Sonia Braga e Kleber Mendonça Filho, atriz e diretor de “Aquarius”, respondem críticas do Ministro da Cultura, Marcelo Calero, por protesto em Cannes


Tudo começou com a entrevista de Calero a Jorge Bastos Moreno, na qual ele afirma: “Acho que é um desrespeito falar em golpe de Estado com aqueles que viveram o golpe realmente, o de 64. Pessoas morreram. E as pessoas esquecem isso. Então eu acho de uma irresponsabilidade quase infantil”

Peguem a pipoca que a briga é boa. Como contamos por aqui, o Ministro da Cultura do governo interino Michel Temer, Marcelo Calero, fez duras críticas à equipe do longa “Aquarius”, que incluía Sonia Braga e Humberto Carrão, por conta do protesto em Cannes contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Entre outras coisas, os atores, o diretor, Kleber Mendonça Filho, e parte de equipe técnica disseram em entrevistas coletivas e com cartazes no tapete vermelho que a democracia no Brasil estava abalada, que vivíamos em um golpe de Estado e assim por diante. Calero, por sua vez, em entrevista a Jorge Bastos Moreno, chamou o ato dos artistas de “desrespeitoso e quase infantil”. A reação, claro, veio imediatamente. Sonia Braga usou seu Facebook para disparar contra o ministro.

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“Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade. Eu, só de profissão, tenho 50. Na época da Abertura, os artistas não tinham sequer uma lei que regulasse a profissão. Essa lei foi promulgada em 1978, depois de muita luta, da qual tive a honra de participar. Naquela época, acredito, o senhor Marcelo ainda não havia nascido. Por isso, não deve ainda ter tido tempo de aprender sobre os nossos problemas e os nossos direitos. E pouco se importou, ou não notou, que uma atriz brasileira era campeã de bilheteria do cinema brasileiro e sustentou este título por 30 anos – também ganhando, com filmes brasileiros, além de projeção internacional, muitos prêmios no exterior, promovendo assim o nome de Brasil e de nossa cultura. Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro? Isso é desconhecimento do que significa plena democracia. Se estivéssemos falando em nome de todos não precisaríamos, evidentemente, fazer o ato. Uma coisa é certa: estamos juntos. O Ministro da Cultura ofendendo artistas é inadmissível. O senhor está nesse cargo para dialogar, para nos ajudar, para fazer a ponte com quem nos explora.A propósito, as críticas para Aquarius foram fabulosas. Quatro estrelas em jornais franceses, italianos, poloneses, russos e três citações no The New York Times. Ponto grande para a imagem da cultura brasileira no exterior. Senhor Ministro, não podemos perder as nossas conquistas. Sobretudo a mais importante delas, o respeito”.

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Já Kleber Mendonça Filho, resolveu ser mais sutil, e compartilhou o editorial do “The New York Times” dessa segunda-feira, no qual o jornalão “dá uma medalha de ouro ao Brasil pela corrupção”, e faz duras críticas a Michel Temer. Na legenda do compartilhamento, o recado: “Caro Ministro Calero, talvez isso aqui redefina sua noção de o nosso país passar vergonha internacionalmente. O THE NEW YORK TIMES é o mesmo jornal de influência mundial que incluiu meu filme anterior – O SOM AO REDOR -, fruto do MinC, entre os 10 Melhores de 2012, um orgulho para a Cultura Brasileira”.

A briga, pelo visto, vai longe.