A sororidade deriva do latim soror, que significa irmã. Em resumo, sororidade é a irmandade entre as mulheres. E é esse o olhar para as mulheres na música, sendo uma que levanta outras, ajudando a desbravar caminhos, que Alana Leguth tem feito de farol ao criar o HERvolution – projeto dentro da KondZilla -, idealizado e dirigido pela empresária para incluir mulheres no universo musical. Pensar na pluralidade da mulher brasileira, buscando histórias inspiradoras que expressem a cultura periférica e dar mais espaço para mostrar o quanto os ritmos urbanos podem ser potencializados por profissionais femininas… é preciso. É vital! A paulista de Santos, que completa 34 anos no dia 29 de junho, é, ao lado do marido, Konrad Dantas, co-criadora da KondZilla – produtora, gravadora de músicas e conteúdo audiovisual, e também o maior canal do YouTube no país e de música da América Latina. E, além de gerenciar toda a área de licenciamentos de marca, Alana idealizou e conduz com maestria o projeto HERvolution. “O HER nasceu da necessidade de espaço e protagonismo para os talentos femininos da música urbana, produzida, composta e interpretada por mulheres”.
“Você não percebeu que você é o único representante do seu sonho na face da terra?”. O trecho de ‘Levanta e Anda‘, de Emicida feat com Rael, bem que poderia sintetizar o combustível do ‘corre’ frenético de Alana até aqui. É inspiração pura a forma como ela constrói pontes para a realização dos sonhos/projetos. Unindo a expertise destes anos na KondZilla, com uma boa dose de feeling, intuição e autoconfiança, a empresária tem guiado o projeto por caminhos frutíferos: com menos de um ano de criação, o HER foi vencedor, na categoria Inovação na Web, do WME Awards 2021. Além disso, o HER também passa a ser um selo musical, com o objetivo de criar um ambiente mais acolhedor para as artistas mulheres, no qual possam se expressar e desenvolver seus talentos com apuro técnico, qualidade, cuidado e afeto. “Queremos criar um ambiente musical mais rico e diverso. Com música boa e de qualidade para todos os públicos”.
Confira o nosso bate-papo com a empreendedora, que inteira em tudo o que faz, cuida por natureza e por ofício, lançando mão do olhar cirúrgico para os talentos, com ternura que agrega e potência que derruba muros de estereótipos e preconceitos, construindo caminhos, que ficarão como chancela. Alana rocks!
– Alana significa ‘harmoniosa’; ‘bela’, ‘formosa’; ‘marco de conquista’. Como interpreta a força do seu nome?
– Acho que eu venho descobrindo o significado do meu nome junto com o meu propósito. Eu sempre pensei que o meu propósito na vida era um e, hoje, descobri que são vários que estão atrelados a esse um. Sou formada em Farmácia e, apesar de não ter exercido a profissão, seguido o lado musical, continuo cuidando de todo mundo. Amo cuidar. Acho que a minha missão na vida é cuidar do próximo. Incluindo minhas artistas, colaboradoras… Canceriana, né? Mãezona de todo mundo.
– Você é do tipo que faz mapa astral, que marca show na época da lua e tal?
– Acredito demais em astrologia e faço o meu mapa astral. Comecei há dois anos, e também já me consultei com um numerólogo cabalista. Tudo por curiosidade. E acabou que todas as informações bateram muito. Então, eu continuei fazendo mapa astral.
– Qual a origem do sobrenome Leguth?
– É alemã. Meu pai é professor, em Santos (SP). Ele também é atleta máster de tênis de mesa, compete quase todo final de semana, sempre foi atleta, desde criança. A minha mãe já foi professora, e hoje é concursada, trabalha como auxiliar administrativa do Conselho Regional de Serviço Social. Ela também dança, é atleta, faz musculação. A família inteira é de atletas. Adoraria saber a história dos meus antepassados, já pesquisei de todas as formas, mas é muito difícil descobrir algo, porque quando vinham da Europa para o Brasil, muitas vezes mudavam a escrita do nome.
