*Por Brunna Condini
“Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além”. A frase do poeta Paulo Leminski nos inspira a respeitar o que há de genuíno em nós: a essência. E o ator e humorista Pedroca Monteiro entende que isso é algo construído desde cedo, tanto que faz questão de dar sua contribuição sobre o tema e acaba de lançar o livro infantil interativo ‘Ser O Que Se É‘, com ilustrações de Daniel Kondo, exaltando a identidade de cada um, o respeito às diferenças e a beleza que há na diversidade de sentimentos, pensamentos e maneiras de estar no mundo. “Escrevi um livro que eu gostaria de ter lido na infância”. E faz questão de esclarecer: “É importante dizer que não falamos sobre sexualidade, e sim sobre a liberdade de ser quem se é genuinamente, sem rótulos. Quando falo de diversidade, falo das infinitas possibilidades de talentos, gostos, sonhos, habilidades e maneiras de se estar no mundo. Se a gente consegue entender que somos livres, então podemos nos permitir viver o que precisamos viver sem medo e também olhar para a vida do outro sem julgamentos. Gostaria de ter sido mais livre e mais cuidadoso e generoso comigo mesmo nas minhas descobertas. O preconceito existe e é por isso que precisamos ainda e sempre falar sobre liberdade”, diz Pedroca, que é casado com o ator Michel Blois. E avisa aos conservadores de plantão, que possam achar que a obra fala sobre a tal “ideologia de gênero”, imaginada por eles: “Comprem o livro, leiam e tirem sua própria conclusão. O livro é lindo”.
Recentemente Pedroca esteve em ‘Quanto mais vida melhor‘, na Globo, e avisa: “Amei fazer novela, porque teve muito afeto no processo todo. Amo elenco grande, a convivência diária, a quantidade de gente maravilhosa e talentosa envolvida é incrível. Um lindo trabalho de equipe. Já estou pronto para outra!”. Ele também está no retorno da série “Cilada“, de Bruno Mazzeo, da Globoplay, e em ‘Sem Filtro’, da Netflix. “Em ‘Cilada‘ faço mais de 20 personagens em todos os episódios. Desde Jesus até Robin fazendo dupla com Mazzeo e Débora Lamm. Um convite lindo que o Bruno me fez. Um trabalho delicioso! E em ‘Sem filtro” faço um personagem carismático, divertido e vilanesco em dois episódios. Está tudo muito bonito”.
Aos 39 anos, Pedroca celebra o relacionamento com Michel, que já tem mais de uma década. “Nos conhecemos no teatro. Tínhamos uma companhia de teatro juntos e éramos amigos. Eu me apaixonei e fomos estreitando essa relação. Um processo enorme que dura quase 15 anos. Fomos construindo o nosso amor aos poucos e temos uma relação muito forte e cada vez mais madura. Me apaixono por ele toda hora porque ele é lindo, generoso, talentoso e melhora muito minha vida”, declara-se o ator, e reafirma o desejo de ter filhos com o amado. “Pensamos nisso o tempo todo. Temos muitos sobrinhos que suprem esse lado e nos dão muito amor, mas a gente têm muita vontade de criar esse vínculo paterno. Achamos a adoção um lindo caminho e nos próximos anos devemos concretizar esse desejo”, revela.
O artista fala ainda sobre como imagina a criação do filho do casal e sonha no mundo para recebê-lo: “Quero que ele se sinta amado e seguro para viver a vida com o máximo de liberdade. Gostaria de não criar expectativas e cobranças, e que o mundo não tenha lugar para gente de alma pequena e preconceituosa”.
Atualmente no elenco da décima temporada da série de humor ‘Vai que Cola’, ele comenta sobre a ideia da publicação, criada em dois anos de trabalho. “O Daniel Kondo me convidou para escrever sobre diversidade para crianças. Eu queria falar sobre esse tema de um jeito poético e leve e acabei escrevendo um mini manifesto sobre liberdade, respeito, amizade e interesse pelo que é diferente da gente. A mensagem principal do livro é mostrar o quanto o universo do outro pode enriquecer a nossa vida, e o quanto podemos nos abrir para todas as possibilidades”, frisa.
E opina sobre a dificuldade que algumas pessoas têm de respeitar a identidade, o desejo do outro, o ‘ser o que se é’ alheio: “Acho que muitos têm dificuldade de olhar para a própria vida profundamente. A liberdade do outro as vezes é uma ameaça para quem tenta tanto se enquadrar em algum padrão. E o padrão é aprisionador e limitante em todos os sentidos”.
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