*Por João Ker
O hábito milenar da leitura sempre foi porta e janela para a descoberta de novos mundos, sensações, histórias e pessoas que transcendem o lugar-comum vivido pelo leitor. Como já dizia um velho ditado chinês: “Ler um livro pela primeira vez é conhecer um novo amigo. Ler um livro pela segunda vez é encontrar um velho amigo”. Com a nova exposição pluri-expressiva de Paula Parisot, “PARTIR”, que chega ao Parque Lage nesta sexta-feira (11/07), o público poderá conhecer esse livro-amigo da forma mais aprofundada que as experiências humanas permitem.
“PARTIR” é o nome do romance lançado por Paula em 2013, no qual um homem sai em jornada do Rio ao Alasca em uma trajetória repleta de experiências que desencadeiam autoconhecimento e reflexões. Nos jardins e piscina do Parque Lage, a história toma vida, formas e proporções que não cabem no papel. Primeiro, há uma galeria de desenhos e pinturas que a escritora e artista fez durante o processo de criação do livro, usando carvão, nanquim e grafite: “Penso que o desenho é outra maneira de pensar. O que se desenha não se escreve e o que se escreve não se desenha. Desenho o que não posso ou não sei escrever”, comenta a artista, reforçando a ideia que a obra passa de uma total submersão tanto dela quanto do público.
Há também “PARTIR, O OBJETO”: uma série de fotografias que retratam a performance executada por Paula em dezembro de 2013, enquanto realizava o lançamento do livro em Guadalajara, no México. Durante o ato, a artista arrancou folhas da edição mexicana do livro e as colou sobre um porco morto e eviscerado que, de acordo com ela, é o animal mais próximo do homem que existe: “O ser humano é um ser finito, que morre, enquanto o livro, ainda que se transforme com o tempo, que seu papel envelheça, amarele, mofe, permanece com seu texto impresso”, justifica.
Além disso, há uma videoperformance gravada em 2013, chamado “O SIGNIFICADO DE PARTIR”, no qual Paula, de maneira espontânea e sem ensaios, relatou por oito horas seguidas a história presente no livro da maneira com que ela vinha à sua cabeça. O registro foi editado para três vídeos de 15 minutos que poderão ser conferidos durante a exposição no Parque Lage. A artista explica: “Quando fiz essa performance descobri que havia algo de autodestrutivo na proposta de contar por horas consecutivas algo que passei três anos e meio escrevendo, aperfeiçoando frases e escolhendo palavras”.
No topo de todas essas inserções artísticas, há uma exibição feita ao vivo pela própria Paula durante os dias 18, 19 e 20 na piscina do Parque Lage. Denominada como “PARTIR, O CONTEÚDO”, nela a artista ficará isolada e parcialmente submersa no meio da piscina enquanto usa um vestido que se assemelha a um casulo, editando incessantemente seus escritos sobre o livro. As palavras da mãe da arte performática, Marina Abramovic, definem o exato trabalho da performer: “Para encontrar novas formas de expressão, Paula corajosamente cruzou as fronteiras entre a arte de escrever e a arte da performance”.
Parque Lage
Rua Jardim Botânico, 414. Jardim Botânico – RJ.
(21) 3257.1800 / 21 3257.1800
2ª a 5ª feira – 9h às 19h
6ª feira, sábado e domingo – 9h às 17h
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