– E como foi a sua infância?
– Maravilhosa. Não poderia ter tido uma infância melhor. Nasci e fui criada em frente à Praia em Santos, meus pais moram lá até hoje. Tenho dois irmãos mais velhos: Caio, 35, e William, 42 anos. O Caio também vive em Santos. Eu sempre estudei, sempre dancei. Fiz um monte de esportes, passei por ginástica olímpica, por futebol, surfe… Como irmã mais nova, tudo o que meus irmãos inventavam de fazer, eu queria também. Mas eu também tinha uma cobrança muito grande comigo mesma. De estudar e não decepcionar meus pais.
– E o esporte também ajudou a aliviar essa autocobrança, é uma forma de extravasar, certo?
– Sim, sim. O esporte para mim sempre foi uma forma de extravasar. Até hoje, inclusive.
– Você é formada em Farmácia e provavelmente, antes da música, imaginou outro plano de vida. Acredita que o caminho encontra a gente?
– Com certeza. Acredito que nada é por acaso. Não que eu tivesse um caminho formado com a Farmácia, mas tinha planos. Quando a gente começa a faculdade tem uma ideia na cabeça, no meio da faculdade, têm outras e, no final, termina com outro plano completamente diferente. Mas, quando eu conheci o Konrad (Dantas, mais conhecido por KondZilla, que cravou sua chancela como um dos maiores produtores do funk no Brasil), foi amor à primeira vista. Eu falo isso para todo mundo. Quando ele decidiu trilhar esse caminho para a música, eu o apoiei incondicionalmente. Ainda estava na faculdade, fazia estágio. Quando percebi que ele precisava de alguém de confiança nesta empreitada, pensei: “Cara, só se vive uma vez. Vamos lá, o meu diploma vai ser meu para o resto da vida”. A faculdade virou o meu plano B e fui me envolvendo cada vez mais com a criação da KondZilla (hoje uma holding premiadíssima), com o audiovisual, com a música. Fui me apaixonando e aprendendo muito, aprendo todos os dias e, hoje, eu sinto que estou onde deveria estar.
-E como foi esse encontro entre vocês? Conta essa história para nós.
– A gente se encontrou na apresentação do TCC de um amigo em comum: o Fabricio, que trabalha com a gente, e eu fui assistir com a esposa dele, Talita. Para comemorar, fomos a um barzinho em frente à faculdade e o Konrad apareceu por lá. Foi quando eu o conheci e, desde então, a gente nunca mais parou de se falar. Isso foi no final de 2008, criamos um vínculo de amizade, mas começamos a namorar dois anos depois.
– Ser uma mulher que reconhece e joga luz na potência de outras, tem a ver com o protagonismo que tomou na sua vida? Embora vocês dois tenham construído a KondZilla, você tem a sua identidade dentro da marca, sua trajetória… e um projeto lindo, o HERvolution.
– Sim. Não sei se foi uma autocobrança minha, provavelmente foi. Mas eu sentia que, em algum momento, precisaria assumir uma posição pelas mulheres. Por eu ser sócia da KondZilla, por ter artistas mulheres, por todas as histórias de vida que presenciava. Mas, a partir do momento em que comecei a fazer, foi tudo muito leve e fluiu naturalmente. Acredito que por querer dar esse protagonismo às mulheres, contar a história delas, tudo foi acontecendo na minha vida.
– E que estereótipos ainda são presentes no meio musical, muito dominado pelos homens?
– O machismo existe em todas as áreas, independentemente do meio musical. Em qualquer área que você atuar, mesmo que velado. A posição que eu ocupo hoje dentro da KondZilla e na HER, me permite ser mais incisiva nessa mudança. Mas é trabalho de formiguinha, não adianta, o machismo está enraizado em nossa sociedade, e não é do dia para a noite que eu vou dizer: “Oi, cheguei, a partir de agora não tem mais machismo, tá? Vai funcionar assim”. É um trabalho de formiguinha que estamos conseguindo fazer muito bem.
