O pessoal do Entretapas, badalado bar de tapas – aqueles típicos acepipes espanhois -, em Botafogo, foi pioneiro neste tipo de gastronomia na cidade-maravilha, alçando voos bem mais sofisticados que os pés sujos de imigrantes da Península Ibérica que aportaram por aqui em décadas anteriores e oferecendo mais do que simples gambas (camaroezinhos). As croquetas de jamón (bolinhos com recheio de bechamel e presunto cru), gaspachos e patatas bravas se tornaram verdadeiros hits da turma que curte beliscar e lamber os dedos. Na verdade, a cozinha comandada pelo mineiro Jan Santos nada fica a dever aos equivalentes madrilenhos ou catalães e abriu espaço para concorrentes, como os dois Venga, em Ipanema e Leblon, outros templos desse tipo de culinária em solo carioca.
Agora, um novo estabelecimento surge na cidade, com a mesma chancela do Entretapas. É o Ibérico, menos bar e mais formal que o original, tipo restaurante mesmo, situado na Rua Saturnino de Brito, no Jardim Botânico, que abriu meio de fininho logo após o carnaval, tipo soft opening. Agora, nesta segunda-feira, a casa também coordenada pelos mesmos Jan Santos e Antonio Alcaraz mostra a que veio em grande estilo, com coquetel que celebra a exposição de fotografias com personalidades que irá decorar as paredes do lugar, com coordenação geral e produção executiva de Lou Bittencourt, a produtora master de gastronomia do Ela Gourmet, de O Globo, e de nove entre dez eventos desse segmento na cidade, com fotos concebidas pelo dublê de fotógrafo e chef de cuisine Marcelo Faustini, uma referência em qualidade, disposição e bom humor na urbe-maravilha.
“Alma Ibérica” traz Christiane Torloni posando como uma diva da terra de Miguel de Cervantes e Javier Bardem, como se fosse Merche Esmeralda, uma das grandes damas da dança flamenca, equivalente a uma Ana Botafogo ou Nora Esteves neste estilo. Tem a public relations Bel Augusta, outra figura conhecidíssima no meio, arrasando em postura flamenca, como um êmulo de Lola Flores, baluarte desta expressão, tipo uma Angela Maria local. E o fotógrafo de gastronomia Sergio Pagano incorporando o artista Salvador Dalí, com direito a bigode igualzinho ao do pintor-escultor, olhar arregalado e relógio-fascinator escorrendo pela cabeça. O acessório, aliás, criado pelo stylist Alexandre Schnabl – nosso editor aqui no site e figurinista tarimbado – já havia sido testado pelo próprio no Baile do Copacabana Palace, “Dada Magic Ball”, durante o último carnaval e aprovado por todos, quando o produtor de moda circulou com o amigo Faustini. Aliás, toda a expo tem essa pecha de ação entre amigos, feita para todos se divertirem com o resultado. Tanto que ainda devem posar para fotos-extra os atores Silvia Buarque, Malvino Salvador e Tatá Werneck, que ainda não puderam disponibilizar as agendas, provando que o badalo deve se estender por mais tempo.
Por enquanto, a badalada promoter Clarisse Miranda pode ser vista em versão black de Carlota Joaquina, com turbante e leque. Faz sentido, ela é tão efusiva quanto a espanhola que virou princesa do Brasil. A atriz Bárbara Paz faz uso de seu olhar 43 e finge que manuseia castanholas em uma pose expressiva, intensificada pela chemise de babados de Anne Fontaine. O toque de Pedro Almodóvar ficou com a modelo Gabrieli Diniz, que entra no espírito de Penélope Cruz em figurino trazido da Espanha, para lá de kitsch. E a espanhola de nascença Olalla Piñero, amiga da casa, quase teve de tomar um jerez para relaxar e mostrar um pouco do corpão na hora de deitar sobre um recamier e recriar a famosa Duquesa de Alba, retratada por Francisco de Goya no quadro “La Maja Desnuda”. Bom, ela não tirou toda a roupa como a aristocrata, mas quase e acabou posando coberta por uma mantilha.
Fechando essa primeira leva de fotos, possivelmente a mais trabalhosa tenha sido a que também evoca outro quadro clássico, “Los Borrachos”, de Diego Velàsquez. Os chefs Bianca Lopes, Frederic Monnier, Fred de Maeyer, Kátia Barbosa, Kiko Farias, Tiago Flores, Pedro de Artagão, Rafa Costa e Silva, Thomas Troisgros e Vaval, além do próprio Jan Santos, se esbaldaram na produção cenográfica montada no Bar Aurora, um clássico da boêmia no Rio.
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