O povo nas ruas deu sinais de calmaria, mas não de finalização. Afinal, ainda tem muito o que mexer nesse arbusto. Vai fazer um ano da maior passeata da Candelária de todos os tempos e do momento denominado pelas redes sociais de “o gigante acordou”. Mas este gigante, na verdade, estava sendo conduzido por uma mocidade adormecida, filhos da juventude que lutou há 50 anos atrás. E é com este gancho que o Galpão Gamboa resgata os anos da ditadura no Brasil em cartaz com peça “Nem mesmo todo o oceano”. O espetáculo, interpretado pela Cia OmondÉ, fica em cartaz nos dias 29 e 30 de março e faz parte da programação do projeto Gamboavista 3.
A diretora Inez Viana, à frente da Cia OmondÉ, assume que esperou essa boa hora para a montagem: “Enquanto a Comissão da Verdade tenta apurar fatos, até então obscuros dos anos de chumbo, tive a certeza: é chegado o momento de vir à tona essa história que me persegue e me fascina há 13 anos e que, desde o primeiro momento que li, sabia que um dia teria que montá-la”, conta.
O espetáculo traz a difícil e trágica história de um jovem médico durante um dos períodos mais conturbados de nosso país. Com adaptação e direção de Inez Viana para o livro homônimo de Alcione Araújo, “Nem mesmo todo o oceano” é um thriller contemporâneo dentro de um romance histórico, que combina ficção e fatos reais. A peça, que estreou em 2013 é um romance de geração e de ideias. A história apresenta um rapaz pobre, que se sacrificou de todas as maneiras até conseguir se formar em medicina no Rio de Janeiro. Teve memoráveis experiências sexuais, casou-se com a burguesa Elisa e, com enorme apatia política, acabou em um envolvimento fatal com o DOI-CODI e transformou-se em um dos médicos legistas da ditadura.
Durante a apresentação, perguntas se jogam na cabecinha do espectador. Amor, raiva, liberdade, repressão, riqueza e pobreza, o bem e o mal em suas manifestações que nos são tão familiares, alfinetarão a sua veia reflexiva. Se mostra presente também a teoria comunista versus a realidade capitalista, tão debatida durante o período e que agora abre espaço para infinitos hastags, cartazes e até manifestações chamadas de “#maisamormenoscapital”. No fim da trama, essas teses são inevitavelmente enterradas na unidade familiar disfuncional, devastada pelo abuso e pela traição. Ou seja, nada de pecinha para relaxar no fim de semana, é coisa para sair de lá baqueado e negar o barzinho da esquina ou usá-lo como mesa de debate.
Veja ficha técnica e galeria de fotos!
Adaptação e direção: Inez Viana
Direção e produção: Claudia Marques
Elenco – Cia OmondÉ – Leonardo Bricio, Iano Salomão, Jefferson Schroeder, Junior Dantas, Luis Antonio Fortes e Zé Wendell
Consultoria Dramaturgica – Pedro Kosovski
Iluminação – Renato Machado
Figurino – Flávio Souza
Concepção Cenográfica – Claudia Marques e Inez Viana
Direção Musical – Marcelo Alonso Neves
Produção – Fábrica de Eventos
Um projeto da Cia OmondÉ
Serviço:
Datas: 29 e 30/03
Horário: sábado, às 21h; domingo, às 20h
Local: Galpão Gamboa – Teatro
Capacidade: 80 pessoas
Endereço: Rua da Gamboa, 279 – Centro – RJ
Telefone: (21) 2516-5929
Classificação: 16 anos
Duração: 80 minutos
Gênero: Drama
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