– Que tipo de episódios de machismo já sofreu? O que enfrentou nesta questão, que não deseja que outras mulheres passem?
– Como eu tinha dois irmãos mais velhos, ninguém chegava nem perto de mim. Nem tinha como (risos). Mas um tipo de machismo que observo, e incomoda muitas mulheres, é invalidá-las com o título de “esposa do fulano” ou “irmã do fulano” ou a “filha do fulano”. Não. Essa mulher tem um nome, uma profissão antes de ela ser a esposa de alguém. Eu não me incomodo de ser chamada de esposa do Konrad, sou de fato, mas, antes de ser a esposa dele, eu sou Alana, farmacêutica, empresária, idealizadora do HERvolution. Tenho a minha identidade. Nunca me incomodei com isso, porque não é uma mentira, mas vejo que isso afeta muitas mulheres. Então, é algo que sempre tentei trazer à tona no projeto. A gente convida algumas dessas mulheres e deixa que falem sobre essa pauta como protagonistas de suas histórias e trabalhos.
– No meio do funk, os homens ainda precisam validar o trabalho das mulheres?
– Acho que hoje não mais. Já foi assim por muito tempo. Acredito que as mulheres estão aí mostrando que são cada vez mais capazes de fazer músicas muito boas. Inclusive temos produtoras musicais mulheres, o que já foi uma dificuldade que tive no começo do HER, e hoje vejo mulheres maravilhosas produzindo músicas incríveis.
– Em 2020, você criou um reality para descobrir uma produtora musical, já que estava sendo uma dificuldade encontrar profissionais no mercado que produzissem funk. E disse: “Você pede uma coisa para Deus e ele te dá algo muito maior do que você imagina”. Skye foi a campeã da competição. O que aconteceu a partir daí?
– As cinco meninas que participaram com a gente são incríveis. A partir do reality, descobrimos algumas meninas em comum com as participantes e fomos percebendo a criação de um núcleo gigantesco de mulheres produtoras musicais incríveis.
– Como está o trabalho de algumas participantes do reality promovido por você?
– Vejo a Skye com um trabalho incrível mais voltado para o rap, para o eletrônico, e para o trap. Eu a acompanho nas redes sociais. A DJ Brum tem o ‘Baile da Brum’, que é superestourado. É uma produtora maravilhosa também. Ela faz várias edições do baile, tanto em São Paulo quanto em outros lugares. Inclusive, eu quero muito ir. É um sucesso, os bailes são lotados e eu fico muito feliz de ver isso.
– O que você busca em uma artista para trabalhar com você? O que ela precisa ter?
– Além do talento, óbvio, acho que busco autenticidade. Eu quero olhar para a artista e ver que ela tem aquele algo mais. Aquela história que brilha nos olhos e você diz: “Essa menina é artista”. Por mais que ainda não seja, mas que você bata o olho nela e diga: “será uma artista”.
– O que tem a comentar sobre padrões estéticos. Estão caindo por terra?
– Acho que ainda existem padrões de beleza, não só no meio musical, na moda a gente também vê, mas é uma barreira que vem sendo quebrada. Também é um trabalho de formiguinha, inclusive por marcas grandes que estão tendo hoje essa consciência. Exemplo da Rihanna, que fez um desfile maravilhoso com a Fenty, super inclusivo e lindo. Eu acho que as mulheres estão percebendo que elas podem ser o que são de fato. Isso já vem acontecendo de um tempo para cá. No funk, acho que desde Valeska Popozuda. Veio ela, veio Tati Quebra Barraco. Elas começaram a vir, cada uma com a sua identidade, cada uma cantando a sua liberdade, desejos, vontades, e foram aceitas. Não com uma total facilidade, mas foram. E isso abriu todas as portas até hoje.
– Ainda há muita desigualdade de gênero no sentido de ganhos e reconhecimento?
