Três anos de carreira já foram o bastante para a capixaba Ari Westphal carimbar seu passaporte, deixar as fronteiras de Minas Gerais, para onde se mudou para estudar, e zarpar para Paris, onde durante a última semana de moda da cité, riscou as passarelas de grifes renomadas como Chloé, Sonia Rykiel, Vivienne Westwood, Acne Studios, Léonard Paris e Allude. São apenas os primeiros louros colhidos depois de iniciada sua parceria com o agente internacional Leonardo Gomes. Os planos, porém, são muito mais ambiciosos: “Quero desfilar pela Chanel”, revelou em conversa com HT no backstage da Animale, durante o segundo dia da edição de Inverno 2016 da São Paulo Fashion Week.
Assediada pelos fotógrafos que por aqueles corredores passavam, Ari é a new face do momento no sentido mais pleno da expressão fashion. Nada que a menina de apenas 21 anos imaginava. Se a trajetória de sua carreira não tivesse uma curva ascendente tão rápida, provavelmente Ari continuaria debruçada sobre um Vade Mecum na terra do pão de queijo. “Com 18 anos eu saí de Venda Nova do Imigrante, no interior do Espírito Santo, e me mudei para Minas Gerais para estudar direito. Fui à agência Mega Models, e o Júlio (Martins, conceituado booker da região) ficou louco por mim e, então, comecei lá. Mas, eu estudava e modelava quando dava, porque não tem muito trabalho”, relembrou.
Habitué de passarelas com as do Minas Trend Preview, segundo maior evento de moda do Brasil, Ari não tem ideia de quantas vezes terá que cruzar uma passarela da SPFW até o final da edição, no dia 23. Depois de ter dado o start no desfile de Alexandre Herchovitch no domingo (dia 18), ela desfilou nesta segunda-feira para Animale e Lilly Sarti. O detalhe de todo esse furor: o incensar do nome de Ari Westphal vem claro, de seu porte, do seu andar, e dos traços alemães, africanos e italianos. Mas é uma história inusitada que balançou o começo de seus trabalhos.
“Estava com um corte de médio comprimento e fui ao salão para mudar. Pedi para o cabeleireiro reduzir apenas 2 cm, mas acho que ele entendeu 12 cm. Ele repicou meu cabelo na parte de trás com navalha. E como eu tenho muito cabelo cacheado, ficou com se fosse uma juba de leão, muito estranho”, contou aos risos. Resultado? “Eu fiquei arrasada, não quis sair de casa por uma semana. E o problema é que eu tinha passagens comparadas para Nova York uma semana depois”. Equívoco capilar feito, era a hora de resolver o problema em tempo recorde. “Falei com a minha agência mãe (a Time Model) e eles me mandaram ir a um cabeleireiro muito conhecido em Belo Horizonte, o Bruno Cândido. A sorte foi que cheguei lá com selante no cabelo e ele foi saindo, saindo, e ficando em cachinhos”, disse.
Os ensaios para o desfile da Animale iam começar, mas HT não podia deixar Ari se despedir antes de questioná-la sobre o maior furor de Paris durante a semana de moda em que ela desfilou: “O governo da França assinou uma lei que proíbe modelos abaixo do Índice de Massa Corporal em desfiles e campanhas. Quem descumprir a regra pode estar sujeito a prisão de até seis meses e multa de 75 mil euros. Acha a medida justa? Deveria ocorrer o mesmo no Brasil?”. “Tem muita modelo que é magra e naturalmente assim, não faz dieta. Ainda mais que muitas meninas começam com 16 anos e são muito magras. Eu acho que não deveria medir pelo IMC. Eu, por exemplo, sou magra mas não faço dieta. É do metabolismo de cada um e eu sou abaixo do IMC. Aliás, acho que todas as modelos são abaixo, não tem nenhuma que é acima. O que deveria acontecer é a agência acompanhar a modelo, e não delimitar escolhas pelo índice de massa corporal”, opinou a doce Ari que só pensa em uma coisa: voltar para Venda Nova do Imigrante nas próximas semanas para visitar a família.
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