* Com Jefferson Lessa
Pedras flutuantes, luminárias circulares que lembram OVNIs, muita luz natural e uma atmosfera onírica fascinante. O UFO Space, espaço de coworking high tech localizado na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul, está ressignificando o conceito de ambiente de trabalho. Por conta disso e, claro, de suas características práticas e do uso de tecnologia de ponta, o projeto assinado pelo escritório MOV.IN Arquitetos, de Porto Alegre, está entre os cinco finalistas do Frame Awards, na categoria Coworking Space of the Year. Em tempo: liderado pelos jovens arquitetos Francisco Tubino, Guilherme Sabedotti Busin e Matheus Stringuini, o escritório abriu as portas há apenas dois anos e vem conquistando visibilidade mundial pela simbiose entre futuro, memórias afetivas, diversidade e sustentabilidade.
Criada por Robert Thiemann, fundador da revista holandesa Frame, distribuída em 77 países, a premiação celebra os interiores mais incríveis do planeta. Neste ano, mais de mil projetos de todo o mundo foram apresentados. O Frame Awards é o primeiro e único prêmio global de design de interiores com uma abordagem verdadeiramente holística. Os prêmios identificam e honram os melhores projetos de interiores do mundo, mas também as pessoas por trás deles. O trabalho é julgado por todas as partes interessadas do setor: designers de interiores, arquitetos, marcas de varejo, fornecedores de hospitalidade, instituições culturais e educadores. No total, 34 prêmios são divididos em Prêmios Espaciais, Executivos e Sociais cobrindo todo o espectro de interiores, enquanto os Prêmios Honorários celebram nomes que criaram uma chancela de inovação. Entre os juízes estarão arquitetos e designers do porte da italiana Paola Navone e do brasileiro Humberto Campana.
O voto popular também faz parte do concurso e já está sendo computado. O UFO Space, que concorre com coworkings de Melbourne (Austrália), Seattle (Estados Unidos), Kamakura (Japão) e Madri (Espanha), está em primeiríssimo lugar na preferência dos internautas, com um score de 6,17 (o segundo colocado atingiu 4,84 pontos, se chama The Collective e fica em Seattle).
Os prêmios serão entregues durante uma grande cerimônia em Amsterdam, na próxima quarta-feira, dia 20. Os arquitetos (além dos três sócios, o projeto contou com o trabalho de Lucas Dutra e com a colaboração de Letícia Jacobsen) confiam no ineditismo e nas características únicas do UFO Space, localizado no Park Shopping e administrado pela EXO Inteligência Colaborativa.
– Criamos um espaço moderno, simples e elegante inspirado em ambientes de inovação e coworkings europeus. Optamos por trabalhar com linhas escandinavas. É convidativo e minimalista. Nossa ideia era tornar o local o mais reto possível. As pedras são o único elemento decorativo – conta Guilherme Busin, 27 anos, que se tornou sócio do Mov.In ainda quando cursava arquitetura pela UniRitter, onde todos estudaram juntos.
As pedras de que fala Busin são os elementos marcantes no espaço. Já na fachada, o visitante se depara com um muro de gabião que dará unidade a todo o ambiente, de 600 metros quadrados. No entanto, os módulos metálicos são preenchidos até a metade, apenas. A partir daí, as pedras passam a flutuar, como se a gravidade houvesse acabado. O efeito é simplesmente alucinante.
– Tem tudo a ver com o conceito de UFO, a sigla em inglês para Objeto Voador Não Identificado, ou OVNI – explica Guilherme Busin. – Quando pensamos no espaço, tivemos a ideia de criar não apenas um coworking, mas também um coliving, um lugar que, além do trabalho, fosse capaz de potencializar as relações interpessoais. Ou seja, quisemos que o UFO Space fosse capaz de abduzir as pessoas que circulam por ele.
E os jovens e talentosos arquitetos conseguiram. É uma experiência única observar a parede de gabião que percorre todo o espaço, dividindo as salas de reuniões e os escritórios das áreas de convivência, como o café, a arquibancada e a mesa de trabalho coletiva. Além de integrar os ambientes, a estrutura de aço e pedras é de uma beleza ímpar. (SPOILER da magia. Vamos contar o segredo das pedras antigravitacionais: elas ficam penduradas por fios de aço finíssimos, presos às rochas por pequenos parafusos.)
– Com as pedras antigravitacionais, pensamos mais uma vez, no efeito intergaláctico, no conceito de UFO, de algo que vai chamar, abduzir as pessoas para o lugar – diz Busin.
Além dos locais para reuniões, o coworking oferece escritórios, mini auditórios, espaço para eventos com arquibancada, mesas para trabalho individual e espaço gourmet. Também há lugares reservados para quem quer trabalhar sozinho, incluindo uma rede para quem precisa relaxar. Nas “conchas acústicas” pode-se conversar com privacidade total em meio ao movimento. Os nomes das salas de reunião (Milky Way, Andromeda), por sua vez, fazem referência ao UFO. Quando utilizado em sua plena capacidade, abriga entre 120 e 130 pessoas nas onze salas privadas e no centro de inteligência coletiva.
O arquiteto revela que o UFO Space é um projeto-piloto para testar a receptividade desse tipo de equipamento na cidade. Ainda vem mais por aí, bem mais:
– A ideia é construir hotéis de fácil acesso, com auto check-in, por exemplo. Ainda não posso revelar detalhes, mas tem muitas novidades chegando. Até onde sei, haverá duas novas unidades em Porto Alegre. O grau de conectividade será muito grande. O Volkshotel, em Amsterdam, é um exemplo do que estou falando.
Por enquanto, a gente fica só na expectativa e torcendo pela premiação do UFO Space. Os arquitetos viajam para a capital holandesa na próxima semana. Na na quarta-feira, dia 20, à noite já saberão do resultado. No dia seguinte, participam de um workshop com os irmãos Campana. Depois disso, caem na estrada.
– Vamos viajar muito, mas com o intuito de conhecer espaços de coworking pela Europa. Já selecionei 10 lugares para visitar em Amsterdam. Vamos também a Paris e a Bruxelas para ver escritórios. Mas a cidade que mais me empolga é Roterdam. Dizem que os espaços de coworking de lá são os mais incríveis. Estamos em busca de inspiração por esse mundo afora, mas totalmente conectado – conclui Busin.
O céu é o limite.
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