– De reconhecimento sim. É só você abrir o Top Five do Spotfy e a gente vê isso. Mas acho que muda conforme vão aparecendo mais artistas e elas vão trabalhando juntas. Conforme vão fazendo feats, ajudando a outra a crescer, porque isso é algo muito comum entre os homens.
– Nas artistas que estão chegando, o que acredita que não pode haver ou não tem mais espaço?
– Para mim, um divisor de águas está muito na atitude. Gosto de artistas que tenham opinião, que saibam o que estão fazendo, que tenham uma noção do que cantam, das artistas que elas querem ser, de como se veem daqui a alguns anos. Essa questão comportamental de ser arrogante eu não consigo. Arrogância para mim não dá.
– O HERvolution tornou-se um selo musical em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o que é muito representativo…
– Sim. Eu sou empresária dessas meninas, mas eu faço todo um trabalho com olhar 360 graus. Gosto de acompanhar tudo: a criação da música, o processo em estúdio, dou palpite no beat, acompanho gravação de clipe… No último clipe, por exemplo, fiz a maquiagem na minha artista. Quero que tudo saia exatamente como foi imaginado. E saber que elas confiam em mim e no meu trabalho a ponto de permitir isso, além de ser uma responsabilidade muito grande, é gratificante. Principalmente, quando elas veem o resultado e percebem que, de fato, aquilo deu certo.
– Onde quer chegar com o selo?
– Meu objetivo com o selo é o mesmo que sempre tive com o programa HERvolution, que é dar o protagonismo para as mulheres da música urbana, dar esse espaço para as mulheres, principalmente no funk. É colocá-las dentro da estrutura da KondZilla, dar para elas toda a estrutura com o selo HER e com essa curadoria feminina, com esse cuidado que faz muita falta. Você percebe e sabe que uma mulher se sente confortável quando está com outras mulheres, muito mais do que quando está rodeada de homens. O selo está aqui para isso: para proporcionar espaço, protagonismo e esse cuidado.
– Quais são as suas memórias afetivas com relação às músicas?
– Ouvia muito funk. O ritmo começou no Rio de Janeiro e foi para a Baixada Santista e, de lá, para São Paulo. Eu peguei esse momento do funk da Baixada Santista, quando estava muito forte. E sempre ouvi também muito hardcore, reggae, hip hop, MPB. Sempre fui muito eclética e gosto de música boa.
– E desse funk do Rio, quais foram os personagens dos quais você disse: “Ficaram para sempre”?
– Marcio & Goró. Do Rio, eles com certeza. Eu gosto muito de funk melody. Sempre gostei e, inclusive, eu estava escutando hoje de manhã.
– Qual é o funk melody que embalou sua vida?
– Na minha adolescência, “Pequena Garota” (MC Suel & MC Amaro).
– Mas nesse período que você está com o Konrad, durante o namoro, uma música que marca vocês dois.
– “Buy UA Drank”, do (rapper estadunidense pioneiro do efeito auto-tune) T-Pain. Foi a música que estava tocando quando ficamos pela primeira vez.
– Quem são as mulheres que estão fazendo história hoje no funk, no rap, no trap?
– Além da Anitta, que é hors-concours, eu acho que a MC Taia, uma artista minha (sou suspeita para falar), que veio do Rio, e está crescendo demais na cena do trap-funk, maravilhosa, assim com o beat e o tom de voz dela; MC Mirella, com um crescimento inegável; MC Dricka, que também está alcançando lugares inimagináveis; Tasha & Tracie; Jup do Bairro.
– O seu selo é revolucionário até por, historicamente, existirem poucas mulheres à frente da indústria de uma forma geral. O que te inspira no mercado hoje?
