Rodrigo Sha é o músico da exposição Hipersensorial com quadros de artistas urbanos que foram produzidos ao mesmo tempo das canções


A mostra é gratuita e pretende transformar o projeto em livro e CD que trará um estilo psicodélico oriundo das músicas eletrônicas

Ver, escutar e sentir. Tudo é possível na exposição da Casa França Brasil, ‘Hipersensorial’. O espaço recebe diversas telas de artistas urbanos como Fábio Ema, Flávio Rossi, Ayrá OCrespo e Lamarca com toques psicodélicos. A diferença dessas obras é que acoplado a elas estão caixas de sons com músicas feitas especialmente para cada quadro. O projeto foi idealizado por Fábio e o multi-instrumentalista Rodrigo Sha que inclusive tocará em alguns dias do evento. “Sempre que eu escrevia uma canção, imaginava o que aquilo significava e criava imagens daquele som na minha cabeça. Por isso melodias sempre tiveram forma para mim. Dessa forma, o projeto começou com o Fabio Ema que é um artista plástico que trabalha com imagem e fez a projeção do meu último show. Juntos pensamos em fazer uma obra que ligasse música e quadro, a partir disso começamos esse desafio. Ter uma conexão muito boa com o Fabio ajudou muito e com os outros fui compreendendo a arte deles aos poucos. Conversei muito com os artistas e sempre enviava trechos que já tinha feito para que eles continuassem a obra. Um mandava um pedaço produzido para o outro para formar um todo”, explicou Sha.

Rodrigo Sha criou todas as músicas (foto: Divulgação)

A exposição é uma das primeiras que possui músicas feitas especialmente para os quadros. “O bacana deste projeto é que ele criou um produto novo. O comprador leva uma tela e uma caixa de som para casa com uma música feita especialmente para adentrar naquela obra. Em vez do rapaz relaxar tocando um CD, ele aperta o play na obra. Isso aumenta a profundidade da mensagem e do pensamento, gerando uma imersão maior”, contou. A ideia desse projeto surgiu durante uma visita de Sha a Amsterdã onde o músico visitou o museu de Van Gogh que trazia fones de ouvido junto das telas. No entanto, os processos de composição dessas músicas foram um pouco diferentes das oferecidas nesta exposição, já que a tela e a melodia foram criadas simultaneamente.

Na obra, é possível escutar e ver (foto: DIvulgação)

Exaltando ainda mais a produção de arte, Sha planeja tocar no evento composições que criará naquele mesmo momento. “Eu vou compor na hora do show, acho que isso foi a loucura máxima que já fiz como artista. Poderia selecionar algumas músicas do meu CD, mas resolvi me arriscar e fazer tudo na hora. Essas apresentações não tem uma hora fixa, posso aparecer lá até na hora do almoço. A princípio vamos ficar mais nos finais de semana e sentir a demanda do público”, salientou Rodrigo Sha.

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Trabalhos que envolvem vários sentidos estão surgindo cada vez mais. Sha é um dos artistas que se preocupa em causar ao público uma verdadeira imersão na arte. Segundo ele, isto se deve à forma como as pessoas lidam hoje com o mundo e a sociedade. “As pessoas estão muito ansiosas e dispersas. Existe muito excesso de informação e uma imagem precisa de espaço para existir senão se torna mais um quadro. Para enxergar um quadro é preciso esquecer do mundo, ter calma e respirar. Acho que essa ideia de composição implora para as pessoas pararem e escutarem porque exige um tempo maior do que os quadros tradicionais”, afirmou o artista.

O evento é aberto ao público (foto: DIvulgação)

As músicas produzidas para esta exposição irão aparecer em um CD exclusivo sobre a mostra, assim como as imagens pretendem compor um livro. Nas composições, o rapaz se inspirou em Pink Floyd, Tom Jobim, Chet Baker, Daft Punk, Sting, John Coltraine e Gilberto Gil. “Eles são minhas referências musicais na hora de compor qualquer coisa e, dessa vez, trouxe o lado mais psicodélico dessas bandas sem deixar de mesclar com a sutileza das melodias. Trouxe para essa arte a minha filosofia de vida no sentido de mostrar com verdade os sentimentos que me tocaram ao ver aquelas telas. Eu não tive controle do resultado”, contou. Rodrigo Sha afirmou não ter um estilo definido, ele consegue passar por todos. No entanto, neste momento está visando o lado psicodélico com músicas eletrônicas.

Rodrigo Sha irá tocar em todos os dias do evento (foto: DIvulgação)

Além deste projeto, o músico está animado para tocar no Rock In Rio, em setembro. Sha será o único a aparecer em todos os dias do evento, na Rock District, e isso aconteceu depois de Sha tocar no metrô através das campanhas feitas pelo evento. “Fiz uma apresentação muito diferenciada, só com instrumento de sopro. A minha versatilidade chamou muito atenção da galera do evento e acabaram me colocando lá todos os dias”, relembrou.

Serviço

Local: Casa França Brasil – Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, Rio de Janeiro

Data: 8 a 30 de julho

Horário: 10 às 20h, de terça a domingo

Entrada gratuita

Classificação: livre