*Por João Ker
O Festival Multiplicidade ocupou o Oi Futuro do Flamengo desde a Copa do Mundo, com a exposição “Nós” que você já viu aqui. Agora, nesta última semana, a profusão de performances, instalações e projeções artísticas atingiu um novo nível, com uma programação que reuniu 650 nomes nacionais e internacionais (com atenção especial para a Dinamarca) e uma festa de encerramento para ninguém colocar defeito, durando quatro dias e se dividindo entre a Fundação Planetário, na Gávea, e uma ocupação no Parque Lage durante o fim de semana. Quer melhor maneira para comemorar uma década de existência pelo circuito artístico carioca?
O agito bombou durante a noite de quinta-feira (27/11) no Planetário. A programação de projeções e movimentos artísticos começou às 18h, se estendendo até a meia-noite, com direito até ao pessoal do bloco Vamo ET antecipando o Carnaval e, com uma animação descomunal, dando palinha de tempos em tempos em meio a todas aquelas lunetas e telescópios do espaço. Quase uma mistura de Zé Carioca com Star Wars. Do lado de fora, o públic, entre seus vinte e muitos e trinta e poucos, fazia aquele lounge enquanto tomava uma cerveja e intercalava a social com a apreciação dos artistas ali presentes.
Era o caso de Lua Ebisawa, designer de interiores com 32 anos que estava levando Malu, sua filha de 13, para aproveitar um pouco do Festival. “O programa é ótimo tanto para mim quanto para ela. Sem falar que está rolando toda aquela onda do universo. É ótimo poder apreciar o que o Planetário tem a oferecer fora da programação original”, comenta. Para Joana Carvalho, formada em Relações Internacionais já aos 24 anos, a chance de voltar ao local normalmente visitado durante a infância também foi um diferencial: “Eu vi na internet que estava rolando o Multiplicidade e, como moro aqui perto, resolvi visitar. Até porque já não vinha aqui há algum tempo. Achei incrível usar o Planetário para uma exposição de arte contemporânea. A Cúpula, por sinal, está incrível!”.
Fotos: Eduardo Magalhães | I Hate Flash | Divulgação
Acostumada a mostrar outros universos por meio de estrelas artificiais, a Cúpula Carl Sagan do Planetário continuou transportando o público para outras dimensões durante o Festival Multiplicidade, mas não através de astros solares. No line-up, performances do canadense Herman Kolgen e dos coletivos brasileiros azOia (Jodele Larcher e Guigga Tomaz) e United VJs (VJ Spetto, Pedro Zaz e Roger S.). E, olha, precisamos bater palmas para essa galera que soube unir arte contemporânea com projetos multimídia tão bacanas. Imaginem seu campo de visão completamente tomado por um caleidoscópio mutante de cores e formas gráficas. Agora adicione a isso uma trilha eletrônica como plano de fundo. O resultado é aquele tipo de conceito pregado pelo Daft Punk no final dos anos 1990, com a interseção entre homem e máquina. Só que, neste caso, é o tecnológico despertando sentimentos no orgânico, de uma maneira incrivelmente real.
Sexta, sábado e domingo foram dias para os cariocas aproveitarem uma programação ainda mais ampla e contagiante que tomou conta de todos os espaços da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com direito a projeções até nas árvores do espaço, em uma maratona que durou das 10h da manhã até as 03h do dia seguinte. Claro, os cariocas que foram apenas para o badalo à beira da piscina deram com os burros n’água – e não foi na do Parque. Sim, a casa lotou de gente interessante – vimos desde os grafiteiros Os Gêmeos aos atores Fábio Audi com Jesuíta Barbosa – e quem chegou apenas para ver os adeptos do nudismo dando tchibum ficou de fora. Ponto extra para quem passou por lá desde cedo e pôde conferir todas as ocupações. Abaixo, você vê algumas delas nas galerias de fotos, enquanto nós ficamos aqui já ansiosos pela edição 2015 do Multiplicidades.
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