– Acho que as mulheres estão chegando para conquistar o espaço delas. Eu me inspiro muito na Kamilla Fialho, da K2L; na Eliane Dias, da Boogie Naipe; na Darlin Ferrattry, empresária da Lexa (e mãe dela). Eu me inspiro muito nessas mulheres. A Carina Liberato, produtora e assessora da Anitta, também é uma referência. Cada uma tem o seu papel na indústria da música, tem o seu trabalho. Mas, de uma forma geral, são mulheres que conquistaram o seu espaço, que hoje têm uma posição de destaque dentro do mercado, e que estão abrindo caminhos para outras mulheres, assim como eu. Para que cheguem e se coloquem com segurança, sem medo de uma síndrome de impostora, sem achar que não é para elas.
– E o que mudou na Alana, que começou co-criando com o Konrad a Kondzilla, e a de hoje também em alta potência com o HERvolution?
– Essa Alana está mais segura de si, do discurso dela, do lugar que ocupa e do propósito. Não só a experiência na profissão, mas a idade, a maturidade, me trouxe essa segurança de saber onde estou, o lugar que ocupo, de saber o que estou fazendo. E, por mais que qualquer pessoa tente invalidar o meu trabalho ou o meu discurso, eu vou bater o pé: eu sei o que estou fazendo, sei o que estou falando, vou fazer desse jeito e acabou.
– Qual foi o seu momento mais emocionante até hoje com o HER?
– Com certeza foi a indicação ao WME Awards 2021 (primeira premiação brasileira dedicada às mulheres da indústria musical) e ter ganhado na categoria Inovação na Web desde que eu comecei nesse meio musical. Eu sempre admirei demais essa inciativa do WME. Sempre foi um sonho meu… Com um ano de lançamento do HERvolution recebemos duas indicações e uma premiação. Foi um ponto alto.
– Além de ficar com o Olavo, seu bulldog francês, o que mais gosta de fazer quando não está trabalhando? Existe rotina, como é?
– Eu tento, mas acho que existe uma rotina até 11h30. Depois só Deus sabe (risos). Eu treino todos os dias de manhã e venho para o escritório. Pego o Olavo e ele passa o dia inteiro aqui. É meu filho, não desgruda de mim. E quando eu não o trago, as pessoas brigam comigo.
– Como mantém a saúde física e mental no dia a dia?
– Crossfit. A saúde mental também vem daí. E eu tenho fortalecido muito a minha espiritualidade. Foi uma orientação da minha astróloga. Então, tenho trabalhado a minha espiritualidade, mas o crossfit é a minha terapia. É onde esqueço todos os problemas. É quando desligo e tenho a maioria das minhas ideias. No crossfit e dirigindo.
– E o feedback dessa sua imersão na espiritualidade, o que está sentindo por ter olhado mais para você mesma, ter essa conexão?
– Eu digo que Deus é muito bom comigo. Sinto que toda vez que alguma coisa muito grande ou muito boa vai acontecer, e que ainda existem algumas peças que estão desencaixadas no caminho, Deus fala assim: “Espera aí que eu preciso dar uma ajustada nisso aqui”. Ele vai lá, ajusta e acontece. E isso aconteceu mais de uma vez. Então, eu tenho essa certeza de que ELE está comigo o tempo inteiro e que tenho essa conexão direta. Procuro fortalecer cada vez mais, porque é o que me traz paz. É o que me deixa bem, tranquila e me proporciona segurança.
– Você pode nos contar um momento que tenha sido marcante nesta conexão?
– Ele tirou pessoas do meu caminho e tudo começou a andar. Saíram do meu meio profissional.
– Essa sua ligação com a espiritualidade passa por alguma religião ou é só uma busca de autoconhecimento?
– Passa. Eu me identifico muito com a religião evangélica, apesar de não ser batizada. Eu me identifico com a religião evangélica, mas acho que é muito mais por autoconhecimento mesmo.
– Você perdeu um bebê. Imagino que deve ter sido também um divisor de águas nesse seu amadurecimento. Como o episódio a transformou?
