Unindo arte e acessibilidade, Clara Kutner estreia o projeto “Som, Uma Coreografia Para Surdos” na mostra ArtSonica


Paulo José ao lado da filha também conferiu a exposição no projeto ArtSonica, no Centro Cultural Oi Futuro. A obra tem a inclusão como tema principal e busca apresentar o ritmo e as vibrações da música flamenca para todos

*Com Iron Ferreira

Em exposição na ArtSonica Residência Artística, promovida pelo Centro Cultural Oi Futuro, no Flamengo, a obra “Som, Uma Coreografia Para Surdos” mescla arte e interatividade em um projeto totalmente dedicado à inclusão e inovação. Desenvolvido pela atriz, cineasta e dançarina flamenca Clara Kutner, filha do consagrado ator Paulo José e da grande atriz Dina Sfat (1938-1989), o objetivo da mostra é receber visitantes em uma plataforma de madeira que permite estímulos vibratórios emitidos pelos graves da música flamenca. Enquanto o público acompanha a coreografia, em um vídeo exibido paralelamente, será possível sentir e entender como bailarinos surdos conseguem executar os passos.

Clara Kutner e o pai, o ator Paulo José na abertura da intervenção (Foto: Monica Ramalho)

Ao Site Heloisa Tolipan, Clara revelou que a convivência com o seu marido, Emanuel de Jesus, que tem baixa visão, a incentivou na criação e desenvolvimento de um projeto que primasse pela inclusão: “Eu comecei esse trabalho há mais ou menos um ano, quando participei de uma oficina batizada “Acessibilidade em Movimento”, junto com o Emanuel de Jesus, onde eu dei uma aula de flamenco com foco na acessibilidade. Em seguida, eu fui selecionada pela mostra ArtSonica e comecei a pesquisa para montar a minha obra. Dei um mergulho muito grande na cultura dos surdos, sempre em interlocução com os alunos do Instituto de Lira de Inclusão Social (ILIS). O meu contato com a inclusão surgiu a partir do meu marido. Estava com ele e com o meu pai em uma mesa, quando percebi que os dois se comunicavam através do movimento de sobrancelhas. Achei aquilo muito lindo, me inspirou. Através disso, pensei como que seria para uma pessoa surda sentir as vibrações da música flamenca, que é muito sonora. Através desse questionamento que surgiu a ideia da obra”.

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“Som, Uma Coreografia Para Surdos” foi criado em parceria com o bailarino cubano Miguel Alonso, os bailarinos surdos Lucas Lima e Bruno Ramos, o artista sonoro Floriano Romano, o compositor, violinista e arranjador Luciano Camara e com o cajonista Luthier Alejo. A artista ainda desenvolveu uma tecnologia especial para a montagem da obra, em parceria com a produtora Ylla Gomes. “A música flamenca, assim como a dança, é muito percussiva. Escolhi esse ritmo pela minha experiência profissional. Eu estou muito feliz em ver esse projeto pronto e receber o feedback das pessoas surdas. É uma experiência para todos. Poder estabelecer essa comunicação com a cultura surda, através do som e das vibrações, é gratificante”.