São Paulo e Lisboa se encontram nas ondas do dial carioca: sai Fabiane Pereira e entra Verônica Pessoa no comando do Faro MPB, da MPB FM. A gente entrevistou as duas!


Fabiane, para quem não sabe, se mudou para Lisboa, onde vai fazer um mestrado e uma residência artística-literária por dois anos. Por isso, ela deixa de ser a apresentadora e passa a comandar um quadro dentro do Faro, gravado direto da terrinha, batizado “Faro Pelo Mundo”

Troca de comando em um dos programas mais legais do dial carioca. Fabiane Pereira – nossa colunista de literatura e expert em música – deixa o comando do Faro MPB, da MPB FM, programa dedicado aos novos nomes da música brasileira, e passa o bastão para Verônica Pessoa, que, além de empresária de artistas como Ana Cañas, Marcelo Jeneci e a banda O Terno, trabalha como pesquisadora musical e é mestre em Comunicação pela USP.

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Fabiane, para quem não sabe, se mudou para Lisboa, onde vai fazer um mestrado e uma residência artística-literária por dois anos. Por isso, ela deixa de ser a apresentadora e passa a comandar um quadro dentro do Faro, gravado direto da terrinha, batizado “Faro Pelo Mundo“. “Na verdade, sempre que eu for ao Brasil (a cada três meses, por motivo de trabalho, terei de voltar), apresentaremos juntas o programa. O Faro MPB existe há oito anos e há quatro estou à frente dele. Ele é o único programa em uma rádio comercial do Rio de Janeiro que é voltado exclusivamente para a nova cena”, explicou Fabiane.

O último programa de Fabiane como apresentadora titular vai ao ar nesta quinta, dia 28, e o convidado e o Artista Faro MPB do mês, é Alvaro Lancellotti. Ah, mas antes disso, a gente colocou as duas pra trabalharem e propôs que elas fizessem cinco perguntas entre elas, para aquecer essa integração e para gente conhecer um pouco melhor das dupla. Vem que tá uma delícia de papo.

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Verônica Pesssoa entrevista Fabiane Pereira 

VP: O que move o seu trabalho como comunicadora?
FP: A mola propulsora de todo meu trabalho – arrisco dizer, da minha vida – é promover a minha geração e fomentar seus atravessamentos artísticos. Meu recorte principal é a música, mas gosto de flertar com a literatura e com o cinema. Mas, acho, que a música ainda é a maior ferramenta de sensibilização e interação que existe. Isso é incrível!

VP: Qual a sua relação com a música?
FP: De entrega total. O generoso da música é que você não precisa ter ritmo nem para bater palmas (é o meu caso!) para que ela lhe abrace. Gosto de ouvir música de todos (mesmo!) os gêneros, todos os dias e em quase todos os momentos do meu dia. Gosto ainda mais de ir a um show e me conectar com a música a tal ponto que meus pés deixam de tocar o chão, e passo a ser também onda sonora. Eu preciso de música como preciso de chocolate, é serotonina na veia.

VP: Por que trabalhar com música? Por que esse desejo de descobrir as novidades da MPB?
FP: Quando decidi ser jornalista, a editoria de cultura foi se impondo através dos meus estágios. A música veio junto e por ser muito ligada a ela desde criança – meus pais promoviam serestas na minha casa durante minha infância e adolescência – acabei me especializando. Melhor dizendo, acabei fazendo do meu hobby preferido, minha profissão. E é intrínseco do jornalista descobrir coisas novas e meu faro aponta pro “novo” musical.

VP: Como você analisa o cenário atual da música contemporânea no Brasil?
FP: Riquíssimo. Mas é preciso ter ouvidos e sensibilidade para entender que nada mais será como antes e que estamos sim fazendo muita música boa (o que é música boa?) no Brasil neste momento. Somos celeiros de talentos e experimentações e apesar do período trevas que estamos vivendo, a música – como o samba – agoniza mais não morre.

VP: Por fim, parafraseando Paulinho Moska: o que é música pra você?
FP: É som… e pausa.

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Fabiane Pereira entrevista Verônica Pesssoa  

FP: Como a música entrou profissionalmente em sua vida?
VP: Nos meus primeiros dias da faculdade de jornalismo, lembro de um dos professores nos pedir um texto sobre arte, sobre qualquer linguagem artistica. Fui à biblioteca e passei uma tarde pesquisando sobre música. Naquele momento, entendi o prazer que é poder escolher com o que vai trabalhar e mais ainda poder escolher a música para estudar, trabalhar, cuidar, pesquisar. A partir daí, o assunto tomou conta da minha vida: aprendi a tocar e fiz diversas turnês na banda de Erasto e Naná Vasconcelos (mestres do conceito da música pra mim!) , pesquisei o tema no meu mestrado na USP, montei uma empresa que trabalha colocando a novos cantores no mercado, fiz amigos músicos, faço tudo com música! É uma alegria poder viver assim, das minhas escolhas musicais.

FP: Qual a importância do rádio num mercado que tenta se renovar e encontrar novos vias de divulgação?
VP: O radio é um veiculo de grande alcance: viajo sempre ao agreste nordestino e vejo o rádio ligado em todos os lugares – padaria, barbearia, farmácia, todo lugar -, assim como vejo os taxis e ubers das grandes metrópoles sempre com o rádio a postos para o passageiro. Os novos caminhos de divulgação e comunicação da música no mercado se somam ao rádio, esse pioneiro incansável que está em todos os lugares. O espaço desse veículo no mercado muda, adapta, mas não desaparece.

FP: São muitos os artistas produzindo hoje por causa da facilidade de gravação e divulgação pela internet. Como você pretende filtrar estes artistas (seus critérios) para inserí-los na programação do Faro MPB, que sempre primou pela diversidade?
VP: A música boa está sendo produzida e esse é o grande critério! Espero entender as diversas camadas do que é ser bom ou não e poder dividir isso com os ouvintes. Quero que cada um dê as suas opiniões e me ajude a montar o programa com a diversidade que já existe lá. Vamos ter música de todas as regiões do Brasil e de diversos estilos, isso que é a riqueza de trabalhar com o novo. Vai ser uma delícia!

FP: O que é música radiofônica para você?
VP: A que toca no rádio é aquela que é delicia de ouvir, misturada com aquela que aguça a curiosidade dos ouvidos. É maluco isso, mas acredito no rádio como aquele que acolhe tanto a ponto de nos mostrar os novos e nos acalentar com os clássicos. Isso é radiofônico, o novo de sempre, o antigo contemporâneo. Cada escuta espera uma nuance diferente e penso que a canção brasileira tem uma variedade grande de nuances. Radiofônica não é a música facil, não é dificil, é querida. A música do radio é a surpresa desejada.

FP: Qual sua expectativa em assumir, como apresentadora (temporária porque em dois anos estarei de volta!!! hahaha) o programa de rádio mais legal do dial carioca?
VP: Não vejo a hora de estrar o programa! Sem dúvida, é o programa mais legal do dial carioca e tive sorte de estar comandando o microfone, os papos e o som do Faro! É o que eu gosto de fazer: procurar música nova, conhecer artistas jovens, contar pras pessoas como tem coisa boa sendo feita por aí. Vai ser um prazer e uma honra cuida do Faro enquanto você esta dos lados de lá!