– Eu sempre soube que teria dificuldade para engravidar. Meu médico deixou isso muito claro. Mas acho que, a partir do momento em que você descobre que está grávida e perde, é muito mais difícil que perder sem saber que está grávida. Eu fui do zero ao 100 em uma semana, foi muito louco. Um baque. E um divisor de águas para mim, para eu me cuidar mais. Na época, eu estava acima do peso, não estava cuidando da minha saúde nem física e nem mental. Eu queria ser muito produtiva e acabava não sendo. Eu só estava trabalhando muito, mas não estava produzindo muito. Isso foi uma red flag para eu começar a pensar e cuidar um pouco mais de mim.
– E como encaram essa questão dos filhos hoje? Vocês pretendem ter ainda ou não é um plano para agora?
– Não é um plano para agora e estou supertranquila quanto a isso. A minha astróloga já me falou que essa minha necessidade de cuidar dos outros, de cuidar das pessoas que me rodeiam, supre essa minha necessidade maternal. E eu acredito muito nisso também. Se vier veio, será super bem-vindo e amado, mas, no momento, Olavo vale por cinco.
– No seu Instragram, você frisou que aprendeu, cresceu, caiu, foi subestimada, incomodou, ajudou e conheceu muita “mina foda”. O que destaca nisso?
– Eu dirigi um programa de TV sem nunca ter feito nada parecido anteriormente. Aprendi na marra. Conheci meninas maravilhosas que formaram a minha equipe e que estão comigo até hoje, e tive a oportunidade de dar espaço para mulheres contarem histórias que, talvez, se não fosse o programa, eu nunca conheceria. E a mulher numa posição de destaque, ocupando o lugar que deseja, e fazendo o que tem vontade, que é o que estou fazendo por outras por outras mulheres, a vezes incomoda.
– Como atravessou os dois anos da pandemia?
– Quando estourou a pandemia, eu ainda não tinha o HER. Eu quis ser voluntária no hospital de Santos como farmacêutica. Mas como tenho uma doença autoimune, meu médico me proibiu de fazer isso. Ficamos em casa, no no Guarujá durante todo esse tempo, trabalhando de lá. Eu emagreci 20 quilos durante a pandemia.
– E como você ajudou o próximo?
– Fizemos algumas doações. Eu não podia me expor por conta da minha doença autoimune, mas o Konrad foi em comunidades com a equipe da KondZilla, levando cestas básicas. Fizemos a live da KondZilla, também tiveram doações que foram revertidas em parcerias com a Cufa (Central Única das Favelas).
JOGO RÁPIDO HT
O que não pode faltar na sua casa?
Paz
Uma frase que permeia sua vida
A que eu tenho tatuada nas costas: “E que o passado abra os presentes para o futuro”
Uma mania
Cantar dirigindo
Um defeito
Sou imediatista
Um medo
Morro de medo de ventania. Deve ser coisa de outra vida, só pode
Com o que se preocupa nessa vida?
Com as pessoas que eu amo
O que ainda a incomoda e você não consegue entender?
A mente das pessoas. Não consigo entender pessoas que fazem mal para animais, por exemplo. O que se passa na cabeça dessas pessoas?
Como entende a questão dos ‘julgamentos’ que hoje permeiam a web?
Isso fala muito mais sobre as pessoas do que sobre quem elas estão julgando de fato. Se você não permite que esse comentário te atinja, está tudo bem
Qual foi a maior extravagância que você já fez na vida?
Levar a família inteira para Las Vegas, quando o meu pai foi competir. Dez pessoas, incluindo a família do Konrad também
Se você pudesse mudar alguma coisa em você, o que seria?
Acho que eu não mudaria nada. Eu me amo dessa forma
“Sou fonte inesgotável”, escreveu em um post com sua foto. Inesgotável de quê?
De ideias, amor, carinho, compaixão, de tudo
– Pode revelar quais são os novos projetos para o audiovisual com o HERvolution, que destaca o universo feminino através de temas como empoderamento, diversidade, inclusão, igualdade, pluralidade, força de expressão da cultura periférica e que dá voz a tantas mulheres?
– Segredo ainda. Estamos negociando (Certamente vem coisa muito boa por aí)
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