e “Eu Sou a Lenda”, com o astro internacional Will Smith. Apesar de ter uma carreira consolidada no cinema norte-americano, a paulista conta que sente falta de sua cidade de origem. “Morro de saudade! Nunca vou deixar de morar em São Paulo. É o meu lugar no mundo”, contou ela, que assina a direção do documentário sobre a vida do jogador Neymar.

Alice Braga, Iberê Carvalho, Fabrício Boliveira e Dandara de Moraes (Foto: AgNews)

Alice Braga, Iberê Carvalho, Fabrício Boliveira e Dandara de Moraes (Foto: AgNews)

Aos 32 anos, a sobrinha de Sônia Braga conta que nunca se deslumbrou com o glamour que envolve a profissão. “É engraçado, isso. Venho de uma família muito pé no chão. Meu pai e minha mãe me criaram muito no mundo real”, disse ela, que vê com ótimos olhos o empoderamento feminino dentro e fora das telonas. “Eu acho importante o protagonismo feminino em qualquer que seja a personagem. Inclusive na vida. Eu me sinto honrada de fazer uma protagonista como a Terezza, que é a minha personagem, em ‘A Rainha do Sul’. O protagonismo feminino é necessário. A gente tem muitas histórias a serem contadas que não estejam diretamente ligadas ao mundo do homem”, disse.  E ela explica: “A mulher tem sua vida própria. Não podemos ser sempre a mulher que busca um homem ou a mulher que está se separando, mas, sim, a personagem que é um ser humano. Acho que falta isso. Vejo que faltam personagens femininos fortes. Acho que na televisão tem mais, mas no cinema ainda falta”, comentou.

Alice Braga (Foto: Divulgação)

Alice Braga (Foto: Divulgação)

Ainda durante o Prêmio Netflix, Alice Braga soltou o verbo sobre as recentes polêmicas que rondaram o filme “Aquarius”, dirigido por Kleber Mendonça Filho, e protagonizado por sua tia mais famosa. Além de não apoiar o boicote no Oscar 2017, ela ainda falou da importância das produções para o país. “Eu vejo o quanto o cinema mexicano se apoia. Eu não vejo isso aqui. Quanto mais criarmos rixas, menos fortes seremos. Por isso eu acho maravilhoso filmes como ‘Aquarius’ e ‘A Que Horas Ela Volta?’. Eles dão voz a uma parcela gigante da nossa sociedade. O trabalho da Sônia e da Regina Casé foram especialmente maravilhosos. Sou fã da minha tia, né? Não tem como não ser”, completou.