Nem tudo está ligado somente a tal era digital. Cicero Pedrosa convida artistas urbanos para transformar cadernetas em objetos de desejo


Bruna Yonashiro, Eva Uviedo, Marcella Tamayo, Camila do Rosário, Paula Jardim e Panmela Castro são as artistas convidadas da segunda edição da Sketch Collection

* Por Nayanne Louise

Há quem diga que com a praticidade dos celulares atualmente ninguém precisa mais de papel e caneta. Mas, também existem aqueles que defendem uma corrente nostálgica e primam pela importância de ter seus lembretes anotadinhos em agendas, cadernetas e blocos para manter a organização e os compromissos em dia. Especializada em dar mais charme ao dia-a-dia,  a Cicero Papelaria vem ganhando cada vez mais o mercado brazuca e a companhia de clientes descolados, com produtos que agradam todos os estilos, desde os modelos clássicos de cadernetas até as edições limitadas e exclusivíssimas de exemplares personalizados com colaborações de grandes artistas.

Em 2012, o empresário Cicero Pedrosa resolveu exercitar sua verve de olheiro e “garimpeiro” de boas sementes e apostou pela primeira vez em um trabalho colaborativo com ilustradores, grafiteiros e artistas plásticos para desenvolver a primeira Sketch Collection, uma linha com seis artistas urbanos: Mathiole, Bokel, Mack, Danilo, Whip e Duda – o que, sem dúvidas, resultou em um belo trabalho e mais um diferencial para os negócios. Mas, em seguida, o idealizador percebeu que havia esquecido algo: “Faltou um toque feminino neste time de sucesso”, nos contou. Por isso, em 2014, Cicero começou o ano pondo a mão na massa e resolveu dedicar uma coleção inteirinha à criatividade feminina de artistas brasileiras.

Depois de vasculhar todos os cantos do Brasil e da internet, os nomes escolhidos foram das mais variadas áreas artísticas: Bruna Yonashiro é tatuadora; Bruna Yonashiro, Marcella Tamayo e Camila do Rosario, ilustradoras; Paula Jardim é ilustradora e designer de superfície e Pamela Castro – eleita pela Newsweek como uma das mulheres com coragem e vontade para mudar o mundo – é grafiteira.

Nesta coleção, as moças talentosas se expressaram através de sketches, cada uma com seu estilo e técnica favorita – que vão desde as tradicionais aquarelas ao grafite, passando por canetas a nanquim e até café! O resultado, nós conferimos esta semana, com cadernetas estilosas da linha Sketch Collection, que já está à venda nas principais papelarias e livrarias.

Antes do lançamento, aproveitamos alguns minutos da agenda lotada de Cicero Pedrosa para bater um papo sobre a iniciativa de apostar no trabalho de novos talentos, de que forma ele encontra essas “pérolas” e se ele espera inspirar outros empresários a ir além do óbvio e revolucionar o perfil de sua marca. Confira!

HT: Por que você decidiu apostar em novos artistas? 

CP: A arte precisa de um local específico para surgir, não tem sexo e nem idade. Existe muito talento por aí e, se o trabalho é bom, merece ser exposto, independente do nome, do status social, da nacionalidade. O artista que “acerta”, que tem talento, merece ganhar destaque e a Cicero Papelaria quer dar visibilidade para esta gente. A concorrência é forte. Pra nós é um prazer fazer parte da história de novos artistas e poder compartilhar a arte deles com quem aprecia.

HT: Como descobriu o trabalho dessas artistas que participaram da Sketch Collection?

CP: O interessante dessa coleção é que desejamos homenagear as mulheres. Há quase dois anos fizemos uma dedicada aos artistas homens, mas nada intencional. Acabei não percebendo que não havia nenhuma presença feminina no grupo. No dia que lançamos, uma amiga veio falar “como pode você fazer isso com seis artistas e não ter nenhuma mulher?”. Me senti culpado pela gafe. Quando começamos a idealizar uma nova coleção, decidi que faríamos apenas com mulheres. Garimpamos muito, procuramos em todos os lugares, mídias sociais, amigos, revistas, livros, televisão, qualquer lugar que pudéssemos encontrar um belo traço, nós vasculhamos. Depois de muita procura e reunião com a equipe de criação da nossa empresa, chegamos a esse grupo apresentado atualmente.

 HT: Garimpar novos talentos pelo mundo é uma prática comum na sua visão de empresário?  

CP: Claro! O tempo todo! A arte e a cultura fazem parte do nosso dia-a-dia. É muito importante para a sociedade.

HT: O que mais o comove na arte: uma boa história ou um talento?

CP: A história, pois o artista é o maior contador de histórias. Mas as duas coisas podem se misturar. O trabalho de um artista é a visão dele do mundo, a maneira encontrada por ele para contar ao mundo a sua história.

 HT: Acredita que sua verve como olheiro de novos talentos possa inspirar outros empresários? 

CP: Ah, verdadeiramente espero que sim, porque a arte precisa desse apoio – é fundamental! As empresas precisam unir a arte aos seus negócios. Agregar arte a sua empresa é agregar um valor imensurável à marca da empresa. Coisa simples de dizer, mas de suma importância.

Este slideshow necessita de JavaScript.