Paula Klein: dona de uma energia vibrante, ela tem toda a intensidade refletida no seu trabalho
“Eu sou arte, como arte e respiro arte”. A frase pode ser dita mil vezes, tal qual um mantra, mas não há como sentir outro pulsar quando a gente conversa com Paula Klien sobre o que mais ama fazer na vida. E quem a conhece sabe da intensidade e paixão de cada obra de arte que ela cria. Feche os olhos um segundo e imagine: uma mega tela em branco, várias pinceladas de nanquim ou pigmentos azuis e… Paula jogando água, muita água… O resultado são formas únicas, simplesmente incríveis, que conquistaram o mercado de arte mundial.
No ano em que comemora sua 10ª edição, a ArtRio reforça seu propósito em desenvolver um trabalho focado na valorização da arte brasileira e latino-americana. Como 2020 tem sido de muitos desafios e novos cenários por conta da Covid-19, a feira apresenta uma dupla experiência: o evento presencial, que vai até domingo, dia 18, na Marina da Glória, e também uma edição online, em plataforma especial, com agenda até o dia 25 de outubro. Paula Klien participa com três obras de arte junto à Galeria Bianca Boeckel.
A artista recebe os amigos na ArtRio seguindo todos os protocolos de segurança
E por falar em galerias, elas ocupam o pavilhão principal seguindo todos os protocolos de segurança indicados pelos órgãos competentes, incluindo a exigência do uso de máscara, a disponibilização de álcool gel e o distanciamento social. O número de visitantes também é limitado, com indicação de horário de entrada e tempo de permanência. Na esplanada da Marina da Glória também está o Pavilhão ArtRio 2020. Nessa estrutura modular colorida e arejada é exibida a mostra de videoarte Mira. A ArtRio online tem, além das galerias que estão na feira presencial, outras galerias e instituições.
E vamos falar sobre as duas pinturas e a fotografia que Paula Klien escolheu para esta exposição. “Caminho” é uma tela que integrou a exposição “Fluvius“, de 2019, e Paula ressalta que a água é a protagonista do trabalho. Em suas pesquisas, ela mergulhou na cultura oriental milenar e no taoismo, tradição filosófica e religiosa originária do Leste Asiático que enfatiza a vida em harmonia com o Tao. O termo chinês “Tao” significa “caminho”, “via” ou “princípio”. “Caminho tem uma procura espiritual em um contexto de silêncio, espiritualidade, uma descoberta do próprio eu”, pontua a artista.
“Caminho”: espiritualidade, transcendência, silêncio e entrega
“Fluvius” foi um sucesso e atraiu ao Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, artistas, galeristas, colecionadores, museólogos, curadores e críticos de arte, como Vanda Klabin, Fabio Szwarcwald, Heitor Reis, Lula Buarque de Holanda, Cabelo… Entre os mais de 50 trabalhos recentes da artista, além dos de nanquim, integravam a mostra papéis, digigrafias, duas instalações com raízes e um vídeo performance em que a artista pinta dentro de um rio e que, segundo ela, que, segundo ela, serviam “para proteger o rio das erosões e segurar a terra, evitando que o rio seja soterrado, deixando a água fluir”.
Paula e sua arte em conexão com a natureza
Representada em Berlim e em quatro estados brasileiros, Paula Klien já teve diversos de seus trabalhos expostos no Brasil e no exterior. De acordo com curador Marcus Lontra, “a obra de Paula Klien é extremamente complexa em seu processo construtivo, onde acaso e intencionalidade criam um tenso e sensível diálogo. São paisagens poéticas que surpreendem pela ousadia, pela criatividade e pela capacidade da artista de dominar com precisão os seus meios técnicos, os seus meios expressivos, a sua própria linguagem”. Segundo Denise Mattar, “mais do que a presença material da tinta em sua pintura, o que está em curso é a intimidade imersiva da artista, revelando a verdade universal de cada homem consigo mesmo”. E à época do lançamento de “Fluvius“, ela ressaltou que, “simbioticamente unidas, águas e raízes refletem bem esse momento do trabalho de Paula Klien, instável, sutil e delicado, mas também denso, intenso e profundo. São as águas mansas de um rio turbulento”.
A artista plástica afirma que acrescentou cor a uma das obras selecionadas para a ArtRio e que será apresentada em uma parede de 3,60 metros. A tela “Banho” tem uma importância afetiva gigantesca para ela. Com 1.50 x 2.1o, Paula utilizou pigmento azul sobre tela. “A inspiração foram os olhos azuis mais lindos e puros de uma pessoa que conheci na minha vida. Um banho de sabedoria, beleza… um banho de amor”, frisa.
A obra “Banho” e a lembrança dos mais lindos olhos azuis
Agora vamos à fotografia em exposição. É batizada “Quase gente” e integrou um editorial de moda, realizado em 2012, assinado por Paula e com a sua chancela, além das fotos, em todas as etapas do processo. No moodboard, a artista organizou e traduziu visualmente sua ideia, definiu o estilo e criou o foco do trabalho. Desde a escolha da locação, uma fábrica de manequins articulados para vitrines, na qual ela enfatizou o processo de criação e confecção, até o styling, a escolha da modelo, Drielle Valeretto e a beleza. “O mais prazeroso é observar a interpretação e o sentimento despertado nas pessoas”, pontua.
“Quase gente”, foto do editorial que teve como cenário uma fábrica de manequins
E como tem sido esse 2020 para Paula? Atualmente, ela se prepara para participar da SP-Foto junto à Galeria Zilda Fraletti com uma seleção de digigrafias, processo contemporâneo de gravação de imagens por meios digitais. A artista plástica participou no mês passado, em São Paulo, de duas mostras simultâneas: SP-Arte Viewing Room e o projeto “Arte da lembrança”, coletiva da Bianca Boeckel Galeria. Teve ainda na agenda palestra e debate sobre processo criativo com o psicanalista Jorge Forbes na Saint Paul Escola de Business. Fez parte também do projeto expositivo online Artsoul e de uma coletiva na galeria que a representa em Berlim.
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